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KATRINA

-Por que ele? –Ele questionou.

Fiquei em silêncio. Kenedy aparentemente se irritou, pois segurou meu rosto fazendo com que eu o encarasse.

–Eu cuidei de você. Te protegi de inúmeras maneiras e você escolheu aquele babaca! Eu sou melhor que ele! Posso te oferecer um mundo, Katrina! –Kennedy demonstrava mágoa. –Eu me livrei do Henric por você!

-Você fez isso por você! –Falei tirando a mão dele do meu rosto. –Você fez isso porque queria o lugar dele! Eu jamais pedi para matar alguém, jamais... –Kenedy sorriu com nervosismo, sua respiração estava descompassada.

-Pode até não parecer, mas tudo que fiz, foi por você. Ele praticamente te comprou... E mesmo assim você gosta dele...

-Eu o amo. –Falei de maneira firme.

-E quanto á mim? –Ele questionou.

-Eu não te suporto, ficar ao seu lado me enoja e... –Antes que eu pudesse terminar a frase, Kenedy acertou um tapa bem forte minha face, de imediato senti meu rosto formigar, lágrimas brotaram em meus olhos. –E ainda pergunta o porquê de escolhê-lo ao invés de você? –Falei com a voz embargada. –Parece óbvio... Não acha? –Kenedy afastou-se de mim e passou as mãos em sua cabeça, começou a xingar descontroladamente, ele estava fora de si.

-Eu não vou fazer de novo! –Ele disse assim que voltou a se aproximar de mim. –Você me irritou e eu agi no impulso... –Kenedy levou sua mão até meu rosto, e começou a acariciar o mesmo, me encolhi e tentei me afastar, mas ele não permitiu isso. –Não foge de mim! –Ele falou com os dentes cerrados. Antes que eu pudesse dizer ou fazer algo, um movimentação fez com olhássemos para cima, foi então que respirei aliviada ao ver o Pedro.

Mas ele não estava sozinho, tinha outros três caras com ele, um deles me lembrava de Henric... Claro! Era o tal Hector!

-Pedro, me ajuda! –Falei. Pedro olhou para o Hector, que olhava como se fosse atacar Kenedy a qualquer momento.

-Você surtou? Qual é a sua, Kenedy? –Hector gritou para Kenedy e apontou para seu braço, que tinha algo semelhante a um curativo, tinha uma grande mancha de sangue.

-Vem, Katrina! –Pedro caminhou até a borda piscina e se curvou. –Segura a minha mão que eu te puxo... –Kenedy apertou meu corpo contra o dele me impedindo de ir até o Pedro. –Solta ela, Kenedy! –Pedro falou de maneira firme. E os próximos segundos foi como um grande borrão, um som seco irritou meus ouvidos e logo senti o peso de Kenedy recair sobre mim, levando-me ao chão junto a ele. –Droga, Caio! –Ouvi vagamente a voz do Pedro, que havia levantado em um pulo e levava as mãos a sua cabeça.

-Ele surtou! –O cara tentava se justificar.

Pedro andava de um lado para o outro, balbuciava algo que só ele conseguia ouvir. Só então notei o que havia acontecido... Com dificuldade empurrei o corpo de Kenedy para longe de mim, sua camisa azul clara estava coberta de sangue. Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, e como um djavú, as imagens de Henric na mesma situação assombraram minha mente.

Me arrastei para longe dele e passei a mão pelo meu vestido, tentando tirar aquilo de mim. Agora quem estava desorientada era eu.

Senti meu corpo ser erguido, e logo eu estava fora da piscina, evitei a todo custo olhar para trás, só sabia que alguém praticamente me arrastava para longe daquele lugar, meus pés descalços sentiam um leve formigar por contas das pedras que haviam por ali, as lágrimas desciam de forma involuntária, soluços sufocavam a minha garganta.

-Tira ela daqui! –Ouvi uma voz vaga dizer.

A pessoa segurava minha cintura de maneira firme, tentando me deixar em pé, olhei para o lado e vi que era Pedro, e pela primeira vez, vi lágrimas em seu rosto.

-Ele era meu amigo. –Pedro se justificou após virar o rosto para que eu não visse sua “fraqueza”.
Os próximos minutos ficaram vagos em minha mente, minha cabeça latejava por conta do meu choro insistente, quando Pedro parou o carro em frente ao condomínio onde morava, vi que Matheus estava lá, ele correu ao meu encontro, abrindo a porta do carro e puxando-me para os seus braços.

-Acabou... –Foi a única coisa que eu pude dizer. –Acabou. –Insisti. Matheus apenas balançou a cabeça.

-Eu estou aqui. –Matheus me abraçou forte, deitei minha cabeça em seu peito e respirei fundo. –Eu vou ficar aqui. –Ele falou.

O pior já havia passado, tudo ficaria bem, e por mais estranho que fosse aquele momento, agora poderíamos respirar aliviados.

E de repente, foi como se a única “conexão” que me prendia ao passado, houvesse sido desligada. Por mais mórbido que fosse aquele momento, eu pude enfim me sentir livre.

Kenedy havia procurado por sua própria destruição, e infelizmente, eu não conseguia me sentir triste por isso.

EVAWhere stories live. Discover now