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KATRINA

-Kenedy... -Murmurei perplexa.

Ele não disse nada, apenas circulou a mesa e sentou na cadeira do amigo, sorrindo de maneira vitoriosa, ele aconchegou-se ali e inclinou-se para trás, colocando os pés nas mesas e olhando em volta.

-EU FINALMENTE CONSEGUI. ISSO TUDO É MEU! -Gritou. -Ele não sabia como lidar com isso, sempre foi um lezado que se auto-denominava um gênio... -Levantei abruptamente, passando as mãos nos joelhos na esperança falha que tirar as manchas de sangue.

Eu estava a ponto de surtar!

Kenedy agia de forma tão natural, nem parecia que estávamos dividindo o mesmo espaço com um corpo.

-Pelo amor de Deus, Kenedy! -Falei enquanto me espremia em um canto da sala.

-Você queria uma solução, não é? -Ele sorriu torto. -Você está feliz, eu estou feliz, todos estamos felizes!

-Feliz? -Falei abismada. -Eu definitivamente não estou feliz! E outra, você está ferrado! Os seguranças dele vão acabar com você...

-Meus seguranças! -Ele bateu no peito. -Todos estavam de saco cheio do Henric... E outra, todos sabiam e foram conviventes com meu plano. -Ele se debruçou sobre a mesa, e com um sorriso zombeteiro, não perdeu a oportunidade de usar seu humor negro. -E cá entre nós... -Ele sussurrou. -Vou ser um patrão bem melhor para eles.

Kenedy estava em êxtase, seu sorriso o denunciava.

-Kenedy... –Murmurei exasperada. –Eu na... –Kenedy levantou abruptamente, vindo em minha direção e agarrando-me pelo braço.

-Tenho que limpar a bagunça, então vaza! –Ele falou enquanto me empurrava pra fora da sala, jogando-me no corredor, o olhei. –Vai arrumar suas coisas. –Foi a última coisa que ele disse antes de bater a porta em minha cara.

Olhei para as minhas mãos, que tremiam mais do que vara-verde, abaixei minha cabeça tentando raciocinar, tentando absorver tudo o que aconteceu nesses últimos minutos, lágrimas desceram de forma involuntária pelo meu rosto, a imagem de Henric deitado no não cercado de sangue não sumia de minha mente, parecia um replay mental, um replay que me assombraria para sempre.

Fui até as escadas como se pedras estivessem pressas em meus tornozelos, eu praticamente me arrastei até os dormitórios. Desci o pequeno lance de degraus, entrando no quarto onde havia dormido por essa noite, puxei minha mala e guardei as peças que havia deixado sobre a cama, era como se eu não estivesse ali, eu estava fazendo aquilo em modo automático, pois meu corpo estava ali, já minha mente havia ido parar em outro plano!

Peguei minhas coisas e sai do dormitório, sendo observada pelas meninas, que ainda faziam seus comentários maldosos, eu não escutava nada, não prestava atenção em nada, eu nunca tive aquela sensação...

Eu estava vulnerável, estava horrorizada.

Fui até o banheiro, onde entrei rapidamente e tranquei a porta, girei o registro do chuveiro, adentrei com roupas debaixo do jato gelado que o chuveiro nada sofisticado, fechei os olhos ao sentir a água fria escorrer pelo meu corpo encharcando minhas roupas, passei as mãos nos joelhos tentando limpá-los, a água pouco avermelhada desceu pelo ralo.

Minutos depois, desliguei a água. Não me preocupei em passar a toalha pelo corpo, eu não tinha vontade de nada, o som de disparo se repetiu diversas vezes em minha mente.

Uma, duas, três, cinco, dez, onze, doze, quinze vezes... Eu iria enlouquecer!

Peguei minha mala e sai do banheiro, dando de cara com Kenedy ali, ele me encarou de maneira estranha, sua mão tocou meus cabelos encharcados.

-O que aconteceu?

"O que aconteceu?! Sério? Você acabou de matar uma pessoa praticamente na minha cara... Foi isso que aconteceu, Kenedy!"

-Nada... –Murmurei, passando por ele e indo em sentido contrário aos dormitórios.

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