Catra se lembra de como Scorpia, Netossa e outras garotas do time já haviam lhe sugerido algumas vezes de começar consultas com a psicóloga da Red Horde, algo que ela sempre se recusou a fazer só para desafiar a treinadora Weaver, além de não sentir que precisava de ajuda. Talvez seja hora de lhes dar ouvidos.

Ela não se sente confortável o suficiente para continuar falando sobre isso, de qualquer forma. O clima já está estranho o suficiente.
- Tira uma foto comigo? – pede Catra. Marta sorri.
- Claro!

[...]

É quando Catra se senta no banco de uma praça que ela percebe o quão cansada estava. A sensação de alívio é tanta que ela sente que teria dormido se deitasse.

Na maior parte do tempo, ela é mais uma observadora que uma participante de fato. As outras garotas passam o violão entre si, tocando e cantando músicas de pagode, forró, sertanejo. Nada que realmente faça muito o seu estilo, ao menos até Renata ganhar a posse do violão e começar a tocar um Bezerra da Silva. A zagueira encara Catra com um sorrisinho de lado. Sabe que Bezerra da Silva é uma de suas fraquezas, elas sempre tocavam e cantavam juntas na época do São José. O ritmo do violão de Renata é acompanhado por um pandeiro na mão de uma das garotas que Catra reconhece como outra novata.
- Vamo lá, Felina. Solta a voz – provoca, ganhando um olhar sarcástico da outra em resposta.
- Cê me ama pra caralho memo, né?

As duas começam a cantar ao mesmo tempo.

Meu vizinho jogou

Uma semente no seu quintal

De repente brotou

Um tremendo matagal

Meu vizinho jogou

Uma semente no seu quintal

De repente brotou

Um tremendo matagal

Quando alguém lhe perguntava

"Que mato é esse que eu nunca vi?"

Ele só respondia

"Não sei, não conheço, só nasceu aí"

Ele só respondia

"Não sei, não conheço, só nasceu aí"

Logo algumas outras meninas da roda começam a cantar junto, algumas batucando as próprias pernas, outras que conseguem ser ainda mais desafinadas do que Catra.

Mas foi pintando sujeira

O patamo estava sempre na jogada

Porque o cheiro era bom

E ali sempre estava uma rapaziada

Os homens desconfiaram

Ao ver todo dia uma aglomeração

E deram o bote perfeito

E levaram todos eles para averiguação

E daí

Quando a música termina, Renata oferece o violão para Catra.
- Nah, véi. Sei tocar não.
- Deixa de ser fresca, ô.
- Sai, véi. Tô afim de deixar cêis surda não – Renata ri e desiste de insistir, passando o violão para outra garota.

[...]

Naquela noite, as garotas eterianas não paravam de falar no grupo do Messenger. Alguém – cof cof, Glimmer – havia adicionado novas pessoas lá. Catra ficaria lendo aquela conversa por uns quinze minutos antes de pôr o celular de lado para dormir. Havia descoberto que ficar forçando sua mente a entender inglês era uma boa forma de pegar no sono.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora