EVA

044

-Que história é essa? -Kenedy olhou-me de forma confusa, Joice gritou algo e tentou se soltar para voltar a me agredir, Kenedy a segurou ainda mais forte. -CHEGA JOICE! -Ele esbravejou, e ela resolveu se "acalmar".

-Se eu te soltar você não vai voar no pescoço dela, não é? -Cerrei os olhos e respirei fundo, a encarando de maneira provocativa.

-Pode me soltar, Pedro. -Falei, ele pensou por alguns segundos, mas acabou cedendo e enfim me soltando.

-Relaxa, Katrina-Ele pediu e eu assenti.

-Liga para o Henric, se minhas coisas e meu dinheiro não aparecerem eu vou ir embora hoje mesmo. -Falei duramente, as meninas me olharam, a postura da Joice não parecia ser mais tão desafiadora. -Eu quero as minhas coisas. -Repeti. -Passei pelas minhas a encarando da pior maneira que eu conseguiria, com repulsa, com ódio.

Sai daquele cômodo maldito e subi até o banheiro.

Lavei minha face e a enxuguei, a deixando limpa, prendi o cabelo e ao levantar meu braço para amarrá-lo, vi os arranhões avermelhados que ela havia feito em mim, a xinguei mentalmente e sai do banheiro, dando de cara com o Pedro, ele trazia com ele uma de suas camisas.

-Obrigada. -Sorri educadamente pelo sei gesto e a coloquei, ele sabia perfeitamente que não aceitaria nenhuma roupa vinda daquelas meninas que um dia confiei.

-Já liguei. -Ele falou se referindo ao Henric, apenas assenti e murmurei um "obrigada" baixo, descemos juntos e todos estavam ali, e vi que no centro da sala havia um saco grande daqueles de lixo sob a mesa, já imaginando o que era, fui até ele e meu sangue borbulhou assim que vi minhas coisas ali, um forte cheiro de água sanitária subiu misturando com o aroma doce do meu perfume e cremes.

Olhei pra Joice que já não parecia tão mais valente igual a minutos atrás, peguei o saco de lixo e despejei minhas coisas na mesa, minha cara foi ao chão ao ver tudo o que era meu ali, minhas roupas manchadas por conta da água sanitária, nada havia se salvado: calças, saias, agasalhos, blusas... Tudo havia sido manchado, e o que não estavam tão afetados por conta das manchas, ela havia feito questão de passar a tesoura.

Meus cremes estavam vazios, os fracos de perfumes quebrados, assim como todas as minhas maquiagens.

-Não acredito... -Murmurei enquanto passava as mãos pelo rosto.

-Quando o Henric chegar, você vai ficar ferrada, Joice. -Pedro falou enquanto mexia nas minhas coisas parecendo estar tão perplexo quanto eu. -Você ferrou com todas as coisas dela... -Ele falou.

Fiquei revirando minhas coisas ainda sem acreditar, eu não tinha muitas coisas, mas o que havia ali era meu, e nem ela, nem ninguém tinha direito de fazer aquilo.

Minutos depois ouvimos um carro freiar bruscamente, Kenedy levantou e espiou pela fresta da cortina, voltando a sentar-se em seguida.

-Chegou. -Pedro falou cortando o silêncio.

Olhamos pra porta que foi aberta segundos depois, Henric nos encarou com um olhar mortal, passou a mão na testa e respirou fundo.

-Qual é umas das principais regras dessa casa? -Ele falou aumentando o tom de voz. -EU NÃO VOU REPETIR! -Ele gritou fazendo com que todas, inclusive eu, levarmos um susto.

-Nada de brigas... -Lhe respondemos juntas.

-E que droga vocês estão fazendo aqui?! Vocês acham que eu não tenho o que fazer? Eu não tenho tempo pra ficar resolvendo essas besteir...

-Olha a mesa, Henric. -Falei o interrompendo.

Ele obviamente não gostou da minha interrupção, mas apenas me censurou com um olhar crítico e depois mirou sua atenção pra mesa.

-O que é isso? -Ele perguntou enquanto ia ate a mesa.

-Minhas roupas, aliás, não só as minhas roupas... Como você pode ver, todas as minhas coisas estão aí. -Falei irritada. -Fora o meu dinheiro que até agora não vi a cor. Estava tudo guardado dentro dessa jaqueta aqui... -Peguei a jaqueta que um dia foi verde e agora era uma aquarela, alguns tons brancos e outros amarelados. -Aqui... -Abri o bolso mostrando que ele estava vazio. -Todo o dinheiro que eu havia ganhado durante esse tempo estava aqui, e como você pode ver, não está mais. -Falei jogando a jaqueta sobre a mesa e passando as mãos pelos cabelos na tentativa de me acalmar.

-Quem fez isso? -Ele deu outra olhada nas roupas e depois afastou-se dali, sentando-se ao lado da Joice. Ele já sabia exatamente quem havia feito isso, mas claro, Henric era um maldito doente e gostava de provocar medo, desconforto em nos. -Você sabe quem foi, Joice? -Ele a encarou. -Sabe?