"Princesa", mas em português

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Após a semifinal contra a Royal Grayskull, a Red Horde derrotaria a OL Reign na final por 1 a 0, com gol de Netossa. A lesão de Scorpia era leve e em menos de duas semanas ela já estava recuperada, e pelo resto do ano, a Red Horde e a Royal Grayskull brigariam pau a pau pela liderança da Superliga, com as Thaymor Warriors, Crystal Castle e Eternia City sempre as seguindo de perto.

[...]

7 e meia da noite, 20 de fevereiro de 2021

The Grasshopper – Bright Moon City

Desde a primeira vez que Catra perguntou a Adora se ela não gostaria que ela parasse de ficar com Melina, ela repetira a pergunta pelo menos mais duas vezes, sempre recebendo respostas evasivas da loira, que "permitia" que essa relação continuasse.

Independente das respostas de Adora, Catra sente que ambas as relações têm mudado.
- E aí – ela cumprimenta a bartender, se sentando no balcão ao lado de um cara de meia-idade a quem ela serve. Melina lhe dá um sorrisinho.
- Beleza?

As duas tem conversado em inglês já há alguns meses, desde que Catra confirmou que se tornara mais fácil para ela falar essa língua do que o espanhol.
- Cê tá ocupada?
- Hã... bom... – ela indica com a cabeça a salinha de bar lotada do Grasshopper, e ri baixinho – quer um drinque?
- Traz aquele seu de morango. Quando tiver um tempo, vem conversar comigo.
- Feito.

E pela maior parte da noite, Catra observa Melina trabalhar duro, indo de uma mesa à outra, atendendo cada cliente que vem se sentar na bancada com um sorriso simpático no rosto – por mais que vez ou outra ela olhe para Catra com aquele ar de desprezo de estar tendo que lidar com um mala – prepara drinques, traz porções de salgados, vem e volta da cozinha. Depois de umas duas horas nesse vai-e-vem, Catra começa a ficar cansada só de olhar. Vez ou outra ela para diante da brasileira e elas trocam algumas palavras, normalmente piadas ou Catra pedindo alguma coisinha pra beber ou comer, mais para poder falar com ela do que por realmente desejar algo.

Finalmente, a atividade no bar começa a se acalmar um pouco e Melina encontra tempo para vir até Catra.
- E aí, se divertindo? – brinca a brasileira.
- Eu juro pra você que a minha próxima tatuagem vai ser uma bandeira lésbica na porra da minha cara – grunhe Melina.
- Que houve?
- Esses adolescentes que não devem nem ter idade pra estar bebendo. Não aguento mais ouvir essas cantadas de hétero – Catra ri baixinho.
- E eu achava que esse tipo de coisa não aconteceria em país rico.
- Eu também achava, quando me mudei pra cá! Parece que homem é uma desgraça em qualquer lugar, principalmente quando tá bêbado!
- Pelo menos – Catra indica os quatro copos vazios de drinques que Melina trouxera mais cedo – a gente sabe que você tem mãos muito habilidosas.

A mexicana ri, maliciosa.
- E você também não tem só as pernas cheias de talento – ela provoca de volta – mas e aí, o que você queria falar mais cedo? Por acaso é sobre aquela tal Adora de novo?
- Hã... mais ou menos.
- Parece que ultimamente você tem usado sua boca mais pra falar dela do que pra me chupar – Melina aproxima ligeiramente o rosto, a expressão cheia de malícia. "Ela não está mentindo", reflete Catra. Quando se conheceram, costumavam ficar várias vezes por semana. Atualmente, mal chegam a uma vez por mês.
- É que eu tava pensando se eu e ela não estamos ficando muito sérias... eu tava pensando se talvez não fosse o momento de pararmos com isso.
- Ah, eu concordo plenamente. Pra falar a verdade, eu também estava pensando em sugerir isso.
- Por causa da Adora?
- Ah, não. É que... bom – Melina tira o celular do bolso e mostra uma foto dela mesma com outra garota, essa de pele escura, sorriso sereno, cabelos negros amarrados num grande coque, pouco mais alta que Melina, as duas se abraçando de lado – acho que eu também estou ficando meio séria com alguém.
- Eita porra! Você nunca falou nada!
- Claro, eu não sou que nem você, que fica exibindo meus outros esquemas pra menina com quem eu tô ficando – debocha Melina, antes de dar continuidade ao que estava falando, animada – ela chama Alba Cortez. Os pais dela são da República Domini...
- Melina! Mesa 12! – uma voz forte chama às suas costas.
- Já vou! – ela revira os olhos impaciente e mete o celular no bolso – já eu volto, mulher das pernas talentosas.
- Okay, garota das mãos habilidosas.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora