Capítulo 51 :

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CARLA

Maria Clara: Mamãe! Mamãe! Telefone... — sai do chuveiro enrolada na toalha e lá estava Maria Clara me estendendo o celular. O cabelo loirinho estava penteado e molhado, usava um vestidinho de corações vermelhos e sandália, pronta para a viagem.

Carla: Quem é? — questionei pegando o celular.

Maria Clara: O Arthú — Ela  sorriu lindamente com carinha de apaixonada.

Carla: Oh! — atendi e me sentei na beirada da cama — Alô?

Arthur: Está pronta, meu amor? — tive que rir disso. Maria Clara ficou me olhando confusa.

Carla: Estou me vestindo, senhor Picoli — usei tom formal, não querendo confundir mais a cabecinha da minha filha— Por quê? Já está vindo?

Arthur: Já, mas... Quero perguntar umas coisinhas. Está com tempo? É meio pessoal — pigarreou e percebi que era sério. Olhei para Maria Clara.

Carla: Ok, espera... — tirei o celular do ouvido –- Filha, vai checar sua mala, tudo bem? Mamãe precisa falar a sós com Arthur.

Maria Clara: Ah tá, vocês querem namorar pelo telefone — suspirou e saiu do quarto — Que lindo!

Carla: ARG! — voltei para o celular — Olha o que você faz... — murmurei e me sentei na cama novamente — Fala criança... O que foi?

Arthur: Qual o seu problema em aceitar os sentimentos que temos um pelo outro?

A forma como foi direito me abalou. Fiquei uns segundos apenas digerindo a pergunta, tentando repassá-la na mente para ver se era isso mesmo que havia falado. Como assim me perguntar algo dessa forma, desprevenidamente? Pigarreei e busquei a resposta. Resolvi ser direta, sem mentiras.

Carla: O problema está no fato de não saber o tempo que isso vai durar, quero dizer... Suponhamos que fiquemos juntos um ano! Depois disso tudo acaba. Posso superar você, mas Maria Clara não vai aceitar tão fácil como eu... Não quero colocar um pai na vida dela e depois tirar de forma mais brusca — O silencio por parte dele era total — Mas de resto... Não há problemas. Eu sinto coisas por você que jamais imaginei serem possíveis, entende? E tem coisas sobre mim que talvez você não aceite.

Arthur: Carla, que isso... Eu te venero! Você é a mulher mais maravilhosa e imperfeita que conheço... — riu e eu também — Amo seus defeitos, todos eles... E, além disso... Nunca seria idiota o suficiente pra sequer cogitar te deixar! Aceito tudo o que vier de você... E sabe que amo a Maria Clara. Como se fosse minha filha. — Fiquei um tempo em silêncio.

Carla: Para de me surpreender e ter as coisas certas para mim, poxa... — suspirei e fechei os olhos — Mas ainda assim... Sei lá, é cedo demais para Maria Clara saber de algo.

Arthur: Claro, é cedo demais para qualquer coisa, quero dizer... — respirou fundo — Vou te provar que posso ser o cara perfeito pra você e um pai maravilhoso para a Maria. Eu realmente não sei explicar, mas amo a sua filha. Te juro!

Carla: E não duvido! — reafirmei com certo medo de chorar. Minha voz oscilava um pouco — Sinto as coisas... O coração de mãe sente. Vocês se amam e tem um laço muito forte! Às vezes sinto que nenhum pai poderia ser tão melhor para ela do que você cara, mas até quando?

Arthur: Até quando... Não posso ser hipócrita e dizer pra sempre. Vai saber o que acontece. E se você quiser me deixar? — riu — Sou muito inferior ao seu nível, minha gata.

Carla: Cala a droga da boca, é lógico que não! — comecei a chorar — Pronto! Estou chorando! Vou me trocar, ok? Seu bobo — comecei a limpar as minhas lágrimas tremendo.

Arthur: Ok. Teremos tempo pra conversar, não é?

Carla: teremos.

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O Secretário. Where stories live. Discover now