Capítulo 137 :

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Dentro do envelope existiam dois papéis. Um era um tipo de recibo e o outro uma carta curta. Fui direito para a carta, ignorando ler o recibo.

Carla,
É com muita felicidade que hoje posso te dizer que me sinto verdadeiramente um pai de família, um homem completo como não me senti nem mesmo após nosso casamento. O motivo? Finalmente quitei a dívida eterna que mantive com o destino... Paguei tudo o que devia por ter hoje, graças a ele, as coisas mais importantes da minha história: minha mulher e minhas lindas meninas. Agora sim posso me orgulhar de mim e de minha atitude, pois fui fiel ao que te prometi em cada segundo... "Serei o melhor pai do mundo pros nossos filhos e serei o homem mais fiel e compreensivo pra você".

O destino nos uniu, nos deu a graça de possuir dois laços eternos, porém, de te fazer feliz, de ser o melhor homem para você, me encarrego sozinho. Te amo minha Rainha, você é a coisa mais maravilhosa do mundo, a estrela que mais brilha no meu céu, chuchu. Nunca vou me cansar de agradecer por ter você ao meu lado a cada momento dessa jornada, por ser a mulher mais forte e guerreira como mãe das minhas filhas.

Obrigado por ser... Você.
Obrigado por me perdoar.
Espero que algum dia tenha tanto orgulho de mim quanto tenho de você.
De seu marido,
Arthur.

Thaís: senhora Picoli? — bateu a porta levemente e entrou.

Abaixei a carta com os olhos cheios de lágrimas. O recibo agora estava em minhas mãos. Era feito pelo doutor Brawn na quantia de cem mil reais.
Oh meu Deus!

Carla: Sim... ? — falei quase sem voz.

Thaís: Está tudo bem? — questionou ao ver lágrimas descendo pelo meu rosto.

Carla: Claro Thaís. O que há? — passei a mão sobre os olhos e respirei fundo com a surpresa que me consumia. Limpei as lágrimas com pressa.

Thaís: A reunião... Já estão todos lá lhe esperando senhora — de repente um estalo. Mesmo consumida pelo misto de sentimentos e emoções mais loucas, fiquei de pé e coloquei a sapatilha.

Carla: Estou indo Thaís. Estou indo — afirmei pegando os papéis e largando a carta sobre a mesa de Arthur.

Meu Deus! Não havia o que pensar, eu apenas queria chorar! Como ele podia fazer isso comigo? Como tinha essa habilidade de me surpreender a cada segundo mais?
Segui para a reunião tentando me controlar, com um sorriso tão grande que não podia esconder. Eles se calaram quando me viram. Entrei e me postei a frente nervosa.

Carla: Bom dia senhores... Podemos começar

Fiquei de pé ouvindo o que todos tinham a dizer sobre a coleção, mas só podia pensar em meu marido! Tomara que chegasse só depois da reunião, porque se antes o fizesse, seria obrigada a largar todo mundo e ir beijá-lo até o mundo acabar. De repente, parei de andar de um lado pro outro e senti como se estivesse fazendo xixi novamente.

Thaís: Senhora? — todos pararam de falar e me olharam pasmos.

Alguns até colocaram os óculos para ver se enxergavam direito! Havia água em meio às minhas pernas, parecia uma mistura de muco com sangue. Então senti as contrações como uma avalanche! A dor nas costas de novo.

Carla: Certo... Isso não é bom — falei apoiando-me na mesa — Não é?

Gustavo: Não é bom mesmo... — silêncio mortal.

O que eu faria? Obviamente estava em trabalho de parto, tanto que tive que me apoiar para ficar em pé. A dor era horrível parecia que a bebê estava se movendo para baixo. Pedir ajuda a eles? Aos funcionários que tratei como lixo durante todos esses anos? Duvidava que fossem me dar atenção, nem sequer se moviam nem falavam!

Carla: É... Trabalho de parto — suspirei com a dor. Tinha que ser bem em meio à reunião? — Bem que a doutora disse que não poderia haver emoções fortes — logo pensei na carta.

Thaís: Ai meu Deus — comentou olhando para Beto e Gustavo, que nem se moviam.

Carla: Alguém pode... Emprestar-me um celular — puxei a cadeira e me sentei — Preciso ligar para a emergência, minha filha está nascendo! Algo me diz que vai ser logo! — sussurrei.

Carla: O que? Emergência? A Gente te leva! —  Quando disse isso todos ficaram em pé no mesmo momento.

Surpreendi-me, porque em cinco segundos Thaís estava dando instruções para Gustavo e Beto, dizendo como deveriam me ajudar a andar até o carro enquanto ela mesma ia buscar meus documentos. Jane, uma das secretárias mais antigas, prontificou-se a localizar Arthur enquanto me seguia para o carro, sendo amparada pelos dois fortões. Gilberto surtava ao meu lado... Eu mal podia crer nessa atitude!

Thaís: Vai ficar tudo bem senhora Picoli — sentou-se ao meu lado no banco de trás. Gustavo dirigia, Gil estava com Beto e Jane no outro carro.

Carla: Pode me chamar de Carla agora, Thaís — falei com uma das mãos pousada sobre a barriga. A dor apenas aumentava.

Gustavo: Para que hospital te levamos, senhora Picoli ? — questionou dirigindo como um vulcão.

Carla: Para a maternidade da Barra — expliquei em meio ao exercício de respiração, já sentindo a testa toda suada! — Porque está acontecendo tão rápido? Com Maria Clara também entrei em trabalho de parto, apesar de ter sido cesariana, e demorou muito!

Thaís: Isso varia de criança para criança senhora... Quero dizer, Carla — sorriu um pouco e peguei em sua mão. Apertei bastante — Caramba, está doendo mesmo!

Carla: Não imagina o quanto... Já vem desde manhã as contrações. E pior... Arthur está sem celular!

Thaís: A Jane o acha — comentou pegando um lencinho em sua bolsa e secando o suor de minha testa — Fica calma Carla, vai dar tudo certo.

Gustavo: É... Logo a sua filhinha nasce. Vai ficar tudo bem — apesar de tentarem me acalmar, não estava funcionando muito.

Eu me sentia um lixo por ter tratado tão mal quem na hora do aperto estava me amparando.

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O Secretário. Where stories live. Discover now