EVA

008

KATRINA

-Vou te explicar exatamente o que fazemos aqui, Katrina. -Valentina falou. -Não somos exatamente o que você está fazendo... -Fiz uma careta. -Fazemos eventos, entendeu? Por isso somos caras, só saímos com quem pode bancar o nosso cachê. Vamos em festas, servimos de acompanhantes, amigas, namoradas... O que o cliente falar, nos fazemos. -Ela falou sorrindo. -Mas obviamente não para aí... Muitos desses clientes depois desse evento querem passar a noite conosco, aí a historia é diferente, o preço é ainda maior...

-Maior quanto? -Perguntei.

-O Henric que decide, mas desse valor x, só recebemos 22%.

-Só? -Perguntei.

-Sim, mas calma, dá pra tirar uma grana boa. -Joice falou. -Provavelmente ele vai te levar pra fazer compras, vai comprar tudo o que você precisa, e a primeira compra sempre é ele quem paga! -Ela falou sorrindo. -Então você pode pegar o que bem entender sem ligar para o preço. Maquiagens, roupas, sapatos e tudo o que você quiser.

Sorri.

-Sério? -Perguntei.

-Sério.

-E ele é quem paga o aluguel da casa, compra o que precisamos pra passar o mês... Essas coisas de casa quem paga é ele. -Valentina falou. -Mas obviamente ele faz isso pelo próprio bem, não somos como as garotas da boate... Somos especiais, somos caras... Posso dizer que somos a mina de ouro dele.

-Como assim? -Perguntei e ela suspirou.

-As garotas da boate, só fazem programas, pobres, feios, bonitos, gordos, magros, velhos e novos, independente de quem seja, chegam a fazer até uns dez programas por noite, e só ganham uns 600 reais por noite. -Ela contou.

-Que horrível! -Falei abismada.

-Henric é terrível quando quer... -Joice falou.

-Isso é o castigo, entendeu? -Neguei. -Se você apronta com ele, faz algo errado ele te manda pra lá, como um castigo. -Levei as mãos na boca.

-Você já foi pra lá. -Ela assentiu.

-Sim, fiquei lá por uma noite, o desobedeci e ele me mandou pra lá. -Ela contou.

-Vocês já foram? -Perguntei olhando para a Camila e a Joice.

-Eu nunca, mas a Camila já ficou por quase uma semana lá. -Pisquei algumas vezes imaginando o quão seria dormir com dez caras por 600 reais.

-Quanto vocês ganham mais ou menos por mês? -Perguntei.

-Se o mês for bom, até uns quatro há cinco mil. -Camila falou.

-Nossa! -Falei animada.

-Ah, ia quase me esquecendo de te falar... -Valentina sorriu. -Nunca, em hipótese nenhuma conte seu nome para seu clientes, entendeu? -

A encarei.

-Não se deve falar seu verdadeiro nome, isso é quase um crime na concepção do Henric... Ele diz que somos como bonecas, somos substituíveis, e coisas substituíveis não merecem ter um nome, não merecem ter identidade própria. -Ela falou com um ar triste.

Esse cara era doente!

-Então qual será meu nome? Quer dizer, que nome devo falar quando perguntarem meu nome? -Perguntei.

-Eva! -Ela falou. -Somos todas Evas...