Capítulo 17 :

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CARLA

A mão dele era forte, grande, deslizava pelas minhas costas lentamente. Estávamos ridiculamente perto, mais perto do que deveria ser permitido para duas pessoas que tentavam se ignorar. Se bem que ultimamente eu estava fazendo isso sozinha.

Carla: Não sou muito boa com a dança... — comentei segurando nele, que deveria ser no mínimo trinta centímetros mais alto, estava absurdamente cheiroso com um perfume que não consegui identificar, e olhava pro meu rosto fixamente.

Aquela musica continuava soando, e ele sussurrava a letra baixinho. Música não, indireta mesmo!

Carla: Se é tão bom com a musica, por que não virou cantor?

Arthur: Como sabe que sou bom com a musica? — engoli a resposta, o ar e tudo. Nossos corpos estavam juntos demais, isso era desconfortável... Desconfortavelmente bom.

Carla: Vi você e Maria Clara no quarto aquele dia... — confessei, porque afinal não tinha nada a esconder. Ele sorriu ao invés de dizer algo a mais.

Arthur: Viu? — assenti — Entendi.

Carla: Por isso falei... Toca e canta muito bem. Deveria ter seguido carreira e deixado o meu escritório em paz. Aliás, quando fará isso? — ganhei uma risada nova, mais alta e interessante.

Arthur: Não tão cedo... — e voltou a cantarolar a musica.

Carla: Está tentando me seduzir? — questionei tranquila. Nossos corpos giraram e vi grande parte do pessoal na mesa com Gil olhando para nós. Engoli a respiração.

Arthur: Talvez, porque você já conseguiu né ? — disse baixinho.

Carla: Han? — Fingi que não tinha entendido.

Arthur: Nada. — respondeu singelamente, com as mãos mais firmes em meu corpo — Apenas quero... Não sei o que quero. Você é minha chefe, não é?

Carla: Infelizmente — ele riu novamente e comecei a me encher com isso. Ele ria de tudo — Pronto, já teve sua dança — nos afastamos quando a musica chegou ao fim — Pode me deixar em paz agora?

Arthur: Se não quiser minha companhia, Carla, basta dizer. Não irei te incomodar mais — caminhei até a mesa com ele ao lado. Paramos de pé ao lado dela um de frente pro outro.

Nesse instante, alguém bem familiar se aproximou e colocou uma das mãos sobre o peito dele de forma possessiva, se apoiando em seu ombro.

Emily: Senhorita Carla — cumprimentou-me erguendo o copo, e na hora percebi que estava bêbada — Como vai? — fui responder, mas ela logo foi me atropelando — Arthur não tinha me dito que você também era afim dele. Ah, entendo o seu lado... Todas são.

Carla: O que? — olhei para o rosto dele. Uma mistura de indignação e surpresa.

Arthur: Exatamente... O que, Emily?

Emily: Como assim o que? — gargalhou e derramou a bebida dela no chão — Vocês dois. Dançando. Juntos — sussurrou como se fosse um segredo e riu alto — Sabia que não iria demorar pra você colocar as garrinhas de fora e querer fincar no Arthur! — me assustei com o modo como veio em minha direção. Vi a mão de Arthur se fechar em seu pulso — Sua mal comida! Porque não busca um cara tão chato quando você? Tão sem sal quanto sua cara de morta?

Arthur: Emily chega! — Ele a puxou de perto de mim, pois realmente pensei que fosse voar no meu cabelo — Chega! Está bêbada demais, é melhor voltar lá com o pessoal.

Emily: Não vai me dizer que você também está afim dela? — revirei os olhos — Entre todas nós, vai escolher ela?

Carla: O nível com essa pessoa está realmente muito baixo. Com licença — sai de lá pegando minha bolsa. Andei até Gil, que estava meio caminho andando até minha direção — Vou embora.

Gil: O que a doida da Emily estava te falando?

Carla: Ela está bêbada e descontrolada! Graças a Deus, no próximo motivo boto essa maluca na rua... Que horror — olhei para trás e não vi mais ela e Arthur.

Gil: Pelo amor de Deus, vocês dançando deu um baita bafafá! Rolou?

Carla: Que rolou Gilberto! Pelo amor... Vou embora, isso sim... Ganho mais. Não deveria nem ter vindo nessa maluquice!

Gil: Mas minha rainha, está sem carro!

Carla: Peço um Uber — dei de ombros — Tchau Gil — nós demos três beijinhos e sai com ele ainda insistindo para que ficasse.

Assim que sai na rua, percebi que estava chovendo forte demais. E meu celular descarregado. Perguntei onde era o próximo ponto de táxi e me disseram que era na próxima esquina. Claro que primeiro riram, quem ainda pegava táxi? Sem celular, não tive escolha a não ser enfrentar a chuva e ir para o local indicado. O que mais queria era ir embora dessa boate maluca.

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