Isabela on:
Caminhando pelo corredor da clínica enquanto analisava exames de alguns pacientes, juntei os papéis e parei em frente a porta onde está o Theo,abro a mesma lentamente vendo que ele está aparentemente dormindo sentado com suas costas encostadas na parede, então me sentei distante dele para não acordar ele.
Observando o histórico médico dele percebi que desde quando chegou estava tendo consciência alterada, mas de alguns dias para cá está tendo perda de consciência e isso não é muito bom, desvio meu olhar para baixo para ler mais coisas sobre seu caso para ver se tenho que mudar algo.-" Quantas vezes tentei... " - ele começou a cantar do nada o que de certa forma me deu um leve susto mas passou -"Já caí, levantei..." - ele canta lentamente a cada frase - "É você que me mantém de pé..." - sua voz é suave, apesar de limpa é soprosa e seu tom de voz é médio - "Não preciso gritar..." - não consegui prestar atenção no que estava lendo pois por um momento parecia que a voz sussurrava próxima ao meu ouvido apesar de que estamos a quase cinco metros de distância -"Você vem me salvar..." - sua voz falhou na última sílaba da palavra "salvar" - "Você sente quando eu vou chorar..." - sua voz falhou novamente mas dessa vez na palavra " chorar " ficando chorosa dessa vez, ele ficou quieto por alguns minutos, logo começou a cantar novamente e eu realmente não consegui me concentrar na leitura de alguns exames - sinto muito se cantar te atrapalha... é que assim quebra o silêncio e a minha cabeça para pra ouvir minha voz - disse e eu levantei meu olhar até o mesmo.
- Tudo bem, eu que não devia vir ler aqui- falo afirmando com a cabeça - achei que estava dormindo - começo a juntar os papéis.
- Eu não durmo - ele olha para cima.
- Todo mundo dorme - me levantei.
- Se eu dormir eu vejo coisas ruins então não, eu não durmo - diz ele e eu me aproximo.
- As coisas ruins que vê são as mesmas coisas que te deixaram traumatizado e são essas coisas que te fizeram ficar internado aqui ?- pergunto e ele fecha os olhos, me sentei ao seu lado olhando o mesmo - esse trauma que te atormenta desde a infância faz você sentir essa mistura de sentimentos que você sente? - ele abriu seus olhos me olhando.
- Minha mãe - disse rápido pressionando com força seus lábios por alguns segundos - eu vi o que ele fez com ela durante um sonho... vi seu desespero, seu choro e o medo em seu rosto, eu não entendia o que tava acontecendo com ela e não podia fazer nada pois eu não estava ali apesar de ver o que tava acontecendo - olha para frente - aquilo foi assustador porque eu via o sofrimento da minha e o quanto ela precisava de ajuda mas eu não podia fazer nada...- seus olhos estão arregalados de maneira que é possível ver o pavor que há nos mesmos, sua voz parece que havia voltado no tempo uns dez anos por estar tão fina- aí a mamãe dormiu e eu não vi mais nada,mas quando ela acordou estávamos na praia apenas ela e eu,ainda era pequeno e minha idade era de mais ou menos cinco ou quatro anos, segurava a mão dela que olhava para o mar sem dizer uma palavra... - suas pupilas dilatam enquanto ele olha para o nada - aí eu soltei sua mão para poder brincar no mar, corri em direção ao mesmo e olhei para trás para ver se ela estava vindo mas não, ela continuava no mesmo lugar pois o mar assusta ela...- soltou o ar - aí atrás dela surgiu uma sombra que logo tomou a forma de um homem, fiquei com medo e tentei ir até ela mas parecia que a areia prendia meus pés, olhei a mamãe e ele a segurou por trás, em sua cabeça encostou uma arma e chorando ela disse que me amava aí o homem atirou na cabeça dela e não sei como ela caiu em meus braços comigo já adulto - sorriu deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto - eu toquei no rosto da minha mãe e senti um sentimento ruim, não sei explicar mas sei que a voz sussurrou no meu ouvido " a culpa foi sua, você a matou, você tirou a vida dela " olhando para minhas mãos cheias de sangue eu me culpei pela morte dela pois não havia ninguém além de mim ali e ela estava morta e minhas mãos com sangue - o mesmo está suando -
e de repente eu era a criança novamente que chorava deitada no peito dela que não podia me abraçar de volta porque ela estava morta, e na minha cabeça a voz ecoava " a culpa foi sua " - sua voz falha - e quando eu acordei eu estava em tanto choque que eu não conseguia me mexer, queria gritar mas a minha voz tinha sumido, aquele som das batidas rápidas do meu coração acelerados me deixaram ainda mais apavorado - ele faz uma pausa - desde então sempre que eu tento dormir eu tenho a mesma lembrança daquele dia e isso me apavora - ele fala rápido.
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Sou Fã Dos Seus Olhos
FanfictionEssa é uma continuação da "tantos olhares me olhando e eu querendo o seu" contando mais a história dos filhos deles