Capítulo 54 :

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Após ajudar minha mãe a colocar as crianças na cama, fomos para o nosso quarto finalmente. Thaís nos mostrou o dormitório, que era um pouco pequeno, mas adequado para apenas um final de semana. Havia uma cama de casal simples com um colchão alto, um pequeno armário, uma estante cheia de livros e um banheiro.

Arthur: Ficamos com a suíte? — Perguntei rindo. Carla parecia absorta vendo o mosqueteiro que envolvia a cama toda.

Thaís: Pois é! — também sorriu — Esse quarto era dos meus pais quando passávamos os verões aqui antes deles morrerem. Amavam esse quarto, essa cama, principalmente o mosqueteiro! — apontou Carla, que estava parada ainda olhando o mesmo detalhe. As duas tinham expressões longínquas — Foi o único quarto que ninguém quis ficar, e vocês pegaram porque foram os últimos a dar certeza que viriam... — Usou tom de desculpa.

Arthur: Tudo bem Thaís, está ótimo... — agradeci não vendo reação da parte de Carla — Obrigado!

Carla: Do que seus pais morreram? — perguntou de repente, curiosa.

Thaís: Oh! Meu pai morreu primeiro de ataque cardíaco e minha mãe meses depois da mesma coisa... Acho que um viver sem o outro foi impossível, por isso deixaram para morrer quase juntos — comentou com um tom receptivo — Fico feliz por estarem juntos.

Carla: Uau... Que lindo — me olhou em seguida.

Thaís: Gente, vou indo. Qualquer coisa é só chamar! Boa noite aos dois. —  Assim que respondemos boa noite em coro, ela saiu.

Ficamos do mesmo jeito uns três minutos, até Carla se sentar na beira da cama e me encarar séria. Suspirou e tirou o tênis, jogando-os pesadamente no chão. Tirei o sapato também e o casaco. Um clima diferente estava entre nós, como se fossemos um casal antigo.

Carla: Eu fico no chão e você na cama — disse ao ficar de pé e tirar meu outro casaco de seu corpo, evidenciando seu vestido branco, molhado e transparente. Não se importou muito, pois estava usando roupa de baixo — Dirigiu até aqui e deve estar mais cansado do que eu. Amanhã trocamos.

Arthur: Nada disso! Não posso deixar uma mulher dormir no chão enquanto durmo na cama... — comecei a desabotoar minha camisa aos poucos, focado nos botões enquanto conversávamos — Isso não.

Carla: Deixa de ser machista... Comigo isso não impressiona — mexeu no cabelo e quando tirei minha camisa caminhou até a mala. Abaixou-se e começou a pegar algo em sua bagagem.

Arthur: Não estou sendo machista, apenas me preocupo com você  — fui sincero — Não quero que durma no chão.

Carla: Então o que sugere? — ficou de pé parada à minha frente com uma troca de roupa em mãos e uma toalha.

Arthur: Dorme na cama comigo — respondi sutilmente, olhando-a da forma mais sincera que consegui. A chuva ainda estava forte, seu rosto iluminado me dava a sensação mais desesperadora do mundo... Estar no quarto com alguém que quero e não poder fazer nada por respeito.

Carla: Ok. — Ela não pensou muito antes de responder.

CARLA

Brigamos pelo chuveiro uns dez minutos, até eu o deixar tomar banho primeiro porque estava mais molhado do que eu. Fiquei sentada na cama irritada, vendo a forma certinha como organizou a roupa para pôr após sair do banheiro. Havia apenas uma bermuda e uma camisa branca de mangas, que cheirava muito bem. Tive que me abaixar para sentir aquele perfume másculo invadindo meu olfato, até ouvir a porta sendo destrancada.

Arthur: Carla ? — fingir por dois segundos que estava deitada e me levantei. Com certeza ele pode ver toda minha calcinha neste ato — Terminei.

Carla: Até que enfim! — pulei da cama e caminhei até o banheiro, mas me travei quando percebi que estava meio molhado e com uma toalha enrolada na cintura — Sabia que tem mulher no quarto? Ficar seminu na minha frente é totalmente desnecessário...

Arthur: Desculpa... Não precisa olhar então — suspirei e passei por ele entrando no banheiro.

Percebi que a porta não tinha tranca, mas sabia que Arthur não seria idiota de entrar lá. Tomei meu banho rapidamente, colocando em seguida meu pijama, o único que tinha na mala. Ao me observar com aquele short minúsculo e aquela blusinha apertadinha corei apenas de imaginar-me assim na mesma cama de Arthur. O que ele iria pensar? Em minha mala só havia jeans, shorts tão curtos quanto esse, porém mais decentes por serem jeans e biquíni. Nada que pudesse me ajudar nesse momento. Abri uma frestinha da porta e coloquei apenas a cabeça para fora dela, vendo-o sentado na cama lendo um livro. Estava lindo demais.

Carla: Psiu? — chamei sua atenção e no mesmo momento me olhou — Será que pode me fazer um favor?

Arthur: Até dois — deu de ombros e saiu da cama. Começou a vir em minha direção — Tem algum problema ai? Quer ajuda? — estava sério.

Carla: É o seguinte... – comecei a corar desde já — O meu pijama é curto e indecente. Com isso, temos duas saídas — o vi erguer a sobrancelha — Ou me empresta uma camisa sua ou... Fecha os olhos e tenta ignorar esse fato.

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