Eu sou uma idiota

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Gente, meu livro ficou gratuito no Kindle hoje! É um drama com personagens LGBTQ+ bem curtinho, 80 páginas. Por favor, peguem ele lá, leiam, avaliem, ajudem a divulgar... vai ficar gratuito até o dia 23. Se chama "Enseada Negra", eu vou deixar o link aqui e no meu perfil pq até onde eu sei não dá pra clicar em link no Wattpad. Quem quiser ajudar a subir a hashtag #EnseadaNegraNaAmazon no twitter tbm, pra ajudar a divulgar, eu agradeço demais.

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Dito isso, aproveitem o capítulo de hoje! Com ele, entramos na reta final da história. 

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"Eu sou uma idiota do caralho".

Esse tem sido o pensamento mais comum na mente de Catra pelo último mês, desde que falou aquela idiotice para Adora. Faz sentido: idiotas fazem idiotices. Após impulsivamente soltar aquela estupidez, ela cortara a conversa dizendo que ia dormir. Precisava estar preparada para o jogo contra as Whispering Rangers, e pelo resto do mês, fez silêncio sobre aquela sua irresponsável frase, e planeja continuar assim. Não pretende falar sobre isso de novo, nunca mais.

E ali está ela. Aquela boba, alegre, ingênua, que seria facilmente manipulada por metade das garotas com quem Catra já ficou e até por ela mesma se tivesse más intenções. Sorrindo radiante, como a garota boba, linda, talentosa que ela é, conforme Catra anda ao seu encontro para mais um dia de treino da equipe universitária de futebol, e lhe cumprimentando com toda aquela sua doçura que Catra não entende que razão Adora teria para achar que ela merece isso.

Hoje é quinta, dia de futebol feminino. Tem uma garota lá de quem Catra está realmente gostando: ágil, veloz, pequena e de mente rápida, uma ótima dribladora que ela se sente ansiosa para moldar numa meia-armadora como ela. A garota insiste em jogar na posição de centroavante, no entanto...

Seria muito mais fácil de fazer seu trabalho se não fosse aquela loira a distraindo. "Sai da minha cabeça!", pensa Catra, tentando se focar no treino. A atividade consiste em ataque contra defesa, dois contra dois: Catra lança a bola para duas atacantes que tem que superar uma zagueira e a goleira. Adora dirige as defensoras da lateral do campo, corrigindo o posicionamento das defensoras e quando a goleira deve intervir, trocando ideias de táticas defensivas com o treinador. O fato da loira não parar de tagarelar torna realmente difícil parar de pensar nela.

E lá vai Song Heart, a garota habilidosa. Catra faz um lançamento perfeito para ela do meio-campo e, como esperava, Song domina a bola com facilidade. "Toca", pensa Catra. "Cê é maestra, não artilheira. Toca logo". Song pedala pra cima da defensora e finta ela, e quando a goleira vem pra cima, ela espera até o último segundo para tocar para a sua companheira de ataque chutar para o gol vazio. "Aí cacete, eu falo! Essa mina é armadora, né 'centravante' não!", pensa Catra, vitoriosa, como se discutindo com alguém.
- Philips, mais segurança nos botes! Não avance tanto tão rápido! – ela ouve Adora gritar, e seu momento de distração acaba.

E então, academia. Catra começara a fazer academia num local perto de casa em vez do CT da Red Horde, de forma a simplificar a sua vida, e é claro que Adora não demorou para se nomear sua parceira de treino. Ela tagarela ao seu lado por todo o caminho, feliz da vida com alguma coisa que Catra só pode imaginar o que poderia ser.

Mas tem sido bom. Catra sente que a rotina pesada de Adora a tem feito evoluir mais rapidamente sua força e resistência física. A garota já começa a sentir que consegue correr mais durante os jogos e treinos, ainda que não o suficiente para agradar sua exigente treinadora, que prefere nada comentar sobre a melhora.

Ao terminarem sua rotina de exercícios, as atletas vão tomar uma ducha e depois, se preparam para ir cada uma para sua casa.
- Então... até amanhã – murmura Catra, ansiosa por um pouco de espaço e silêncio.
- Até – Adora começa a dar um tchauzinho tímido para a outra, que já vai se afastando e não vê – ei Catra, espera.
- O que foi? – ela para onde está e lentamente se vira para a loira. Adora caminha até ela e faz o impensável: deposita um beijo carinhoso em sua bochecha.
- Boa sorte no seu jogo amanhã – ela diz, exibindo um sorriso radiante de dentes brancos, seu rosto perto demais.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora