Até sente orgulho de si mesma pela maturidade.

Já estão quase entrando nos acréscimos quando uma bola lançada de forma rasteira põe Catra na corrida contra Adora. Embora ambas sejam igualmente rápidas, Catra consegue sair na frente na arrancada e chega à bola primeiro. Ela não desacelera, ciente do monstro em seu encalço, e parte pra cima de Huntara, chamando ela para o jogo e tentando criar espaço para Scorpia. Huntara fica entre sair do caminho de Catra para manter a marcação de Scorpia, ou ir pra cima de Catra e deixar Scorpia livre: acaba escolhendo a segunda opção quando percebe sua companheira de zaga, River, fechando o jogo em cima de Scorpia. Ela se firma no caminho de Catra, dobrando os joelhos e pondo ambas as mãos nas costas, pronta para dar o bote seja para qual lado for que a brasileira decidir escapar.

Catra vai para a direita, esquerda de Huntara. Huntara dá o bote à própria esquerda. Adora tromba no ombro direito de Catra, buscando desequilibrá-la, e no último segundo, Catra passa o pé por baixo da bola e muda sua direção, mandando ela suavemente entre as pernas abertas de Huntara. Com um braço ela empurra Adora, usa o peso do outro para se equilibrar quando muda a direção da própria corrida repentinamente, escapando por um triz da perna de Huntara e rejeitando a chance de cavar uma falta, e com a boca berra um "FECHA AS PERNA, PORRA!", rindo por dentro, e recupera a bola do outro lado enquanto as duas jogadoras da Royal Grayskull se enrolam.

Uma onda de "olés" ecoam pelo estádio e Catra dá um cruzamento curto e rasteiro para Scorpia, que embora marcada por River parece ser capaz de vencer no jogo físico. A centroavante, posicionada na entrada da pequena área, tenta avançar para a bola ao vê-la vindo em sua direção, mas a goleira reage mais rápido e corta o cruzamento, agarrando a bola. Catra desacelera, sentindo o coração bater com força e respira, colocando as mãos na cintura. Frustrada pela jogada não ter dado certo, contente pelo o que foi capaz de fazer. Scorpia logo vem parabenizá-la e bagunçar seus cabelos, encorajando-a para que continue jogando assim.
- Na próxima a gente pega elas, Wild Cat!

O juiz apita o final do primeiro tempo com 0 a 0 no placar. Catra logo se apressa a ir cumprimentar Adora pelo ótimo jogo na primeira etapa, mas a loira lhe dá as costas e caminha rapidamente ao vestiário, deixando a brasileira no vácuo e embasbacada. "Ela tá me evitando?", pensa, confusa, enquanto caminha de volta ao vestiário. Distraída, não percebe a aproximação de Scorpia e Netossa, e se assusta com os tapinhas nas costas repentinos da centroavante.
- Bela jogada, Wild Cat! Faz mais uma dessa e na próxima, prometo que eu ganho!
- Foi bonito – concorda Netossa. Catra sorri com os elogios.
- Valeu, cambada. Thanks.
- Disponha.
- Véi, a Adora tá me evitando – ela dispara a ninguém em particular.
- "Evitando"? Não pareceu não. Ela grudou em você do começo ao fim – replica Netossa, rindo, e explica a situação a Scorpia, que concorda. As três entram no túnel do vestiário enquanto conversam.
- Né isso não, mano. Eu fui dar parabéns agorinha por tá mandando bem e ela me ignorou – explica Catra.
- Aah. Sei lá, talvez ela só não viu – sugere Netossa – ela é meio lerdinha ás vezes.
- Mano, não. Eu tô ligada que ela viu – insiste Catra, cada vez mais incomodada com a situação.

Netossa traduz a conversa para Scorpia, que ouve atentamente. Ao terminar, ela põe uma das mãos no ombro de Catra.
- Wild Cat, você não tem saído com ela? – pergunta a centroavante. Catra confirma, assentindo com a cabeça, sem entender o que isso tem a ver – então, aquela foto que você postou no Instagram ontem à noite... foi meio inesperado, sabe? Não acha que pode ter a ver com isso?
- Pera, como assim a Catra tá saindo com a Adora? Desde quando isso? – interrompe Netossa.
- Hm... acho que desde que voltamos da Algarve Cup. Não tenho certeza.
- Porra, Catra! Cê tá zoando com a minha cara que não sabe a razão dela estar te evitando?!
- Eu num sei, porra! – retruca ela, incomodada com a agressividade súbita da amiga.
- Caralho, Catra! – Netossa deixa as duas de lado e entra no vestiário. Catra lança um olhar confuso para Scorpia, tentando perguntar "o que deu nela?", mas não sabe como dizer isso em inglês. Scorpia, em vez daquele olhar caloroso que costuma ter, encara a amiga como uma mãe que reprova suas ações. Catra fica até com vergonha, embora não saiba exatamente do quê. As duas entram no vestiário e vão se sentar nos bancos para ouvir o discurso desmotivacional da treinadora Weaver e as alterações táticas para o segundo tempo.

Gringa Grudenta - (Catradora)Where stories live. Discover now