Eu finalmente entendo porque a Bellatrix me emprestou aquelas roupas, ficam surpreendentemente pequenas no corpo curvilíneo que ela possui.
Eu encarava a pequena e nariguda figura com o queixo erguido, como a bruxa maluca faria, meus olhos estavam mais arregalados do que o normal e minha língua brincava nos grandes dentes da mulher.
- Quero entrar no meu cofre. - Digo pausadamente.
Ele ergue os olhos frios e escuros na minha direção, mantenho a mesma postura, mas minhas mãos tremem por um segundo.
Escutei a voz do duende coberto pela capa da invisibilidade afirmando que sabiam que eu era uma impostora, que foram avisados.
- Madame Lestrange, preciso da sua varinha. - sinto meus músculos congelarem.
- O que disse? - pergunto tentando pensar em algo. - não acredito que seja necessário.
- Peço que a senhora entenda, é uma precaução, nos dias de hoje, é necessário.
Antes que eu possa perder a sensibilidade das pernas, escuto a risada masculina, o Draco estava ao meu lado, não precisava de uma poção polissuco.
- Bella...- ele diz com dificuldade forçando uma risada. - ele acabou de pedir a sua varinha?
Forço uma risada finalmente entendendo o que ele queria dizer. Olho para o duende rindo maldosa.
- Eu não posso acreditar que preciso mostrar a minha varinha para entrar no meu próprio cofre! - cesso o riso gritando histérica. - Não gosto de esperar, querido, deveria saber disso. - me aproximo o olhando nos olhos. - também não gosto nada de quem desconfia de mim.
- Me acompanhe, madame. - encara o outro duende ao seu lado.
Ele não está caindo.
"Imperio" - penso apontando disfarçadamente para a cabeça lisa do duende.
Ele vira para mim sorrindo abobalhado. Deu certo.
Antes que pudéssemos nos acostumar com o balanço do carrinho desconfortável, caímos, e só não quebramos todos os ossos, devido ao feitiço da Hermione para nos paralisar no ar e diminuir a queda.
Principalmente porque segundo a hermione, que revelou seu rosto tirando a capa da invisibilidade, a poção polissuco não reagia muito bem comigo, visto que eu já revelava as minhas formas aos poucos, ficando muito mais baixa do que estava antes e com a pele bronzeada tomando conta do meu corpo inteiro.
- Você voltou ao normal! - Draco afirma assustado.
- Não é culpa da moça, a queda do ladrão acaba com qualquer encantamento. - o duende explica.
Me preocupo com os meus seios esmagados devido ao espartilho apertado nos lugares errados, desfaço o nó apertado feito pelo Draco horas atrás. Solto um pouco respirando aliviada enquanto soltava o rígido espartilho.
Por que diabos ela usava aquele instrumento de tortura?
- Como iremos sair daqui? - olho meu corpo acomodando os meus seios no espaço do espartilho. - vão me prender.
- você vai ficar bem, vamos dar um jeito de sair daqui sem que a vejam. - Harry observava o meu rosto marcado pelo lápis preto que contornei os meus olhos para me deixar mais parecida com ela.
Sinto as mãos do Draco na minha cintura mal contornada pelo espartilho folgado, beija meu ombro apertando o objeto de tortura contra o meu corpo enquanto puxava a fita.
- Finalmente, não aguentava mais olhar para a minha tia. - diz no meu ouvido me fazendo rir.
Passa o dedo pelo meu queixo um pouco avermelhado devido à queda levada minutos atrás.
- Deveríamos nos apressar, não é cabível ficar se agarrando na minha... nesse momento. - Harry adverte com uma cara de poucos amigos.
- Desculpe, tem razão. - digo, mas o Draco apenas sorri irônico para ele.
- É difícil resistir. - aperto sua barriga em sinal de repreensão.
As vezes me impressionava o quanto ele era implicante.
- existe outra maneira de sairmos daqui? - pergunto fazendo o Grampo negar com a cabeça.
O outro duende havia sido desenfeitiçado, também devido a efeitos da queda do ladrão, mas antes que pudesse terminar o protesto, foi enfeitiçado novamente pelo Rony.
Olho para o lado vendo um dragão imenso com a pele muito clara e ossos aparentes.
É, se eu não morrer nas mãos do meu pai malvado, pelo visto eu morro nas presas desse monstro que rugia na nossa direção.
Consigo ficar mais calma quando vejo uma corrente envolvendo o pescoço grosso. Escuto sinos serem chacoalhados fazendo o enorme animal retrair-se.
O cofre da Bellatrix, diferente do meu, era cheio até as paredes, os meus olhos pareciam queimar com o brilho dos materiais bem polidos.
- Como iremos achar alguma coisa nessa zona? - Rony se pergunta assustado mexendo os pés.
Hermione acidentalmente deixa algo cair, fazendo com que todos os objetos que fossem tocados se multipliquem, Harry já havia avistado a taça.
As coisas multiplicavam-se de uma maneira insana, logo já estavam cobrindo os meus tornozelos, Harry pede a espada, me fazendo jogá-la na sua direção.
Ao passo que ele se mexia, as coisas iam engolindo o seu corpo, tento me mexer minimamente para que nada mais seja duplicado.
- Parem de se mexer! - grito fazendo todos limitarem seus movimentos.
Harry foi completamente engolido pelo mar dourado, quando ia me mover para ajudar, ele surge segurando a espada e a taça.
Atira o próprio corpo para longe da pilha e perto de nós, fazendo com que a taça voe das suas mãos e sejam pegos pelas mãos esguias do duende que nos acompanhava.
- Nós tínhamos um trato! - Harry grita.
- Duende maldito, eu disse que essa era uma má ideia. - Draco reclama ao meu lado. - Tenho permissão para matar o idiota? - Ele me olha e eu nego com os dedos.
- A espada pela taça, é uma troca justa. - Harry atira a espada na direção da criatura, que joga a taça nas minhas mãos. - eu disse que iria ajudá-los a entrar, mas nunca mencionei que iria ajudar a sair. - Grampo sai do cofre com o outro duende em sua companhia.
Subimos a tempo de vê-lo nos abandonar e denunciar, ao passo que também deixava o abobalhado colega indefeso com o dragão que o chamuscou em seguida.
Feitiços eram desferidos contra nós, os intrusos.
- Bom, tem uma forma de sairmos daqui. - digo me escondendo atrás de uma grande pilastra quando a Hermione pergunta sobre ideias. - não é tão segura.
Olho para o grande Dragão.
- Leonoora, volta aqui!- é a última coisa que escuro quando pulo no pescoço espinhoso do animal, me segurando firme.
Pelo visto, no momento de desespero, a minha ideia é bem aceita, pois logo todos estão no dragão, exceto a Hermione que nos olhava contrariada.
- Eu não gosto dessa ideia, e também não gosto de voar. - Eu apertava mais ainda o pescoço do animal a medida que ele se debatia querendo nos atirar para fora de si.
- Pule logo, sua maldita! - Draco grita.
Tento com grande custo voltar para onde ela estava, mas não conseguia pois o bicho se movia muito rápido.
- Confia em mim, não vai dar errado! - imploro já sentindo minhas mãos cederem um pouco.
O medo de cair já me afetava e um dos feitiços atinge a minha perna. Grito apertando mais o pescoço do Dragão.
Minhas mãos escorregam e por impulso, agarro a perna do moreno que estava ao meu lado. Harry tentava se manter firme carregando o peso do meu corpo e do seu.
- Noora! - Draco grita preocupado.