Arrependimentos

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Aviso de conteúdo: assédio, luto

Nesse capítulo eu decidi testar algo novo, porque eu acho meio difícil ler letras em itálico e como tem muito diálogo em inglês nessa fic, achei que era melhor fazer assim: quando a Catra estiver dialogando com a Adora ou outra personagem gringa, já subentende-se que o diálogo está acontecendo em inglês, e em itálico eu vou colocar as palavrinhas em português que a Catra soltar no meio do diálogo. 


=====

Naquele domingo, Catra levara sua mãe e seus irmãos ao teatro.

Ela custou a descobrir como funcionam apresentações de teatro, para saber quais são as opções disponíveis na cidade, para comprar o bilhete, e pesquisou peça por peça de tudo o que achou para escolher a melhor possível. O privilégio acabara ficando com uma companhia local que estaria apresentando um musical de comédia com uma historinha semelhante a um desenho animado: perfeito para todos os públicos.

Catra se sente meio aérea na saída do teatro, como se desconectada da realidade. Seus irmãos e mãe conversam animadamente sobre o que acabaram de assistir, sua experiência única.
- Mana, cê tá legal? – ela ouve Jê perguntar. De volta à realidade, a garota assente e sorri.
- Vou chamar um Uber pra gente – ela diz – querem comer onde?
- Ai, você é impossível... – ela ouve sua mãe murmurar.
- Nem vem mãe, a senhora trabalhou pesado a semana toda! Agora é domingo, dia de ser rainha!
- Isso aí – apoia Lucas, já levantando a mão como quem pede a palavra – eu quero churrasco!
- Churrasco é daora hein – concorda Jefferson – mas vou deixar vocês decidirem.
- Eu quero sorvete! – Luana se manifesta.
- E você, mãe? – ela dá de ombros.
- Qualquer opção está bom pra mim.
- Mãe – insiste Catra – fala o que você quer.
- Ai, tá bom. Hmm... comida alemã? Eu nunca comi, tem um restaurante no centro que eu sempre passo na frente e fico com vontade de experimentar... – confessa dona Simone. Catra não hesita em tirar o celular do bolso.
- Fala o nome desse restaurante – ela dá uma olhadela para Luana – e depois nós vamos na sorveteria.
- Ei, e eu? – protesta Lucas.
- A gente pode ir na churrascaria semana que vem.
- Tá, firmeza então.

O grupo se aperta dentro do Uber, com dona Simone indo no banco da frente e Luana no colo de Jefferson, que vai no lugar do meio no banco de trás. Catra observa a paisagem pela janela, refletindo sobre a peça que viram. Ela contava a história de um homem com problemas de temperamento e dificuldade de enxergar e compreender as pessoas ao seu redor, porém de maneira cômica e com final feliz. De certa forma, aquele protagonista a faz pensar em Homer Simpson. Ou nela mesma.

Foi divertido ver as situações absurdas em que ele se metia e sua completa falta de noção quando tentando lidar com os sentimentos de sua esposa, de seus amigos. Para aumentar o teor cômico da peça, por vezes o ator principal conversava com o público, tentando entender a razão das pessoas estarem irritadas com ele, e o público dava respostas óbvias, às quais ele ignorava e continuava a se dizer "eu realmente não entendo, não faz sentido", e o público ria.

Mas também é doloroso se lembrar dela mesma. Se lembrar que, por mais que o caso daquele personagem fosse exagerado em nome do humor, Catra teve no mínimo algumas histórias muito parecidas na adolescência, que não terminaram em final feliz.

Ela não culpa Scarlet por tê-la deixado. Uma das poucas pessoas em sua vida que um dia deixou que a chamassem pelo seu nome de batismo, Ágata Catrina, em vez do "nome de guerra" que ganhou ainda na época do prézinho, Catra.
- Nossa... que que isso aqui? – dona Simone pergunta ao garçom, confusa, apontando para o nome de um prato no cardápio.
- Tem a descrição embaixo, senhora – explica ele, educadamente – este é um prato de carne de porco à milanesa com salada de batatas como acompanhamento.
- E isso? Ápife-quê?
- Apfelschorle. É uma bebida alemã feita com água com gás e suco de maçã.
- Hm... – Catra percebe que sua mãe está confusa com todas essas opções em alemão. Não que ela mesma não esteja.
- Nóis vai trocar umas ideia e depois te chamamo de novo, beleza? – Catra dispensa o garçom, que assente e vai atender outra mesa.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora