Capítulo 64 :

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Arthur: Dentro de você bate um coração complexo, Carla — começou a falar sem inseguranças, apenas abrindo seu coração. Por este motivo deixei que seguisse, que se entregasse — Complexo, mas me fez me apaixonar por ele. Porque por mais que seja dura, você é doce. Por mais que queira dar uma de forte, é a mais fraca da história... Por mais que todos te enxerguem como a Rainha de gelo, você é uma menina cheia de incertezas e tão amedrontada que é impossível ultrapassar a barreira envolta em seu coração.

Carla: Mas você conseguiu — garanti sorrindo de lado, ainda com os olhos focados ao longe — Foi o único homem que dormiu na minha cama. O único que tem liberdade comigo. Você me mudou Arthur... Nem sei como explicar.

Arthur: Então sou único? —,gabou-se piscando em uma pose galante.

Carla: Se começar a se achar as coisas irão ficar feias para o teu lado, querido — nós rimos juntos novamente e ele me empurrou em direção ao mar levemente. Tropecei nos meus próprios pés e caí na água. Arthur ficou parado me olhando com os olhos maiores do que o rosto, engraçado, sem saber o que fazer!

Arthur: Carla... Desculpa... — comecei a rir em seguida e me arrastei até seu pé, o puxando para dentro da água também.

As ondas vinham e iam, molhando-nos com maior intensidade. Sem equilíbrio, Arthur se espatifou ao meu lado, fazendo a água espirrar para todos os lados.

Carla: Não brinque comigo! Posso ser má às vezes... — parados lado a lado e molhados, nos deitamos na beira do mar sendo atingidos pelas ondas quando se aproximavam — Meu chinelo se foi.

Arthur: O meu também — lamentou-se — Quero ver como vou dirigir para casa descalço — nos olhamos e gargalhamos.

Carla: A água está até gostosa, sabe? Tá quente... — assentiu ainda me olhando.

Arthur: Sabe quem ia gostar de estar aqui? Maria Clara — sorri imaginando a cena se minha filha estivesse ali. Com certeza estaria entre a gente, pedindo para entrar no mar ou brincando.

Carla: Ia fazer muita farra com a gente  — me virei em sua direção sutilmente, apoiando a cabeça no braço — Mas Maria Clara vai ficar muito feliz por saber que a gente namora — me inclinei sobre seu corpo e beijei sua boca brevemente. Ficamos nos olhando e começamos a rir. Ele me abraçou um tanto confuso, observando-me para ver se estava mentindo.

Arthur: A gente namora? — fingi pensar.

Carla: É... Tecnicamente — Ele nada disse, ficou estático — Pensei que quisesse namorar comigo, pelo menos e...

Arthur: Claro que quero. A gente namora ou... Acho que devo pedir — parou de falar e me girou, ficando por cima de mim. Nesse momento uma onda nos atingiu e jogou água para todos os lados. Esperamos a sensação de molhado e de breve frio passar para voltarmos a nos olhar — Quer namorar comigo?

Carla: Sem beijo na Vitória? — usei tom de imposição ou condição. Encarei-o de forma cautelosa, engraçada, descontraída.

Arthur: Sem beijo na Vitória e em nenhuma que não seja você — garantiu, ainda sobre mim na areia.

Carla: Sem mentiras, nem traições, nem falsidade?

Arthur: Apenas amor e honestidade — nós rimos juntos e ele veio me beijar, mas virei o rosto.

Carla: Sem rir dos meus segredos? — A pergunta soou séria, a mais séria das três. Até Arthur foi pego de surpresa, quase sem acreditar que havia escutado aquilo. Piscou algumas vezes e olhou para o lado intrigado, depois se voltou para mim.

Arthur: Eu nunca riria de seus segredos — tocou meu rosto cheio de sinceridade— Nunca.

Carla: Mesmo que seja ridícula minha falta de sorte?

Arthur: Não acho que você tenha falta de sorte... Com uma filha linda, uma carreira brilhante e um namorado como eu... O que mais pode querer? — revirei os olhos e ironizei sua posição na frase. Ele riu novamente, como sempre.

Carla: Apenas quero te dizer que também quero fazer dar certo — o puxei para perto de mim, abraçando seu pescoço — Então vamos separar a Delux e a vida pessoal.

Arthur: É claro que sim... — garantiu — Claro que sim! — Repetiu a frase. Pegou em minha mão e nos levantou, me puxando na direção do mar — Vamos nadar. É por isso que estamos aqui...

Larguei meu vestido encharcado na areia e ele sua camisa. Mergulhamos na praia e ficamos brincando. Dei graças a Deus que não havia ninguém para conferir aquela cena, ninguém que pudesse rir de nós dois. Éramos felizes assim... Como idiotas, como adolescentes, como se houvéssemos parado no tempo por algum motivo e agora vivêssemos recuperando os momentos desperdiçados. Uma onda mais forte nos atingiu e Arthur me pegou pela cintura, me erguendo um pouco acima de sua cabeça para que não fosse atingida por ela. Assim que a mesma passou, abracei sua cabeça contra meu corpo e beijei seu cabelo com gosto de sal, todo bagunçado. Aos poucos foi me abaixando, até nossas bocas chegarem à mesma altura.

Carla: Eu te amo — sussurrei contra seus lábios e não pude me lembrar de ter vivido um momento mais bonito, mais doce, mais apaixonado.

Arthur: Eu te amo!

Repetiu e sorriu de ponta a ponta, tocando nossos lábios e nos abaixando dentro da água, como se desfalecermos em pedaços. Tive que rir. Sempre rir.

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O Secretário. Where stories live. Discover now