137

1.4K 133 34
                                    

KATRINA

-Oi, Joice. –Falei totalmente petulante enquanto sorria de seu espanto. –Quanto tempo! –Continuei. Joice me encarava como se eu fosse um fantasma do seu passado. Não esboçava reação.

-O que você está fazendo aqui? –Ela disse depois de um certo tempo, voltando, ou pelo menos tentando a ter uma postura completamente “superior” á mim.

-Acho que isso não diz respeito á você... –Falei e desviei o olhar para as meninas, ambas me encaravam, Valentina sorria, Camila apenas me olhava. –Boa noite, meninas! –Falei e voltei a encarar Joice, mas antes que eu pudesse dizer algo, o homem que estava ao lado de Joice ergueu a mão fazendo com que minha atenção fosse voltada a ele.

-Você! –Ele exclamou com um sorriso afável. O encarei por alguns segundos, ele não me era estranho... De onde eu o conhecia? Seu rosto era familiar, mas algo em mim não permitia que eu lembrasse seu nome. Devo ter o encarado por tempo demais, pois o mesmo balançou a cabeça sorrindo. –Não está me reconhecendo? –Ele insistiu. Aquela voz, o sorriso jovial e o sotaque de estrangeiro... Eduardo!

-Eduardo! –Falei como se estivesse pensando alto. E sem poder me conter, sorri brandamente. Eduardo foi o primeiro cara com quem passei a noite assim que entrei nessa “desventura”, apesar de tudo, foi muito gentil comigo e não deixou de me tratar com respeito, mesmo sabendo claramente o que eu era. Antes que eu pudesse dizer algo, não pude evitar de olhar por cima do ombro dele, vi que estávamos atrapalhando a entrada dos demais convidados. –Estamos atrapalhando a fila. –Falei e sorri brevemente. Eduardo olhou para trás, assim como Joice, ele assentiu e voltou a me olhar sorrindo.

-Você não vai entrar? –Ele questionou. Olhei para a ruiva que me encarava impaciente. Voltei a encará-lo e balancei a cabeça.

-Ainda não, estou esperando uma pessoa. –Falei.

-Entendo. –Ele falou e sorriu. –Será que podemos conversar mais tarde? –Tamanha foi minha surpresa ao ouvir aquilo. Olhei para Joice, que acompanhava nosso debate completamente incrédula, sua feição e seu rosto avermelhado, a entregavam... Ela estava visivelmente irritada pela situação.

-O quê? –Sorri sem jeito.

-Conversar... –Ao perceber o “chat” que estávamos criando ali, apenas balancei a cabeça.

-É claro. –Murmurei e dei alguns passos para o lado, o incentivando a entrar, e assim foi feito.

Novamente a recepção estava vazia, quer dizer, com a exceção da ruiva nojenta ao meu lado.

-Você é muito pior do que eu imaginava... –A ruiva comentou olhando para frente, como se estivesse pensando alto, mas obviamente aquele comentário foi pra mim. Antes que eu pudesse responder a altura, o carro caro e cor preta parou em frente ao prédio, meu coração quase saltou pela boca, algo em mim fazia com que eu sentisse uma sensação jamais vista. E de repente lá estava ele, quase dois metros de pura perfeição. Mesmo tendo visto ele praticamente a dois dias atrás, algo em mim fazia com que eu sentisse um reboliço inimaginável. Juro que mesmo á cinco metros de distancia, eu conseguia sentir o seu perfume.

Sua feição seria o deixava ainda mais irresistível. E nem preciso mencionar o quanto ele ficava lindo com roupa social. Ele acenava para alguns convidados que também chegavam, e quando mirou seu olhar para frente, deu uma pequena travada ao me ver ali. Ele não esperava minha presença naquele lugar, naquela noite. Logo se recompôs, sua postura ficou mais tensa e em passos rápidos, ele veio até mim.

