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KATRINA

-O que foi? -Perguntei irritada. -Por que me olha tanto? -O encarei.

-Gosto de ajudar, e vejo que você está com problemas. -Ri com sarcasmo.

-Ah, vê? -Balancei a cabeça. -E por que? -Ele deu os ombros.

-Não é normal achar uma garota bonita, ensopada, comendo um lanche como ele fosse fugir as três horas da madrugada. -Meu sorriso sumiu e mirei o chão. -O que aconteceu? -Ele tocou meu braço. -Precisa de ajuda? -Ele me olhava com cautela, pisquei algumas vezes tentando conter as lagrimas. -Pode me contar...

-Não, não posso! -Falei com a voz embargada. -Eu não te conheço... -Falei como se fosse obvio.

-Me conta e eu vejo o que eu posso fazer.

Ele me olhava fixamente, eu estava prestes a correr, mas pra onde eu iria nessa chuva?

Eu estava sozinha, precisava de ajuda.

-Fugi de casa... Estou fora há dois dias, gastei todo o meu dinheiro e... -Apontei pra fora. -Está frio e chovendo, não sei o que fazer. -Sorri tristemente secando as lagrimas que desciam.

-Eu não vou perguntar o porquê, pois isso é particular... -Assenti. -Mas como eu disse, quero te ajudar.

-E por que faria isso?

-Você precisa de ajuda... Não precisa? -Ele perguntou.

-Desesperadamente. -Falei.

-Eu descolo um lugar pra você dormir hoje, amanhã você pensa no que vai fazer.

-Serio? -Perguntei.

-Sério. -Ele se moveu e mexeu no bolso, retirando um cigarro e acendendo o mesmo. -Termina de comer aí. -Sua postura mudou, eu fiquei meio receosa, mas não tinha escolhas.

-Tudo bem. -Comi rapidamente, enquanto ele tragava o seu cigarro mesmo com vários avisos de proibido fumar em volta.

Ele as vezes virava e trocava olhares cúmplices com os dois homens que estavam na outra mesa.

-Terminei! -Anunciei.

Recolhi minha mochila, ele levantou, assim como os outros dois homens, eles foram na frente eu os segui em silêncio, eles cochichavam e sorriam, eu estava prestes a desistir quando o tal Henric abriu a porta de um carro preto, parecia ser caro, mas não sabia bem pois nunca fui de me importar com essas coisas.

-Pode entrar. -Ele segurou a porta, esperando que eu entrasse.

-Eu estou molhada, não se importa? -Perguntei receosa.

-Não, entra aí. -Ele já não tinha mais a cara inocente de antes.

Respirei fundo e pedi aos santos que me protegessem.

Entrei e ele fechou, circulou a porta e adentrou no carro, assim como os outros.

-Você ainda não me disse seu nome, loira. -Ele me olhou pelo retrovisor, os outros dois homens também me olhavam.

-Katrina. -Murmurei de cabeça baixa.

Escutei o riso deles e ergui a cebeça.

-Bonito nome... Se iguala a dona. -O homem que sentava ao meu lado falou, sorrindo e me medindo.

Seu braço era completamente fechado de tatuagens, era forte, alto e bonito, assim como os outros.

-Obrigada. -Sorri brevemente.

-Sou o Kenedy. -Apertei sua mão firmemente e a soltei rapidamente.

-Prazer... -Virei para a janela e encarei a paisagem por onde passávamos.

Eles ficaram conversando entre si, preferi assim, eu não me sentia nada confortável entre eles, o medo estava instalado em minha mente e eu só ia sossegar assim que visse a tal casa da amiga dele.

Depois de alguns minutos adentramos em um condomínio de alto padrão, onde haviam varias ruas, com inúmeras casas, exatamente idênticas, ele parou em uma de numero 16, ele estacionou o carro e todos desceram, olhei uma ultima vez na casa e saltei do carro, eles correram até a porta da casa por conta da chuva, os segui e o Henric mexeu no bolso e tirou um molho de chaves, estranhei aquele gesto, essa casa não era da amiga dele?

Eles eram tão íntimos assim ao ponto dele ter a chave da casa dela?

Assim que entramos, percebi a presença de duas meninas que conversavam animadamente na cozinha.

EVAWhere stories live. Discover now