Capítulo 81 :

935 86 42
                                    


CARLA

No elevador, após ficarmos a sós, entrelacei meus dedos com os de Arthur e beijei seu rosto. Ele sorriu de canto um tanto calmo, mas pensativo demais para meu gosto. O beijei novamente e nada.

Carla: Está tudo bem? — questionei após ouvirmos o click da porta se abrindo e ele me deixar sair na frente.

Arthur: Claro. — respondeu monótono.

Carla: Bem mesmo? — começamos a caminhar até meu carro um tanto apressadamente para que não percebessem que viemos em um único veículo — Hein meu chato insuportável, preferido?

Arthur: Só estou um pouco cansado, chata e boba preferida... — percebi logo que sua resposta se devia ao fato de saber que eu não pararia de encher seu saco se não me desse uma resposta convincente — Minha chefe é uma carrasca. Aquela bruxa... — abriu a porta do motorista pra mim e entrei.

Carla: Apenas isso ou não quer me preocupar? Ficou a semana toda quieto, sem me encher muito o saco... — sentou-se no banco do passageiro, colocou o cinto e passei a dirigir — Já enjoou de mim?

Arthur: Sabe que já? — olhei para ele rapidamente pensando que era sério, mas não... Vi um sorriso irônico em seu rosto. Esticou a mão e tocou minha perna levemente — Como posso enjoar da única coisa boa da minha vida?

Carla: Por um minuto eu quase acreditei... — suspirei e sorri também, dirigindo — Mas vai ser compreensível se você enjoar de mim. Sou muito chata. Para me aturar tem que ter uma paciência divina...

Arthur: Eu amo sua chatice, seus gritos, suas frescuras... Não vou enjoar nunca de você. — percebi, com a visão periférica, que ele havia abaixado a cabeça enquanto falava, talvez um tanto tristinho. Suspirei longamente, pois era nítido que algo estava realmente acontecendo.

Carla: Olha Arthur, eu sei que tem alguma coisa acontecendo... Mas não vou fazer showzinho pra que me conte. Tudo bem. Se você acha que deve ser apenas seu, quando estiver pronto compartilhe comigo... — dei de ombros na tentativa frustrada de ser compreensiva. No fundo estava gritando me conte! Me conte! Mas me controlei.

Arthur: Obrigado pela compreensão. — voltou a tocar minha perna num gesto carinhoso. Sorri, me sentindo super vitoriosa. Pelo menos poupei a discussão — Está me levando para casa?

Carla: Mas é claro... Para onde mais?

Arthur: Quero ver a Maria... — respondeu quase eufórico, contente, de repente ficando alegre — Vou pra sua casa, depois me viro.

Carla: Ah, que bom... Assim Maria para de concentrar toda a felicidade dela com o aniversário apenas em mim. — fiquei contente por sua decisão e desviei o caminho — Sua mãe está sendo um anjo em me ajudar com tudo. Quase nem vejo os preparativos para a festa... Graças a Deus.

Arthur: Ela está adorando...

Carla: Meu Deus! Meu bebê já vai fazer sete anos... Sabe como isso é trágico? Ontem eu trocava as fraldas sujas, hoje faço festinha para muitos amiguinhos e amanhã vai ser o primeiro namorado... — suspirei — Que lindo.

Arthur: Que exagero! — me olhou um pouco bravo, torcendo a expressão —!Ela ainda é uma criança, vai demorar muito pra essa fase chegar.

Carla: Vai dar uma de pai ciumento agora? — ironizei e ele deu de ombros — Mas Maria Clara nem pensa nessas coisas. A única motivação dela para nos perturbar até agora você sabe qual é...

Arthur: O irmãozinho, é claro. —'sorriu sem muito humor e encarou meu rosto fixamente. Não olhei de volta, pois estava dirigindo — Às vezes penso que isso não seria uma má ideia.

Carla: Eu já disse não. — ele gargalhou um pouco e se aproximou para beijar meu rosto brevemente.

O resto foi bem previsível... Fiquei sobrando enquanto Maria Clara e Arthur jogavam vídeo game na sala. Li um livro observando o comportamento dos dois e não me conformando de como eram parecidos.

Comentem

O Secretário. Where stories live. Discover now