-O que você está fazendo aqui? –Ele falou em uma mistura de surpresa e irritação.

-Precisamos conversar... –Fale ignorando seu comentário.

-Não precisamos nada. –Ele falou rispidamente.

-Matheus, por favor... Quero ao menos cinco minutos da sua atenção, depois disso, prometo que sumo daqui, e se você quiser... Sumo da sua vida! –Matheus me encarou com aquele olhar gélido e balançou a cabeça.

-Eu quero que você vá embora. –Ele balançou a cabeça negativamente. –Não temos nada pra conversar. –Ele passou por mim e antes que ele pudesse entrar, segurei seu braço o impedindo de sair dali. Ele virou e olhou para a minha mão que estava em seu braço, em seguida, mirou seu olhar azulado com um ar de superioridade pra mim. Soltei seu braço e o encarei, tentei ficar ainda mais firme perante sua frieza.

-Sei que você está ressentido comigo. –Falei. –E você tem toda razão, eu entendo o porquê... –Vi que ele ficou mais “maleável”, mas ainda tentava passar uma imagem de indiferença. –Por favor, Matheus... Essa será a última coisa que te peço.

-Quer que eu chame a segurança senhor, Krieger? –A ruiva se prontificou parando ao lado dele como um árvore. Matheus levou seu olhar para ela e depois para mim, como se pensasse na resposta.

-Quer que ela chame, Matheus? –O desafiei. Ele ergueu a cabeça e voltou a olhar para a ruiva que me encarava com um sorriso debochado.

-Não será necessário. –Ele voltou a me encarar. –Pode voltar ao seu lugar. –A cara dela foi ao chão. Se eu não estivesse tão tensa com aquele momento, juro que daria uma enorme gargalhada de sua cara. –Ela vai entrar comigo. –Concluiu.

-Sim senhor. –Ela murmurou enquanto virava e voltava ao seu lugar, onde na minha humilde opinião, ela jamais deveria ter saído.

-Vamos. –Ele fez um aceno com a cabeça. Matheus passou a minha frente, enfiando suas mãos em seu bolso e caminhando até o saguão destinado a sua comemoração. Sua postura indiferente a situação me deixava desconcertada, insegura, como se eu fosse uma garotinha em um colégio novo.

Assim que Matheus entrou, uma enxurrada de palmas ecoaram pelo grande salão.
Fiquei em segundo plano, mas mesmo assim, algumas pessoas olhavam para trás de Matheus e me encaravam como se eu fosse seu par. Matheus apenas balançava a cabeça e distribuía meio sorrisos por onde passava, não parecia feliz em estar ali.

-Mais tarde conversamos. –Ele balbuciou próximo a mim e logo saiu, sem me deixar falar ao menos um “ok”. Poxa... Pedir desculpas não seria uma tarefa fácil! Matheus sentou-se em uma mesa onde todos os lugares já estavam sendo ocupados, posso dizer que fiquei mais do que envergonha por aquela situação, pois Matheus havia me deixado para trás e eu já conseguia ouvir os sussurros e as risadinhas de algumas mesas. Tentei manter-me calma perante aquele fiasco, olhei para os lados a procura de um lugar vago, e para minha salvação, ou não... Eduardo ergueu a mão e gesticulou, me chamando para sua mesa, onde tinha apenas dois lugares vagos. Matheus observou de sua mesa, e olhou para Eduardo e depois para mim.

Sua feição ficou ainda mais seria, e sua postura visivelmente mais tensa, mas não me contive, ele havia me colocado naquela situação, então... Suporte! Fui até a mesa onde Eduardo estava sentado ao lado de Joice e de mais um casal.

-Obrigada. –Sorri de maneira agradecida. Eduardo apenas piscou e mirou seu olhar para frente, talvez para Matheus. Endireitei minha postura e olhei para o anfitrião da noite, que me devolvia o olhar com a mesma intensidade.

EVAWhere stories live. Discover now