Epílogo

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as shorts e spin-offs de Gringa Grudenta já estão sendo postadas - chequem no meu perfil, gnt. Tem "Eterna", uma spin-off MaraHope que eu fiquei muito orgulhosa e é mais longa e, em "Gringa Grudenta - Shorts", vocês vão achar outras spin-offs mais curtas do universo. 

também estou publicando outras 2 fanfics Catradora atualmente: "Do Outro Lado" e "Após a Morte de Um Panteão", deem uma olhada lá. 

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19 de dezembro de 2046

São Paulo, Brasil

Adora ajeita a palheta entre os dedos de Ágata.
- Não, amor. É assim, ó.
- Ah, qual é. Eu tenho dedos talentosos, vai – ela brinca, encarando a companheira com malícia, que ralha com ela em pensamento. "Não fale essas coisas na frente de Finn!", tem vontade de gritar.
- Talvez, mas só talento não serve pra nada. Tem que treinar também – a loira lança um olhar de esguelha para e filhe sentade na outra poltrona, com outra guitarra da coleção de Adora apoiada nas coxas. Elu não parece ter entendido a piada – você também, não siga o exemplo da sua mãe.
- Mas você é minha mãe – replica Finn, confuse, e aponta para Ágata – ela é minha mamãe.
- Poxa amor, que mau exemplo você tá dando pra nossa cria – brinca Ágata, ganhando um olhar de represália de Adora.
- Enfim, vamos de novo.

Desde as férias escolares de julho, Adora começara a ensinar Finn a tocar guitarra, e Ágata, que nunca havia tocado instrumento algum na vida, decidiu que era hora de estimular melhor sua veia artística e se juntou às lições. Adora passa uma curta sequência de dedilhados e espera que es dues a imitem.

Finn é claramente mais habilidose nisso do que Ágata. Ela sorri para elu, encorajadora.

Há cinco anos, elas haviam lhe adotado num orfanato em São José, não muito longe do bairro natal de Ágata. Finn então tinha seis anos e categoricamente afirmava-se de gênero neutro, e odiava o nome masculino pelo qual lhe chamavam e sob o qual estava registrade. Elu e Ágata se conectaram quase de imediato e, após uma série de processos, elas adotaram a criança, sue primeire filhe a não andar em quatro patas. Pelo menos na maior parte do tempo.

Adora foi quem escolheu seu novo nome, já que Finn odiava aquele com o qual havia sido registrade. Bom, na verdade não foi bem isso: ela e Ágata passaram dias e dias pesquisando nomes neutros e os sugerindo, até que uma sugestão de Adora lhe chamou a atenção e se tornou seu nome real.
- Huh... droga, errei – Finn resmunga. Ágata nunca teria percebido a nota errada. Adora, sim. A loira se senta ao lado de filhe, lhe guiando, enquanto Ágata admira os braços definidos e completamente cobertos de tatuagens da esposa.
- Olhando o quê? – Adora pergunta provocadora, despertando Ágata do seu mundo dos sonhos.
- A mulher da minha vida – ela replica, fazendo Adora levantar as sobrancelhas. Depois de uns momentos ela solta uma risadinha e torna a guiar Finn na sua lição de guitarra.

"Não menti", pensa Ágata, rindo por dentro. Conhecer Adora mudou tanta coisa na sua vida que é até difícil listar. O seu diploma em literatura brasileira pela USP, na parede do quarto das duas, ao lado da camisa de Marta da final das Olimpíadas de 2020 e do diploma em educação física pela Universidade de Bright Moon de Adora, é uma das provas disso. Lá nos seus 18, 19 anos, quando apenas começava a jogar futebol, ela nunca teria pensado que um dia pisaria numa universidade, a não ser que fosse por engano ou pra limpar o chão. Mesmo quando começara a flertar com a ideia, ainda não se sentia segura de que seria mesmo capaz, e foi Adora quem a estimulou, e a fez estudar, e estudar muito mais do que jamais havia estudado no ensino fundamental e médio, e prestar um vestibular assim que se aposentou do futebol, e praticamente a forçou a não largar os seus estudos, por mais que muitas vezes Catra sentisse que não pertencia àquele lugar, até o dia da sua sonhada formatura.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora