Capítulo 35 :

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Arthur: Estou. Com muito prazer.

Gil: Bom, nós vamos subir — beijou a mãozinha de Maria Clara — Melhoras para você, pequena Rainha.

Maria Clara: Obrigada tio Gil — agradeceu dando um sorriso com a boca suja de chocolate. Peguei um guardanapo e limpei o cantinho de seus lábios. Ela não reclamou.

Gil: Tio não, tia — ele gargalhou e Maria Clara ficou olhando confusa enquanto subiam após se despedir.

Maria Clara: Por que tia se ele é um menino? — olhou para mim de modo meigo e confuso. Apenas sorri para ela começando finalmente a comer minha torta.

Arthur: Porque existem meninos que gostam de meninos, assim como também existem meninas que gostam de meninas. Gil é um desses — expliquei de modo rápido, evitando qualquer duvida.

Maria Clara: Verdade? — Ela parou de comer e abaixou o garfo — Nossa!

Arthur: Mas você é muito pequena pra ficar pensando nisso Clara — ela assentiu.

Maria Clara: Aham... — quando me dei conta, estava novamente com o rosto todo lambuzado de calda de chocolate —,Arthú estou com sede... — Ela me olhou com os olhinhos brilhando.

Arthur: Ok. Fica aqui que vou pegar um refrigerante... — quando ia me levantar, ela me travou.

Maria Clara: Não gosto de refringente. Pode ser água?

Arthur: É claro que pode... Já volto.

Fui até o balcão e comprei uma água para ela e ainda umas balinhas. Era bom poder gastar o meu dinheiro que só servia para porcaria com alguém que realmente valesse apena. Voltei para a mesa e quando cheguei lá à torta dela havia sumido.

Arthur: Sua água... —,estendi para ela que sorriu.

Maria Clara: Obrigada! Olha aqui — me estendeu um papel que tirou do bolso da jaqueta lilás que usava — É pra você! Fui eu quem fez...

Fiquei um tempinho olhando aquele sulfite dobrado em sua mãozinha. Foi uma das sensações mais estranhadas de minha vida, porque fiquei absolutamente emocionado com esse gesto infantil de Maria Clara. Peguei o papel e abri, enquanto meio envergonhada, ela pegou a garrafa de água que lhe dei aberta e começou a tomar. Desenrolei o papel e vi o desenho. Havia um sol bem grande e amarelo na parte superior da folha branca e embaixo estava escrito o meu nome com tinta guaxe; meio tremido, borrado, mas era meu nome. Havia algo que parecia ser o mar; era um azul misturado com branco e tinha peixinhos.

Arthur: Olha que desenho mais bonito — comentei olhando todos os pequenos detalhes.

Maria Clara: É o lago — apoiou a cabeça nas mãozinhas me olhando meigamente — Aquele que agente vai jogar pedrinhas.

Arthur: Oh! É claro que é lago... — olhei para ela novamente, quase hipnotizado por seus olhinhos inocentes — Está muito lindo, melhor amiga. Amei mesmo. Obrigado!

Maria Clara: O Pedro já te deu desenhos também? — fiquei surpreso com a pergunta e sorri.

Arthur: Já — me aproximei dela — Mas o seu é mais bonito do que todos eles.

Maria Clara: É? Eu posso ajuda-lo a desenhar um dia...

Arthur: Quando tirar esse gesso da perna eu prometo que te levo na casa dele para brincar. Ok? — fiquei de pé.

Maria Clara: Promete mesmo?

Arthur: Sim — pisquei — Quer mais alguma coisa? — ela negou — Tem certeza? — assentiu — Otimo! Vamos subir então porque a sua mãe deve estar te esperando...

CARLA

Carla: O que?

Maria Clara: Por favor, mamãe! Rapidinho!

Fiquei um tempo em choque olhando do rostinho de um pro outro. Arthur estava parado segurando a mão de Maria Clara , que sustentava a muleta com o outro braço. Ele parecia não entender bem o pedido dela, mas não fazia nenhum gesto de quem pretendia fazer objeção.

Carla: Mas Maria... O Arthur deve estar ocupado — revirei a mente atrás de alguma desculpa para não atender ao pedido dela, que implicava em irmos à casa dele.

Arthur: Não, pelo contrário — sorriu para mim de um jeito provocante — Não tenho nada para fazer hoje à noite.

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O Secretário. Where stories live. Discover now