Capítulo 47 :

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O café estava fumegante em minhas mãos. Sustentei a xícara parada em frente à parede de vidro atrás de minha mesa, observando a vista de cima da cidade. No mesmo momento as lembranças daquela noite na sacada do apartamento de Arthur me vieram à memória. Nós dois lá... Quase nos beijando e Maria Clara acordando. Sorri sozinha bebericando o café e olhando instintivamente no relógio da parede ao lado. Quase nove horas e nada dele! Meu coração sabia que não deveria se preocupar com ele, porque era furada demais. Estávamos num patamar elevado agora... "Ou vai ou racha", como diria meu querido Gil do Vigor.

Parecia que acontecer conosco seria inevitável, porque Arthur queria tanto quanto eu... Para falar a verdade, não existia aversão alguma de minha parte para com ele nesse sentido. Seria fácil me acostumar com o calor do corpo dele e com toda aquela gentileza. Seria fácil beijá-lo e deixar que me beijasse... Mas fácil ainda seria deixar rolar, porque seria tão natural como respirar. O desejo entre a gente era absurdamente palpável. Dentro de minha própria mente me envergonhei por pensar nessas coisas! Arthur com certeza estava acostumado a estar com mulheres melhores do que eu. Não no sentido estético, pois não tenho problemas em relação ao meu corpo, na verdade, amo ser quem sou e me aceito do jeito que Deus me fez... O que realmente pesava era a tal experiência! Oh sim! Apoiei a cabeça no vidro e suspirei pesadamente. Ai estava o lado ruim de me mostrar sempre superior, perfeccionista e poderosa. Eu nunca conseguiria corresponder às expectativas dele na cama... Porque sou idiotamente sem experiência nesses quesitos! A quem recorrer? Gilberto?Ainda era um homem! E quem mais...? Maria Clara? Piadinha idiota.

Arthur: Bom dia! — tomei um susto tão grande que meu café quase caiu de minhas mãos. Virei-me em sua direção horrorizada, percebendo que estava atrás de mim com as mãos em minha cintura.

Carla: Fez curso de 007 por acaso? — questionei com as mãos na testa, me apoiando no vidro atrás de mim — Não te ouvi chegando! Que susto!

Arthur: Oh, me desculpe doce senhorita... — tirou a xícara de mim e colocou em cima da minha mesa delicadamente. Se voltou e me puxou colocando as mãos em minha cintura novamente. Abaixei os braços com expressão confusa o observando — Não vai mais acontecer.

Carla: Não mesmo? — levei as mãos ao botão de minha blusa social, desabotoando-o, revelando mais partes do meu decote. Arthur olhou de meu rosto para o meu decote e vice-versa duas vezes. Suspirou olhou pra cima depois. Eu ri dele e cheguei perto para falar com ele — Te deixou nervoso, senhor Picoli?

Arthur: Só um pouquinho — deu de ombros parado numa postura rígida, ainda com as mãos em minha cintura. Separei-me um pouco dele e abri mais um botão — Aí caramba...

Carla: É que tá calor! — pisquei.  E ele, que não era idiota nem nada, fez o mesmo com sua blusa. Abriu os primeiros botões revelando parte de seu peito. Foi ai que lembrei que nunca o havia visto sem camisa — Bacana...

Arthur: É que tá calor aqui... — e deu de ombros.

Carla: É contra as regras fazer isso com a chefe — me lamentei sem conseguir olhar diretamente para os seus olhos. Achegou-se mais a mim, falando em meu ouvido também.

Arthur: É contra as regras vir trabalhar com essa roupa, patroa — ri da carinha dele quando nos afastamos — Caramba, saia e decote é jogar sujo!

Carla: Jogar sujo... Aham sei! — tentei me desviar dele — Vou te mostrar o que é jogar sujo logo, agente 007!

Quando consegui sair de seus braços, voltou a me agarrar e me empurrou contra a mesa, derrubando alguns objetos ali de cima. Fiquei assustada, mas gostei.

Arthur: Tenho todo tempo do mundo pra você, garota provocadora — sorri de sua expressão sem vergonha e o puxei contra mim.

Arthur distribuiu beijos pelo meu pescoço. Nós ficamos nos pegando na beirada da mesa, mas não deixei que me beijasse na boca. Em compensação, podia jurar que havia marcas de todos os tipos no meu pescoço e cintura, já que me apertava com vontade ali. Soltou meu cabelo do coque, baguncei todinho seu penteado quando penetrei os dedos em seus fios macios, abri mais sua blusa, quase completamente, e abusei de sua boa vontade passando a mão em meu peito. Até que o telefone tocou. Tomei um susto enorme e o empurrei, quase dando um soco em seu estômago. Ele agarrou em minhas pernas ao lado de seu corpo e ficou parado. Esticou-se e pegou o telefone. Pigarreou.

Arthur: Delux, bom dia! — Estava sério em todos os aspectos. A voz, o corpo, a expressão... Em compensação eu... Ofegante, descabelada, com o pescoço vermelho e arrepiada! Arthur era mesmo muito bom — Claro Thaís, diga para o Sebastian subir em meia hora que a senhorita Diaz está... Ocupada. Ok. Tchau! — desligou e suspirou.

Carla: Que porcaria que grande ideia! — suspirei também o empurrando pelos ombros — Anda, sai do meio das minhas pernas!

Arthur: Isso soou ainda mais provocador — se afastou de forma delicada, me deixando descer da mesa. Comecei a me arrumar e ele também, atento a cada gesto meu.

Carla: Cala boca e vai trabalhar 007!

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O Secretário. Where stories live. Discover now