100

1.7K 145 11
                                    

KATRINA

Sem conseguir me conter deixei com que um sorriso nascesse em meus lábios.

Matheus disfarçou, pegando seu celular e “verificando” algo, provavelmente sem importância.

-Você deve estar cansada. –Ele falou, pegando minha mochila das minhas mãos e subindo. O segui em silêncio. Ele caminhou pelo amplo corredor branco, com alguns quadros que deveriam ser absurdamente caros estampados em sua parede, tinham muitas portas ali em cima, mas Matheus abriu a terceira, que ficava do outro lado do corredor, bem distante de seu quarto. –Você pode ficar aqui. –Ele falou, colocando minha mochila na cama king size branca no centro do quarto.

-Obrigada. –Murmurei, aproximando-me da cama e sentando na mesma.

-Se precisar de algo... –Ele olhava pra todo canto daquele quarto, menos pra mim. –É só pedir. –Ele murmurou antes de sair, fechando a porta e deixando-me ali sozinha.

Suspirei pesadamente enquanto olhava em volta, o quarto era discreto e muito bem arrumado, típico de um cara solteiro e rico, pois ali não tinha absolutamente nada com um toque feminino. Cama branca, lençóis brancos e um armário branco... As únicas coisas que davam cor naquele quarto era a madeira bem encerada e os detalhes pretos de alguns móveis e objetos. Tinha um pequeno despertador no criado mudo, o coloquei na gaveta e apoiei minha mochila ali. Essa seria a hora perfeita para um banho, então tirei meu moletom e o dobrei, colocando novamente na mochila.

Minha estadia ali seria provisória, então eu não colocaria nada no armário ou coisa assim, não queria que Matheus me considerasse um estorvo ou nada do tipo, logo eu daria meu jeito e conseguiria um lugar só pra mim, eu só precisava me resolver. Era nisso que eu precisava pensar e acreditar.

Repeti o processo com o restante de minhas roupas, e fui até o banheiro, que seguia o mesmo esquema de “decoração” que o restante do quarto. Balancei a cabeça enquanto ligava a água. Meu banho foi rápido, pois estava exausta e louca para dormir.

Eu amava dormir, pois meio que era minha única hora de paz e sossego onde nada poderia me chatear ou me machucar.

Coloquei uma camisa que eu havia pegado da Morgana e um short soltinho que peguei da Joice, ambos tinham os cheiros das donas. Estava quase tirando para colocá-los de molho por um ano, pra ver se aquele cheiro doce e enjoativo sumia.

-Katrina? –Matheus falou enquanto entrava no quarto, sem sequer bater na porta. O que eu poderia fazer? A casa era dele.

-Oi? –Falei enquanto fechava minha mochila.

-Então... –Ele passou a mão no rosto. –Está tudo bem? Está precisando de alguma coisa? –Ele perguntou se fazendo de durão, mas no fundo pela sua postura inquieta era notável que ele estava todo sem jeito.

-Não, Matheus. –Falei com um sorriso nos lábios. –Obrigada.

-Seu braço... –Ele apontou para meu braço, agora descoberto por conta da camisa sem manga. –Está doendo? –Ele perguntou enquanto me encarava.

-Não... –Alisei meu braço e sorri para tranqüilizá-lo. –Está bem melhor do que aparenta estar. –Ele balançou a cabeça. –Posso perguntar algo? –Perguntei enquanto me ajeitava na cama.

-Pode. –Ele balançou a cabeça. –É claro.

-Você bateu no Pietro mesmo? –Perguntei enquanto encarava aquele olhar azulado.

-Sim. –Matheus falou e disfarçou alguns segundos antes de finalmente sentar-se ao meu lado.

E quando fez se manteve distante apenas alguns centímetros, seu cheiro já havia inundando o quarto. Como eu amava aquele cheiro! Tentei disfarçar a maneira completamente desnorteada que Matheus sempre me deixava.

–Teria feito coisa pior, mas Henrique entrou no meio e acabou me pegando despreveni... –O interrompi.

-Henrique ajudou o Pietro? –Perguntei.

-Ele nem sabia do que se tratava a discussão, mas assim que viu uma oportunidade para acabar comigo... Não pensou duas vezes.

-Ele foi desonesto. Covarde. –Falei incomodada. Matheus permitiu-se sorrir brevemente.

-É o extinto dele. –Ele falou enquanto me encarava. –É um grande covarde. Mas como eu disse... Ele ficou bem pior.

-Henrique também? –Perguntei.

Matheus deu os ombros e sorriu com desdém.

-A interrupção do Henrique custou caro para o próprio. –Matheus falou. –O olho dele não está bonito como antes. Inchado talvez. –Matheus falou com sarcasmo. Acabei sorrindo junto a ele.

-Você é louco! –Falei balançando a cabeça enquanto sorria. Matheus sorriu novamente, um sorriso tímido e ao mesmo tempo misterioso.

-Você adora caras assim, não é? Pois então, estou em vantagem. –Matheus falou, consegui ver o sarcasmo maldoso em seu tom de voz, tanto que parei de sorrir. –Kenedy, Pietro... E parece que até o Henr... –Ergui minha cabeça para encará-lo, e tentando parecer o mais seria e raivosa tratei de respondê-lo.

-Henrique não! –Falei. –Nunca tive nada com seu irmão. –Falei enquanto o encarava. Matheus pareceu ficar  surpreso, mas não tirou o sorrisinho sarcástico do rosto.

Claro, eu já tive sim “algo” com o Henrique, “algo” muito além de um simples beijo, mas o que ele acharia se soubesse disso? Se ela já me julga por ser a garota que ganha a vida dormindo com caras estranhos por dinheiro, imagina o que ele acharia caso soubesse que já tive algo com o irmão que ele tanto odiava.

-Não? –Ele perguntou desacreditando.

-Não! –Falei de maneira dura.

EVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora