Cap.108

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Isabela on:

Caminhando pelo corredor da clínica enquanto analisava exames de alguns pacientes, juntei  os papéis e  parei em frente  a porta onde está o Theo,abro a mesma lentamente  vendo que ele está aparentemente  dormindo sentado  com suas costas encostadas na parede, então me sentei distante  dele para não acordar ele.
Observando o histórico médico dele percebi que desde quando chegou estava tendo consciência  alterada, mas de alguns dias para está  tendo perda de consciência e isso não é  muito bom, desvio meu olhar para baixo para ler mais coisas sobre seu caso para ver se tenho que mudar algo.

-" Quantas vezes tentei... " - ele começou a cantar do nada o que de certa forma me deu um leve susto mas passou -"Já caí, levantei..." - ele canta lentamente  a cada frase - "É você que me mantém de pé..."  - sua voz é  suave, apesar de limpa  é  soprosa e seu tom de voz é médio - "Não preciso gritar..." - não consegui prestar atenção no que estava lendo pois por um momento  parecia que a voz sussurrava próxima ao meu ouvido apesar de que estamos a quase cinco metros de distância -"Você vem me salvar..." - sua voz falhou na última sílaba  da palavra "salvar" - "Você sente quando eu vou chorar..." - sua voz falhou novamente mas dessa vez na palavra " chorar " ficando chorosa  dessa vez, ele ficou quieto por alguns minutos, logo começou a cantar novamente  e eu realmente  não consegui me concentrar na leitura de alguns exames - sinto muito  se cantar te atrapalha... é  que assim quebra o silêncio e a minha cabeça  para pra ouvir minha voz  - disse e eu levantei meu olhar até o mesmo.

- Tudo bem, eu que não devia vir ler aqui- falo afirmando com a cabeça  - achei que estava dormindo  - começo a juntar os papéis.

- Eu não durmo - ele olha para cima.

- Todo mundo dorme - me levantei.

- Se eu dormir eu vejo coisas ruins então não, eu não durmo - diz ele e eu me aproximo.

- As coisas ruins que vê  são as mesmas coisas que te deixaram traumatizado e são essas coisas que te fizeram ficar internado aqui ?- pergunto e ele fecha os olhos,  me sentei ao seu lado olhando o mesmo - esse trauma que te atormenta desde a infância faz você sentir essa mistura de sentimentos  que você sente? - ele abriu seus olhos me olhando.

- Minha mãe - disse rápido pressionando com força seus lábios  por alguns segundos - eu vi o que ele fez com ela durante um sonho... vi seu desespero, seu choro e o medo em seu rosto, eu não entendia o que tava acontecendo com ela e não podia fazer nada pois eu não estava ali apesar de ver o que tava acontecendo - olha para frente  - aquilo foi assustador porque eu via o sofrimento  da minha e o quanto ela precisava de ajuda mas eu não podia fazer nada...- seus olhos estão arregalados de maneira que é  possível  ver o pavor que nos mesmos, sua voz parece que  havia voltado  no tempo uns dez anos por estar tão fina- aí  a mamãe dormiu e eu não vi mais nada,mas  quando ela acordou estávamos na praia apenas ela e eu,ainda era pequeno e minha idade era de mais ou menos cinco ou quatro anos, segurava a mão dela que olhava para o mar sem dizer uma palavra... -  suas pupilas dilatam  enquanto  ele olha para o nada - aí  eu soltei sua mão para poder brincar no mar, corri em direção  ao mesmo e olhei para trás para ver se ela estava vindo mas não, ela continuava no mesmo lugar pois o mar assusta ela...- soltou o ar - aí  atrás dela surgiu uma sombra que logo tomou a forma de um  homem, fiquei com medo e tentei ir até ela mas parecia que a areia prendia meus pés, olhei a mamãe  e ele a segurou por trás, em sua cabeça  encostou uma arma e chorando ela disse que me amava aí  o homem atirou na cabeça  dela e não sei como ela caiu em meus braços comigo já adulto - sorriu deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto - eu toquei no rosto da minha mãe e senti um sentimento ruim, não sei explicar mas sei que a voz sussurrou no meu ouvido " a culpa  foi sua, você a matou, você tirou a vida dela " olhando  para minhas mãos cheias de sangue eu me culpei pela morte dela pois não havia ninguém além de mim ali e ela estava morta e minhas mãos com sangue - o mesmo está suando -
e de repente eu era a criança novamente  que chorava deitada no peito dela que não podia me abraçar de volta porque ela estava morta, e na minha cabeça  a voz ecoava " a culpa  foi sua "  - sua voz falha - e quando eu acordei eu estava em tanto choque que eu não conseguia me mexer, queria gritar mas a minha voz tinha sumido, aquele som das batidas rápidas do meu coração acelerados me deixaram ainda mais apavorado - ele faz uma pausa - desde então sempre que eu tento dormir eu tenho a mesma lembrança daquele  dia e isso me apavora - ele fala rápido.

Sou Fã Dos Seus OlhosWhere stories live. Discover now