EVA

021

KATRINA

[...]

Três dias haviam passado desde o meu primeiro programa, eu já tinha feito mais quatro ao decorrer da semana e levantei uma boa quantia, ganhava alguns agrados dos clientes satisfeitos e o pagamento que o Henric fazia, eu guardava tudo no fundo do baú, e logo teria que abrir uma conta, não seria seguro ter tanto dinheiro em casa.

Kenedy sempre investia em mim, mas eu sempre dava o meu jeito de escapar, ele ficava enfurecido, eu notava, mas não ligava.

Henric parecia estar feliz com o meu “desempenho”, ele estava me tratando com mais gentileza, e isso era só o começo, ele iria comer em minha mão, eu seria a principal fonte de dinheiro dele... E isso não estava tão distante de acontecer.

O que posso dizer dos outros caras com que dormir? Bem... Não posso reclamar, não foi tão bom quanto a noite com o Eduardo, mas mesmo assim não posso sair por ai reclamando.

Dois desses clientes foram velhos, mas os velhos adoram carne nova como as meninas disseram, e eles sabiam ser agradáveis, fizeram de tudo para me agradar, o outro foi um cara que estava na casa dos seus quarenta anos, mas estava bem conservado, já o outro foi um desses playboys mimadinhos que só querem ter um orgasmo para sair se gabando para os amigos que comeu uma “vadia”.

Hoje era sábado, o Henric não havia falado nada, então pensei que não tivesse fechado nenhum evento pra mim.

Só a Joice tinha um evento hoje, e mesmo assim voltaria cedo, então decidimos fazem uma noite para as meninas... Eu estava pra lá de animada e eufórica, nunca tive isso, nunca tive amigas, e essa experiência era nova.

Decidimos fazer uma SPA em casa, iríamos comprar algumas pizzas e assistir filmes. Enquanto esperávamos a Joice chegar, fomos passando inúmeros cremes no rosto e na pele, Camila fez uma mascara que jurava fazer milagres no cabelo.

-Vai querer passar, Katrina? –Camila perguntou segurando um pote de porcelana onde ela havia feito a mistura dela. –Juro que é ótima! –Assenti sorrindo e virei, soltando meus cabelos.

-Pode passar. –Ela assentiu animada.

-Você é doida de dar o seu cabelo pra essa maluca! –Valentina falou rindo e Camila resmungou.

Camila passou toda aquela meleca que cheirava a jasmim em meu cabelo, e depois passou no dela.

Assim que terminamos esse ritual, Valentina ligou para a pizzaria e Camila pegou o seu notebook para escolher um filme.

-Qual vamos assistir? Terror? –Camila falou enquanto olhava para a tela de seu notebook rosa com inúmeros adesivos.

-Não! –Valentina falou. –Romance... –Ela falou melosa e a Camila revirou os olhos. –A Katrina quer? Não é? –Dei os ombros.

-Por mim tanto faz. –Elas começaram a discutir, mas logo Valentina convenceu a Camila de colocar “Um amor para recordar”.

Quando a pizza chegou, Camila correu para ir buscar, Valentina e eu ficamos envolvidas na trama, estava quase no final e já tínhamos derrubados rios de lagrimas, chegava a ser patético... Camila voltou com duas caixas de pizza na mão e as colocou em cima da mesa de centro, levantei para ir buscar os pratos e os copos.

Sentei ao chão e abri a caixa, pegando dois pedaços de pizza, e voltei rapidamente para o sofá e olhei atenta para a tela.

-Que lindos! –Valentina exclamou enquanto soluçava perdida em lagrimas.

-É mesmo... –Concordei e mordi outro pedaço de minha fatia de pizza.

-Vocês são duas românticas ridículas... Isso é vida real, nunca que isso ia acontecer conosco. –Camila falou e eu a olhei, Valentina a lançou um olhar de reprovação e ela deu os ombros. –Eu sou realista! Olha o que somos, meninas...

-Ela tem razão. –Viramos os três para a porta da sala de onde vinha a voz.

Era o Kenedy, ele fechou a porta e caminhou até nos com um sorriso debochado nos lábios.

-Olha o que vocês são... Nenhum homem vão assumir vocês, nem apresentar vocês a família no natal e muito menos dar o sobrenome pra vocês. –Ele falou com um sarcasmo diabólico e sentou-se ao meu lado, passando a mão em minha perna. –Vocês são uma diversão pra eles, nada alem disso. –Tirei a mão dele bruscamente de cima de mim e levantei-me, sentando ao lado da Camila. –Ih, ficou bravinha? –Ele riu. –Não falei nada além da verdade... –Ele se debruçou pra alcançar a caixa de pizza, pegando um pedaço. –Você. –Ele apontou para a Valentina. –E você... –Ele apontou pra mim. –Vão se arrumar, daqui há meia hora estamos partindo.