Catra engatinha até Camila e beija a base do seu pescoço. A portuguesa suavemente pousa a mão em suas costas e geme baixinho.
- Foi mal, falar disso do nada – ela murmura, beijando mais uma vez.
- Não vais ficar demasiado cansada para o treino? – pergunta a outra, fingindo mágoa. Catra passa um dos braços pelas suas costas e ri baixinho antes de beijar seu pescoço com mais intensidade, ganhando gemidos cada vez mais altos da outra. Ela desce a outra mão para a parte íntima exposta de Camila.
- Ei, qual é. Eu sou uma atleta profissional, tenho energia de sobra.
- Catra... – a outra geme.
- Ei... quer me ouvir falar francês? – provoca a brasileira, sussurrando no ouvido da outra, sem deixar de acariciar a parte externa da sua genitália.
- Hm... e desde quando tu falas francês?
- I love you – ela diz, e recua sutilmente só para poder ver o rosto chocado da outra. Ri baixinho – quer dizer "morena" em francês.
- Hã? – a outra estranha, completamente confusa. Catra arqueia as sobrancelhas, numa expressão maliciosa, antes de começar a passar os dedos diretamente sobre o clitóris da outra, arrancando gemidos ainda mais intensos.
- Auto da Compadecida, mulher. Vou te fazer ver depois.

[...]

As meninas do Brasil têm usado um centro local para realizar seus treinamentos desde que chegaram em Algarve, e Catra, normalmente relaxada nos treinos, nunca pegou tão pesado consigo mesma na sua vida. Sente os olhos de Pia, de Bia Vaz, de toda a comissão técnica e das maiores estrelas do futebol feminino brasileiro em suas costas o tempo todo. Olhos estes que julgam duramente, analisam cada movimento, avaliam seus limites, a pressionam a ser cada vez melhor ou desistir de uma vez.

A carne nova. A caçulinha da seleção. A novata. A promessa que ainda não se realizou. As palavras duras de Shadow Weaver ressoam em sua mente durante a corrida, o treino de ataque versus defesa, o treino de impulsão, de velocidade, e a sessão de musculação no final da tarde. "Te falta objetividade". "Te falta disciplina". "Você precisa pensar na equipe". "Atenha-se à tática". "Observe sua respiração". "Seu fôlego é desprezível, como você consegue se chamar de uma atleta profissional?". "Pense no todo. E eu não me refiro somente à equipe: você não pode ser só uma máquina de dribles, existem outros fundamentos no futebol. O que acontece quando você não puder mais driblar?". Ela ouve a voz de Weaver retumbando em sua mente.

Isso foi antes dela ver aquele vídeo que Scorpia havia lhe mostrado, da sua própria treinadora nos tempos de jogadora. Antes de ler a sua página completa na Wikipédia. Antes de ver o vídeo da jogada que causou uma lesão no seu tornozelo e joelho direitos que fizeram com que ela nunca mais possuísse a velocidade e agilidade de antes, e como mesmo assim manteve seu status como jogadora lendária da seleção Eteriana.

Antes, ela teria respondido "eu sempre vou arrumar uma maneira de driblar". Hoje, o que ela ouve não é "o que você vai fazer quando estiver cercada por tantas jogadoras que driblar será impossível? Finalmente vai se render, e pensar na equipe, de forma objetiva?", e sim "o que você vai fazer quando sofrer uma lesão tão grave que não puder mais driblar como antes? Sua carreira vai acabar? Eu não deixei a minha acabar".

Conforme ela lia aquela página da Wikipédia os detalhes de uma lesão horrível que nunca foi completamente resolvida, se sentia mais frágil, como se a próxima entrada dura que sofresse fosse significar o fim da atividade que mais ama. E quando ouviu sobre substituir Marta? A princípio, achou que aquela treinadora tivesse ficado completamente louca. Sentiu uma pressão indescritível.
- Opa. Fazendo o que aí? – uma voz já conhecida por Catra a chama, vindo de trás. Não uma que ela reconhece da sua vida pessoal, no entanto.

Meia-hora depois do treino físico ter sido declarado finito, Catra continuava pulando de uma máquina para outra naquela academia, repetindo sequências extras de todos os exercícios passados, dando atenção especial à esteira. "Seu fôlego é desprezível. A única razão pela qual você aguenta jogar uma partida inteira é porquê corre menos que qualquer outra atleta do time". "Você tem sorte de ter se tornado uma favoritinha da torcida, eu não escalaria alguém tão indisciplinada por vontade própria". Suor escorre como uma catarata pelo seu corpo, marcando toda sua camisa branca de pano ao redor do top, sentindo cada centímetro da sua pele escorregadio.
- Treinando – murmura Catra. Ela suspira profundamente e segue a sua corrida, num silencioso desespero por cada faísca de energia que ainda consegue encontrar em seu corpo.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora