Capítulo 100 :

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Maria Clara: Pai? — Abri os olhos lentamente, dando de cara com o teto da sala de meu apartamento.

Arthur: Oi... — sussurrei abraçando-a mais perto de mim. Estava dormindo em cima do meu peito, agarrada em mim.

Maria Clara: Está acordado?

Arthur: Claro querida... — gargalhei levemente — O que foi? Perdeu o sono? — beijei seu cabelo lembrando nosso fim de tarde juntos.

Chegamos da casa de minha mãe após o jantar, Maria Clara tinha algumas roupas na mochila da escola, então tomou banho colocando shorts e blusa de maneira mais confortável. Agradeci por ela saber fazer essas coisas sozinha! Assistimos ao filme que propus, jogamos vídeo game por um longo tempo, comemos pipoca e refrigerante, depois brigadeiro e balas. A menina ficou energética! Não parava de brincar um minuto e demorou a aceitar deitar no bolo de almofadas que fiz na sala para dormirmos. Dormir ali estava sendo sua felicidade.

Maria Clara: Estava pensando... Nunca dormi sem meu bicho de pelúcia. Não quando realmente deito para dormir. — comentou.

Arthur: Ah meu Deus! Quer que eu vá buscá-lo na sua casa? — rezei para que dissesse não, já que estava cansado.

Maria Clara: Não! — sorriu — Tudo bem. Abraçar você basta. Acho que o monstro não vai querer me pegar ao seu lado, né? Você é grande e bate nele se tentar algo.

Arthur: Pode ficar tranquila, Clarinha. Papai não deixa o monstro te pegar. — sorri também.

Maria Clara: Ela deve estar se sentindo sozinha. Será que tem medo do monstro também? — ela pareceu assustada com a possibilidade.

Arthur: Ela quem?

Maria Clara: Mamãe! — falou como se fosse óbvio — Está sozinha.

Arthur: Maria Clara... Sua mãe é adulta. Vai ficar tudo bem. — mesmo que lá no fundo eu me sentisse como minha filha, não seria correto dar a entender que Carla poderia estar em qualquer perigo. Não que estivesse... Em seu prédio havia muita segurança e, por favor! Monstros não existem! — Não precisa ter medo.

Ficamos um grande momento em silêncio.

Maria Clara: Ela chorou muito por causa de você... — se ergueu para me falar — Ficava chorando depois que eu dormia. Sei que era por você porque falava seu nome bem baixinho...

Arthur: Maria... — não encontrei palavras para dizer.

Maria Clara: Por que aconteceu tudo isso? Porque você apareceu do nada dizendo que era meu pai e agora mamãe está separada de você? A culpa é minha? — me sentei também e a encarei. Seus olhos estavam um pouco úmidos, brilhando com lágrimas.

Arthur: A culpa não é sua, filha. Pare de pensar tudo isso! - abaixei o rosto sem ter a coragem de lhe dizer tudo — A culpa é minha.

Maria Clara: Por quê? — questionou tímida.

Arthur: Porque quando você ainda estava na barriga de sua mãe eu as deixei. — fui direto, pulando logo para a parte dolorosa. Maria Clara nada disse, apenas ficou me olhando — Quando sua mãe soube quem eu era, que eu as havia deixado no passado, ficou brava comigo.

Maria Clara: Por que nos deixou? — ela estava sem expressão.

Arthur: Porque eu era muito jovem e idiota! — segurei suas mãos — Não queria ter um filho. Não conhecia sua mãe. Pensava só em me divertir e ter dinheiro... Mas eu juro que me arrependo de tudo, Maria Clara. Queria poder voltar e ter ficado ao lado dela quando precisou de mim... — ela nada disse, ficou quieta me olhando como se pensasse. Aquele olhar me intimidou. O que se passava naquela cabecinha infantil que às vezes era tão adulta?

Maria Clara: E agora? — estreitou o olhar.

Arthur: E agora o que?

Maria Clara: Agora você quer ter uma filha? Quer ficar com a mamãe? — perguntou diretamente com a expressão ilegível.

Arthur: É claro que sim! — sorri — Você é a coisa mais importante da minha vida! Eu amo sua mãe mais do que tudo! O que mais quero é ficar ao lado de vocês...

Maria Clara: Ah, então tá bom. Não é o que importa pai? Que você nos ame? — adotou uma carinha linda e fofa.

Arthur: Você é quem sabe, filha. — abaixei o rosto — Por que... Quem sou eu pra ficar mentindo pra você? Tem que saber a verdade, como foi...

Maria Clara: Não me importo. As pessoas têm que se conhecer para se amarem. Você não nos conhecia, como poderia nos amar? Quando conheceu, passou a amar. Tivemos uma segunda chance, não é legal?

Arthur: Pois é... — fiquei olhando em sua direção um pouco pasmo — De onde você tirou essas coisas?

Maria Clara: Da minha cabeça. — apontou para a própria cabeça e sorriu. Abriu os braços pedindo um abraço. Puxei-a em minha direção, abraçando-a longamente — Eu te amo papai. O passado não importa. Estou feliz que tenha você agora.

Arthur: Ai Maria Clara... — Respirei aliviado, segurando-a perto de mim — Acho que tenho a melhor filha do mundo! Obrigado! Eu te amo demais!

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O Secretário. Where stories live. Discover now