084

1.7K 151 10
                                    

KATRINA

Fechei a janela rapidamente, desci do sofá e encarei o endereço, eu conhecia esse bairro, apesar de ter ido lá uma única vez... Era um bairro de alto padrão, ficava um pouco afastada da loucura da cidade, casa dezoito.

Olhei para os lados e por fim escondi o papel em meu sutiã, praticamente corri até a escada, mas antes de conseguir subir, Kenedy puxou meu braço e arrastou meu corpo até o quarto.

-O que foi agora, Kenedy? –Perguntei tentando desvencilhar meu corpo de seus braços.

Kenedy me balançou violentamente ao ver minha inquietação, resolvi me "acalmar", permanecendo parada para que ele pudesse enfim soltar meu corpo. E assim ele fez.

Virei para encará-lo, e o mesmo me lançava um olhar que lembrava muito ao do Henric quando ficava irritado comigo, mas o do Kenedy era muito pior... Era quase doentio.

-O que ele veio fazer aqui? –Ele perguntou irritado.

-Como posso saber? –Falei. –Ele veio procurar o Henric, não foi? –Fingi tédio.

-E ele já conhecia o condomínio? –Ele perguntou com sarcasmo.

-Como vou saber, Kenedy? –Dei os ombros. –Na certa ele perguntou alguma coisa para os seus empregadinhos lá... –Falei dando um sorrisinho debochado no fim.

Tudo bem, eu havia provocado ao usar o termo “empregadinho” com ele, mas poxa... Kenedy mereceu!

-Então você achou engraçado o que aquele palhaço disse? –Ele perguntou enquanto caminhava em minha direção, desfiz meu sorriso na hora, passei a mão no rosto e balancei a cabeça negativamente.

-Não. –Falei.

Kenedy parou diante de mim, o encarei.

–Posso ir agora? –Kenedy apertou minha bochecha, fazendo com que eu o olhasse de maneira fixa. –Para, Kenedy... –Murmurei com dificuldade por conta da pressão que ele fazia em meu rosto, ergui minha mão e tentei tirar seus dedos do meu rosto.

-Você se esquece muito rápido de quem é que manda em tudo, não é? –Ele aproximou seu rosto do meu. –Eu quem mando em tudo... Inclusive em você, Katrina! E eu não gosto nem um pouco de dividir o que é meu, entendeu? –Balancei a cabeça freneticamente. –ENTENDEU? –Ele gritou próximo do meu rosto.

-Entendi... –Murmurei.

Por fim, ele soltou meu rosto e eu caminhei até a porta, mas antes ele segurou novamente meu pulso, fazendo com que eu parasse novamente, ele se aproximou outra fez e pegou o papel em meu sutiã.

-Eu fico com isso. –Ele falou de maneira dura, sorrindo da maneira que eu tanto odiava. –Agora você pode ir, mas não se esqueça do que eu falei... Você não vai querer que eu vá fazer uma visita na casa daquele otário, ou vai? –Balancei a cabeça. –Que bom então, estamos conversados.
Ele amassou o endereço e enfiou no bolso da calça. Girei a maçaneta e abri a porta lentamente, dando de cara com a bruaca da Morgana.

-VOCÊ FINALMENTE VOLTOU! –Ela berrou histérica.

Cobri minhas orelhas e a remendei. Ela abraçou o Kenedy, que fechou a porta. Ouvi o trinco da mesma ser fechado e revirei os olhos pensando no que aconteceria naquele quarto.

-Todo seu, queridinha. –Murmurei enquanto subia as escadas.

Adentrei no quarto e vi que estava “habitado” apenas pela Camila e pelo Pedro, que lançou seu sorriso preguiçoso.

-Oi Pedro. –Sorri. –Oi Camila. –Minha voz já não tinha tanto entusiasmo, eu a aturava por conta do Pedro, caso contrário, nem mesmo o meu "oi" ela teria.

-Eai, loira. –Pedro saudou. Sentei em minha cama e encarei meus pés, estava pensativa com um conflito interno... “Ir ou não ir? Eis a questão!”.

Ir para qualquer lugar agora seria um problema, Kenedy ficaria em minha cola... Se eu fosse rápida, talvez conseguisse sair sem ele se dar conta.

Com certeza ele iria para a boate, saber como anda seus negócios, seu “reino”.

Balancei a cabeça tentando afastar essa idéia da cabeça, eu não iria! Em absoluto!

Decidido!

Matheus sempre que teve oportunidade achou meios pra me humilhar, e com certeza hoje não seria diferente.

Não iria me encrencar com Kenedy para no fim dar com a cara no chão com as ofensas que Matheus com certeza distribuiria.

Resolvido! Eu não iria.

Camila e Pedro conversavam entre beijos e caricias, aquilo estava me deixando maluca! Ficar de vela ninguém merece.

Levantei, e caminhei até a porta, descendo as escadas apressadamente enquanto olhava em volta, Valentina assistia algo na TV e Joice estava na cozinha. Fui até a sala e sentei na poltrona, jogando meus pés pra cima e ficando em uma posição que deixaria os contorcionistas com inveja! Valentina sorriu ao ver minha pose, balançando a cabeça e jogando a almofada em minha direção.

-Você não é normal! –Ela falou rindo. Dei os ombros e mirei minha atenção na TV.

-Que filme é esse? –Perguntei.

-Namorada de aluguel. –Assenti. –Já assistiu? –Assenti outra vez.

-Repete muito na TV aberta. –Ela balançou a cabeça.

-Eu nunca assisti. –Ela falou.

-É muito bom... –Falei e enquanto acertava minha postura, pois minhas costas começaram a doer.

Camila e Pedro desceram e sentaram-se no sofá maior, Joice também veio pra sala e sentou-se ao lado de Valentina, que assistia o filme concentrada. Todos em silêncio.

Minutos depois, Kenedy e Morgana saíram do quarto. Morgana ria igual uma retardada enquanto Kenedy a abraçava por trás e distribuía beijos em seu pescoço, Joice olhou a cena de cara amarrada e voltou a prestar atenção no filme, fingindo indiferença.

Morgana vestia a camisa do Kenedy, e o mesmo estava somente com sua calça, os braços dele contornavam o corpo de Morgana, que parecia estar em um paraíso... Coitada! Kenedy olhava pra mim enquanto beijava o pescoço de Morgana, olhares daqueles que usamos quando queremos fazer ciúmes para uma paquera ou apenas uma vingançinha de sétimo ano.

EVAМесто, где живут истории. Откройте их для себя