Novo país

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a capa da fic foi feita por @Karmaleona14 (user no twitter) - ELA FAZ  COMISSIONS GENTE, CORRE LÁ PRA DEIXAR ELA RICA

link original: https://twitter.com/Karmaleona14/status/1329776114194116610

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Ágata Catrina Macieira nunca imaginou que um dia teria a chance de sair do país, menos ainda de morar fora, mas ainda assim ali está ela, no Aeroporto Internacional de Bright Moon, Etéria.

19 anos, nascida na periferia de São José dos Campos em São Paulo, ela nunca fora uma boa estudante. Nunca tivera esperança de um dia, ir para a faculdade, se formar em alguma área de prestígio, ter um bom emprego. Já estivera conformada há muito tempo de que estava fadada a ser atendente do McDonald's ou faxineira até morrer. Seu único talento não era muito útil para mais do que conseguir algum respeito no bairro onde nasceu, ganhar troféus de plástico em campeonatos de embaixadinha ou torneios do colégio, ficar com algumas garotas aqui e ali.

Não é como se futebol feminino fosse a coisa mais valorizada do mundo. Os garotos da sua periferia podiam sonhar com jogar no Corinthians, no Real Madrid, no Barcelona, se tornarem estrelas multimilionárias do esporte. Catrina, ou Catra como prefere ser chamada, nem ao menos sabia quais times de futebol feminino existiam além da Seleção Brasileira.

Isso, até dois anos trás. Era seu último ano no ensino médio e um campeonato interno havia sido organizado. Como sempre, o time em que ela estava destruiu todos os outros e ela fora facilmente campeã e melhor jogadora do campeonato. E então, um homem de meia-idade, regata e calça moletom se aproximou.
- Ei, você tem talento! – ele havia dito.
- Obrigada – ela segurava o troféu, cercada por suas companheiras de time com medalhas nos pescoços que comemoravam. Então, o homem lhe entregou um bilhete.
- Eu sou um olheiro do São José. Você já pensou em jogar profissionalmente?

E no ano seguinte, ela era a mais jovem jogadora do elenco do São José. Demoraria alguns meses para conseguir sua primeira chance como titular, mas desde o seu primeiro jogo, mostrara que era especial: ela NÃO IA perder essa chance, de forma alguma. E embora fosse terminar sua primeira temporada profissional sem conquistar título nenhum, seus dribles desconcertantes, agilidade, técnica e garra a marcaram como uma meio-campista impossível de segurar.

Um ano. Foi tudo o que precisou para chegar aqui, na República de Etéria, como a nova contratada de uma equipe que nunca havia ouvido falar antes: a Red Horde Athletics.

O Aeroporto de Bright Moon é tão lotado quanto o de Guarulhos – o qual ela havia visto pessoalmente pela primeira vez há algumas horas, quando estava indo para o seu embarque – mas tem uma aparência mais moderna, limpa, tecnológica.

Catra nunca havia visto tanta gente branca e loira junta. E o pior é que não faz a menor ideia do que aquelas placas estão dizendo. Ela encara a tela rachada do seu celular, com um endereço gringo e um nome tão gringo quanto anotados. Aquele empresário não tinha dito que iam mandar alguém buscá-la? Ela se sente cansada pela viagem, e não quer ter que continuar carregando aquelas mochilas pesadas e a mala de rodinha emperrada por muito mais tempo.

Ela olha os arredores do hall do aeroporto, procurando por algum guichê de informações com os olhos.
- Ágata Catrina! – ela ouve alguém chamá-la com uma pronúncia esquisita. Nunca esperava que um dia ouviria alguém dizer seu nome daquele jeito. Ela gira o pescoço lentamente, procurando pela origem da voz, e finalmente encontra uma garota branca, enorme, de cabelo platinado e sidecut, usando uma jaqueta vinho e branco com o escudo da equipe que a contratara, se enfiando no meio de dois caras e falando "sorry" repetidamente aos homens. A mulher enorme se aproxima de Catra com um sorriso aberto e quando Catra estende a mão para cumprimentá-la, é surpreendida por um abraço de urso.
- Gah! Me põe no chão! – ela grita, assustada. A gringa continua falando rápido alguma coisa que ela não entende e a solta. Sorri daquele jeito bobo e exagerado e fala tanta coisa que Catra já começa a sentir a cabeça girar – ai... ai dont ispique íngliche! – ela experimenta, se lembrando da frase ensinada pela sua ex-preparadora física no São José.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora