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KATRINA

-Calma, Henric! –Pedro correu para acabar o que acabaria mal pra mim.

-Ela é muito folgada! –Henric se afastou tentando controlar a raiva que eu com certeza estava o fazendo passar. –ME DESAFIA, E EU NÃO ACEITO ISSO! –Ele gritou frustrado.

-Katrina, vai! –Pedro falou, me lançando um olhar de “obedece”, mas eu continuei ali, sentada, provavelmente procurando começar algo que eu não conseguiria terminar. –Katrina... –Pedro insistiu.

-Eu não vou. –Falei calmamente.

Olhei para Valentina que revezava seu olhar entre mim e Henric, ela estava alarmada, com certeza pensava o quanto eu tinha enlouquecido.

-Katrina... –Henric se pronunciou, voltando a sua “calma” assustadora, eu o olhei e permaneci irredutível. –É a ultima vez que eu peço, na próxima eu vou puxar esse seu cabelo até lá em cima e aí vamos resolver essa coisa como você está merecendo.

-Vai logo, Katrina. –Kenedy falou, fazendo com que eu o olhasse.

-Se eu arrumar minhas coisas vai ser pra ir embora daqui. –Falei. –Não vou pra lá... Eu não fiz nada de errado... Não há motivos. –Henric começou a andar pela sala enquanto passava as mãos pelo rosto e xingava feito louco, por fim ele parou e olhou para o Kenedy.

-Eu vou marcar a cara dela! –Ele praticamente rosnou para mim. –Escuta aqui, Katrina... Isso daqui não é um acampamento de férias que você pode abandonar quando quiser! Você só vai embora, quando eu permitir, e se você continuar assim... Haha, vai demorar muito, muito tempo mesmo. –Ele falou irritado.

Pela primeira vez naquela noite, senti medo, medo do que ele poderia fazer comigo se eu continuasse insistindo naquilo.

Engoli meu orgulho e baixei a bola, aquilo só faria mal há mim mesma.

-Por quanto tempo? –Falei, fazendo com que ele olhasse pra mim.

-Por quanto tempo eu achar que deve! –Henric falou irritado.

Olhei pra baixo, tentando raciocinar, mas nada aparecia em minha mente.

Por fim, achei melhor obedecê-lo. Minha vida já ia de mal a pior mesmo, aquilo só iria ser adicionado a lista de decepções.

Levantei, e sem dizer, ou olhar pra ninguem, subi as escadas e adentrei no quarto, recolhendo minhas roupas, e tudo o que ali me pertencia.

Não sabia por quanto tempo ficaria lá, e não correria o risco de cometer o mesmo erro, deixando minhas coisas nas mãos daquelas cobras.

Ajeitei tudo em uma mala e o resto coloquei em minha mochila. Troquei de roupa rapidamente, nada em especial, apenas uma calça jeans e um agasalho azul, calcei meus tênis e ajeitei minha mochila nas costas.

Segurei a mala enquanto descia as escadas, sendo recebida pelo olhares de todos, e o mais “acolhedor” ali era o do Henric.

Morgana e Joice me olhavam e sorriam com deboche, não medi esforços pra devolver aquele olhar.

-Pronto. –Murmurei colocando minha mala no chão.

Kenedy pegou minha mala, levando-a para fora.

Não me despedi de ninguém ali, aquilo era provisório... Pelo menos era no que eu queria e precisava acreditar. Segui Kenedy, e logo Henric fez o mesmo.

O trajeto até a boate foi tenso, não trocaram uma palavra ente si, e muito menos comigo, mas várias vezes Kenedy encarou-me pelo espelho, eu apenas ignorava, pois sua cara obviamente não era das melhores, então eu fingia que não era comigo.

Já era noite, provavelmente haveria um mar de gente naquela porcaria, e do lado de fora também.

E como foi previsto por mim, estava lotado! Descemos do carro, Kenedy segurou minha mala e olhou para Henric, provavelmente esperando por algo que ele dissesse ou mandasse.

-Entra pela porta dos fundos. –Henric falou, Kenedy assentiu e pegou em meu braço com a mão que estava desocupada, arrastando-me até os fundos, estava exausta daquilo pra protestar ou me defender, então, apenas me deixei ser levada.

Kenedy puxou uma grande porta de ferro que só abria por fora, adentrando e consequentemente me puxando junto.

Ele jogou minha mala em um canto, e me encarou raivoso, ele segurou meus ombros de maneira que eu não poderia me soltar, e lançou um olhar gélido, fazendo com que eu desviasse o olhar por alguns segundos, mas claro, Kenedy não era nada delicado ou coisa assim, então segurou meu queixo e o puxou de maneira brusca, fazendo com que eu o encarasse.

-O que foi, Kenedy? –Perguntei exausta, tentando tirar sua mão do meu rosto.

-O que foi, Kenedy? –Ele me imitou irritado. –Eu realmente não sei o que vou fazer com você, Katrina... Não sei mesmo! –Ele esfregou a mão no rosto, mostrando irritação e impaciência. –Você é muito burra, Katrina! Muito burra! –Ele rosnou perto do meu rosto, virei meu rosto e fechei meus olhos. –OLHA PRA MIM! –Ele gritou. –O obedeci rapidamente, o encarando. –EU FALEI QUE IRIA RESOLVER ESSA SITUAÇÃO, E O QUE VOCÊ FAZ? VACILA! FERRA COM TUDO O QUE JÁ ESTAVA ACERTADO! –Ele gritou, fazendo com que eu me escolhesse, suas mãos ainda apertavam meu braço, era muito abuso psicológico pra uma única noite! –Não estava satisfeita com o idiota lá?! Parabéns, Katrina... Parabéns mesmo, pois agora, sua burrice elevada te trouxe pra cá! Não ficou satisfeita com ele, agora vai ter que aturar vários. –E sem poder mais segurar, deixei tudo o que estava preso sair em forma de choro, e em questão de segundos lá estava eu... Chorando de soluçar.

Kenedy não amoleceu, continuou me encarando de maneira dura.

–Não adianta chorar agora que já fez toda essa bobagem... Eu não posso fazer nada, não por enquanto. –Ele falou. –Agora você está por conta própria, ou pelo menos até eu conseguir aliviar sua barra com o Henric, o que vai ser bem difícil, pois ele está pra lá de revoltado com você. –Ao ver que minha crise de choro não passava, Kenedy finalmente me soltou, mas continuo me encarando, ele não sabia o que fazer, ele não era carinhoso ou amoroso pra me acalentar, ele estava visualmente perdido ali, ele tinha raiva pela grande bobagem que eu havia feito, mas parecia incomodado por conta do meu estado, o ogro que existia nele não o permitia mostrar afeto ou coisa assim.

-Posso ir? –Ele assentiu, passei a mão onde ele havia apertado, fui até onde minha mala havia sido arremessada e a recolhi, tentando controlar as lágrimas que ainda insistiam em descer.

-Vou te mostrar onde você vai dormir. –Ele falou enquanto pegava a mala de minha mão e a carregava.

EVAOù les histoires vivent. Découvrez maintenant