Primeiros contatos

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Um mês se passou desde a Algarve Cup.

Catra começara as aulas de ASL no seu tempo livre logo após as aulas de inglês, sessões de terapia nas quintas-feiras à noite (para o alívio da treinadora Weaver, que fazia observações de como pela primeira vez a atleta a estava escutando e levando algo a sério) e não apenas isso, havia começado a procurar por um apartamento próprio nas últimas semanas. O que mais motiva ela na procura desse apartamento é a ideia de que finalmente vai poder ter um gatinho, seu sonho desde criança. Antes, não podia pela falta de dinheiro. Depois, por estar vivendo na casa de outras pessoas.

Scorpia a tem ajudado com isso de procurar um apartamento. Catra ainda não decidiu se quer comprar um ou alugar. Sabe-se lá até quando vai jogar pela Red Horde, afinal... não que ela esteja pretendendo sair tão cedo.

A equipe tem jogado muito bem nessa reta final da temporada, tanto na Superliga quanto na Taça de Etéria. É uma das quatro a ter chegado às semifinais da Taça Etéria e continuam à frente da Royal Grayskull na disputa pelo primeiro lugar da Superliga, por apenas um ponto de diferença: desde o jogo que opôs Royal Grayskull e Red Horde no começo do ano, ambas as equipes venceram praticamente todas as partidas, sempre ficando pau-a-pau na classificação.

Um dos fatos que tem surpreendido Catra desde sua volta a Etéria é o quanto Adora tem se aproximado dela cada vez mais. Começara com Glimmer chamando Catra para sair com ela e seu grupinho de amigos mais vezes, até Adora começar a tomar a iniciativa no lugar da amiga, sempre acompanhadas no mínimo por Glimmer e Bow, ás vezes por outros amigos. Até mesmo Scorpia e Perfuma já as acompanharam nessas saídas.

Imaginava que o que ocorreu em Portugal ficaria por lá, mas continua percebendo aqueles olhares de flerte de Adora vez ou outra. Se beijaram algumas outras vezes em momentos em que ficaram sozinhas, mas a loira continua a recusar as investidas de Catra quando elas começam a se tornar mais sexuais.

"Não consigo sacar qual é a dela", é o seu confuso pensamento.

Nesse momento, elas se encontram na frente do principal teatro da Universidade de Bright Moon, para aquela apresentação à qual Double Trouble havia lhe convidado algumas semanas antes. Por insistência de Scorpia, haviam saído de casa muito antes do horário e chegaram adiantadas. Ambas usam vestidos simples casuais e permanecem de braços dados durante o caminho do carro até a entrada do teatro.
- Eu vou indo nessa! – anuncia Entrapta, ao avistar dois caras altos e branquelos que parecem irmãos gêmeos, exceto que um tem cara de poucos-amigos e parece um emo e o outro sorri amigavelmente.
- Quem é? – pergunta Catra.
- Hordak Prime e Wrondak Prime – afirma Scorpia – são os melhores amigos da Entrapta. Mas... – ela passeia os olhos no ambiente, até localizar um homem branquelo, de olhos verdes, terno, dreads, tão alto quanto os dois.
- O pai deles não é flor que se cheire – completa Perfuma. Catra encara a garota das flores por longos momentos.
- Não entendi.
- O pai deles não é uma boa pessoa – experimenta Scorpia, e ela percebe que Catra compreendeu pela expressão que faz.
- Por quê?

Scorpia tira o celular do bolso, digita alguma coisa e entrega para Catra. Ela vê a tela do google tradutor.

"Horde Prime é o homem mais rico de Etéria. Vamos apenas dizer que ele usa seu dinheiro para tentar influenciar demais a política, e suas ideias realmente não são algo que eu toleraria. Ele também tem uma tonelada de processos judiciais contra ele por causa de fraudes, violações dos direitos dos trabalhadores, evasão fiscal, etc. Estou feliz que os dois filhos não sejam como ele, embora antes fossem. Oh, aliás, ele também é o dono da Horda Vermelha".
- Então esse otário é o nosso patrão? – se pergunta Catra, encarando com raiva a parte que diz "violações dos direitos dos trabalhadores". Ela não entende de leis, não sabe como sustentar seu argumento, mas tem certeza que muito do que seus patrões fizeram contra sua mãe enquanto crescia era violação dos seus direitos. Scorpia, que não entende o que ela diz mas sente a raiva em sua voz, assente.
- Ele, é... tem umas ideias bem malucas sobre "purificar a sociedade eteriana". Soa bem... eugenista para mim.
- É racista, e homofóbico, e transfóbico
– replica Perfuma, com um tom de mágoa na voz. Scorpia puxa a namorada para um meio-abraço, como se a tranquilizando.
- Sim.
- Que filho da puta. Ele não viu minha cor antes de vir me contratar não? – murmura Catra.
- Catra! Scorpia! – uma voz conhecida, animada, e que não pronuncia seu nome como uma gringa a chama. A brasileira se vira para dar com a única outra brasileira que conhece em Etéria, Netossa, de braços dados com sua esposa, Spinerella. Ela veste um elegante terno branco, enquanto sua esposa traja um vestido longo e roxo.
- Spinny! Há quanto tempo! – Perfuma dá um rápido beijo e abraço na esposa de Netossa.
- Perfuma! Como você está?
- Vocês nunca mais nos chamaram para almoçar, assim eu fico magoada!
- Não esperava ver vocês aqui – diz Netossa, sorridente, e troca um abraço rápido com Scorpia e outro com Perfuma, antes de apertar a mão de Catra.
- Catra me mostrou esses dias que recebeu um bilhete de graça pra assistir a peça – conta Scorpia, fingindo inveja – pensei que fazia tempo que não íamos ao teatro, mas agora ela fica se exibindo por ser "VIP".
-
Sou VIP memo ué. Ganhei bilhete de graça da estrela da noite – concorda Catra, presunçosa, e arranca risadinhas de Netossa.
- Ei, acho que ainda não nos conhecemos. Prazer, eu sou Spinerella – a mulher de cabelos rosas vem cumprimentá-la, sorrindo educadamente – minha esposa fala muito sobre você.
- Ah... olá – Catra aperta sua mão, olhando para Netossa por cima dos ombros dela, insegura do que fazer – Catra.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora