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KATRINA

Acordei horas depois, logo senti o calor do corpo dele ao meu lado, de imediato um sorriso estampou meu rosto, me mexi de uma maneira estratégica, e logo encarei a feição de pura calmaria do Matheus.

Seu corpo se movia conforme ele respirava, seu cabelo bagunçado e sua mão sobre seu rosto. Eu poderia admirá-lo para sempre, pois em minha concepção, pessoa mais bela não existia.

-Para de me encarar enquanto durmo, Katrina... –Matheus resmungou, fazendo com que eu me assustasse e também corasse por ter sido pega em flagrante. –Isso é estranho! –Ele finalizou sorrindo. Sua mão ainda cobria parte de seus olhos, deixando apenas sua perfeita boca descoberta. Mesmo com o rosto provavelmente ruborizado, sorri ao vê-lo sorrir.

-Perdeu o sono? –Murmurei enquanto arrastava meu corpo pra perto do dele.

-Não. –Ele falou, em seguida, descobriu seu rosto e inclinou-se para me encarar, e quando conseguiu, segurou em meus ombros e me arrastou para perto dele. –E você? Perdeu o sono? –Ele balbuciou enquanto bocejava.

-Não... –Falei.

-Só acordou para agir de forma estranha. Não é? –Ele zombou. Revirei os olhos e deitei minha cabeça em seu braço.

-Volta a dormir. –Falei mau-humorada, e escutei o riso baixo de Matheus.

Ficar ali era tão bom, me transmitia tanta segurança, que bastou algumas piscadas para que o sono voltasse a me embalar.

A claridade começava a me irritar, tampei os olhos com meu braço e resmunguei.

-Droga... –Falei enquanto me movia na cama, logo o vazia do meu lado fez com que eu despertasse de vez. Ergui meu corpo para frente e olhei em volta, Matheus esquecerá da janela aberta, e os raios de sol já tomavam conta de seu quarto. Ele havia saído? Porquê não me acordou? Puxei o lenço branco para cobrir meu corpo, e quando levantei, acabei tropeçando e indo direto ao chão. Fiquei um tempo parada, para que a dor se esvaísse. –Meu Deus... –Murmurei apoiando minhas mãos e joelhos no chão para que eu pudesse enfim levantar. Que cena patética!

Olhei para trás e vi inúmeras sacolas espalhadas pelo quarto, quer dizer, as sacolas com as coisas que eu havia comprado ontem. Por que ele havia as deixado ali? E não no meu quarto? Espera... Isso era uma demonstração do “eu te amo” da noite anterior? Ele dividiria seu quarto comigo? Em especial, seu guarda-roupa?

Sorri brandamente enquanto me erguia em um único pulo. Eu estava tão feliz! Precisava vê-lo, mas não assim, provavelmente ele fugiria caso me visse naquelas condições, camelo emaranhado, cara amassada de sono. Definitivamente eu precisava me arrumar.

E assim fiz, tomei um banho incrivelmente rápido, e escolhi usar um vestido roxo, o coloquei e penteei meus cabelos e desci a escada apressadamente.

–Matheus? –O chamei enquanto atravessava a sala vazia. –Matheus? –Insisti ao não obter uma resposta. Mas logo outro sorriso brotou em meus lábios, Matheus estava na cozinha, especificamente em frente da geladeira, bebendo um copo gigantesco de suco, ele estava vestido apenas com uma calça de moletom preta, deixando-o incrivelmente mais bonito do que o normal. –Bom dia! –Falei entusiasmada.

-Bom dia. –Ele respondeu oferecendo a mim um breve sorriso, que desapareceu tão rápido quanto surgiu. –Dormiu bem? –Ele perguntou enquanto se aproximava de mim.

-Perfeitamente bem. –Respondi ainda sorrindo.

Estava tudo muito perfeito. Perfeito demais pra ser algo sobre a minha vida. E Sol demais... Era sinal de tempestade.

Fiquei boa parte do dia no quarto, Matheus ficou na sala, pois tinha que resolver alguns assuntos da empresa em seu notebook. Já que era sua obrigação, não reclamei. Hora ou outra eu descia e trocávamos algumas palavras, mas ele parecia tão concentrado que eu não quis atrapalhar.

Já era fim de tarde quando escutei vozes na sala, mas antes que eu pensasse em descer, ouvi Matheus chamar meu nome. Desci os degraus rapidamente, minha curiosidade era grande, afinal, Matheus nunca convidava pessoa alguma para ir em sua casa, e com o último episódio, garanto que visitas seriam coisas ainda mais raras ali.

-Oi? –Falei assim que apareci na sala. Sorri de imediato ao reconhecer Sophia, irmã de Matheus.

Ela estava radiante como sempre em um vestido amarelo que batia em seus joelhos. Combinavam perfeitamente com a cor dourada de seus cabelos, ela era absurdamente linda.

–Oi, Sophia. –Falei animada enquanto ia até ela, que já me esperava com os braços abertos.

-Katrina! –Ela falou alegre enquanto nos abraçávamos. –Como está? –Ela enfim desvencilhou-se de mim, e me encarou com aquele olhar azulado semelhante ao do Matheus.

-Bem, muito bem! –Respondi sorridente, e sem conseguir disfarçar, encarei Matheus, que correspondeu meu olhar do outro lado da sala, Sophia notou e disfarçou ainda sorrindo. –E... E você? –Perguntei.

-Estou bem. –Indagou. –Matheus, porque não vai buscar algo pra mim? Estou morrendo de sede. –Ela encarou o irmão, que balançou a cabeça concordando e entrou no pequeno corredor. Sophia olhou rapidamente para mim, e notei a “necessidade”, em seu olhar, certo apelo.

-O que houve, Sophia? –Perguntei. Ela olhou para trás verificando se o irmão se aproximava, ao ver que não, suspirou pesadamente e voltou a me encarar.

-Preciso de sua ajuda! –Ela falou em um sussurro. –Matheus com certeza vai levar em conta seus comentários, então por favor...–E antes que eu pudesse perguntar do que tudo aquilo se tratava, Matheus voltou segurando dois copos de sucos, entrega um para a irmã, e o outro, para mim, deixando-me certamente muito surpresa por sua atitude.

-Obrigada. –Murmurei enquanto encaro a Sophia, ainda desconfiada por seu pedido.

Sophia disfarçou perfeitamente, como uma dama! Tomou um pequeno gole de seu suco e olhou em volta como se estivesse admirando o ambiente.

-E então, Sophia... O que veio fazer aqui? –Matheus perguntou.

Apesar da maneira rude da pergunta, vejo que não a maldade em seu questionamento, é apenas seu habitual modo de falar. Sophia também pareceu estar acostumada, pois sorriu e abriu a bolsa que estava apoiada em suas pernas.

-Dona Ester, mandou que te entregasse isso em mãos. –Ela ofereceu um cartão vermelho para Matheus, que inclinou o corpo para ver do que se tratava, olhou por alguns instantes, e quando percebeu do que se tratava, balançou a cabeça negativamente e voltou a se acomodar no sofá.

-Eu não vou. –Ele falou rispidamente. “Dona Ester”... De onde eu conheço esse nome? Claro! É a mãe dele!

-Por favor, Matheus! –Sophia falou. –É aniversário dela! –Ela pediu juntando as mãos em forma de súplica. –Ela praticamente implorou para que eu viesse aqui. –Sophia insistiu.

-Eu não vou! –Ele voltou a repetir.

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