Capítulo 31 - Cair e se levantar (cont...)

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Eu estava tão brava, brava com Miguel, comigo, com a vida, com o universo.

Odiava que ele estivesse certo em tudo que disse, odiava que alguma parte em mim sabia de tudo aquilo, mas mesmo assim preferiu continuar vivendo do jeito que acreditei ser melhor, do jeito que acreditei continuar viva sem realmente estar. Eu nunca vivi realmente, desde quando nasci minha vida nunca me pertenceu , nunca realmente foi minha e eu sabia, sempre soube, mas nunca fiz nada contra, fugi claro, mas não tentei nada mais para me livrar de tudo isso, não tentei pedir ajuda, não insisti em nada e a única vez que permiti que me ajudassem, eles tiraram sua vida.

Como eu poderia arriscar? Como poderia deixar que Ana, Pedro, Olivia e Miguel sejam mortos por mim, por minha culpa?

Miguel estava certo, se eles soubessem do perigo, se pudessem se manter alertas, seguros, talvez isso ajudasse, mas como dizer isso sem faze-los me odiar? Me culpar por atrapalhar suas vidas?

Se bem que... todos sabiam que algo estava errado desde o inicio, eu era ingênua de mais em acreditar que ninguém nunca desconfiou de nada, que eu conseguia passar ilesa de seus julgamentos, não com esses quatro pelo menos. Talvez ao contrario do que pensei eu fosse mais fácil de se ler do que imaginava.

O que eu faria agora?
Quanto mais pensava mais meu estômago se revirava.
Seria egoísmo de mais querer viver e não mais apenas existir?
Eu aguentaria assumir quaisquer responsabilidades do que poderia acontecer?

>>><><<<

Acordo com o rosto amassado ao piso gelado do banheiro, a boca um gosto horrível como se eu tivesse em algum momento comido lixo ou alguma comida estragada. Me levanto, engatinhando rapidamente para o vaso quando uma onda de náuseas me acerta em cheio.

_ Bela? Você esta bem? - Miguel pergunta do lado de fora da porta.
Ele não tinha ido embora? Não tinha me abandonado como todos sempre faziam?

_ Vai embora! - grito antes de enfiar minha cabeça no vaso novamente. Quando a náusea finalmente se vai levanto tudo que tinha em meu corpo me deixo cair no chão gelado novamente, curtindo aquele delicioso toque em meu corpo.

_ Você precisa de alguma coisa?

_ De paz! Só vai embora!

_ Me deixa te ajudar e eu vou, não vou sair sabendo que você esta passando mal sabe-se lá desde quando.

_ Ontem você não parecia se importar com isso - digo de olhos fechados torcendo pra que ele calasse a boca e me deixasse no santo e sagrado silêncio.

_ Você sabe que não é assim...

_ A única coisa que sei Miguel é que você não cala a boca e a minha cabeça está doendo.


>>><><<<



Acordo sentindo uma mão em minha testa, abro meus olhos, mas é difícil enxergar em meio a escuridão, assustada dou um pulo quase caindo da cama, mãos me pegam rapidamente evitando que eu caia.

_ Sou só eu Bela, pode ficar tranquila.- Miguel diz derrotado.

_ Miguel? Você não tinha ido embora? - pergunto confusa, olhando para todos os lados menos para onde usa voz vinha.

_ Eu não ia deixar você dormindo no chão do banheiro passando mal. - diz ofendido.

_ Você não tem que cuidar de mim. Aliás como abriu a porta do banheiro?

_ Você não trancou a porta.

_ Ah!

_ Eu só vim ver se estava tudo bem e pegar minha coisas.

ConfinadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora