Capítulo 30 - Afogando

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Eu ainda não acreditava no que Miguel havia feito, tudo estava tão lindo e o quadro da mamãe no meu quarto... Meu Deus... Era a chave de ouro, o ponto alto de toda a surpresa. Ele podia não ter feito nada, não ter mudado uma coisinha se quer, só de ter trago o quadro eu já seria eternamente grata. 

Era impossível não olhar para esse apartamento e me emocionar a cada vez que abria a porta, meu coração estava transbordando, quentinho e feliz toda vez que estava em casa, ali se tornou meu porto seguro e eu devia tudo isso a Miguel. Não havia palavras suficiente para agradecer o que fez por mim ou melhor tudo que fez por mim.

 Ja fazia uma semana desde a  grande surpresa e eu não conseguia deixar de admirar cada pequeno detalhe, o idiota morria de rir quando me pegava parada, encantada admirando toda aquela mudança. Ele era um bastardo, engraçadinho, pé no saco, mas eu ja não conseguia me ver sem o maldito e por mais que eu não queira admitir ele era uma das coisas que me ajudava a me sentir segura... em casa, independente de onde fosse, com ele eu sabia que estava segura de alguma forma mesmo que tudo gritasse que tal coisa nunca existiria, não para mim.


Havia dias que estávamos esperando a chegada de seu amigo Erik, confesso que estava animada em termos mais alguém confiável e extremamente habilidoso ao nosso redor, afinal quanto mais cedo pegássemos o filho da mãe que estava por trás de todo esses ataques melhor, seria um problema a menos para me preocupar.


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Para a minha completa felicidade a semana se passou tranquilamente e morar com Miguel se tornava cada vez mais fácil, já não havia mais aquela estranha sensação de constrangimento pairando pelo ar, tudo agora parecia mais... natural. Com o tempo acabamos criamos uma rotina agradável, onde podíamos muito bem fazer algo juntos como um lanche, uma noite de filmes ou simplesmente ficarmos na sala apreciando a companhia um do outro enquanto cada um cuidava de seus respectivos trabalhos ou no meu caso estudos.

 Era impressionante como as coisas estavam tão fáceis e simples entre nos, era estranho pensar que semanas atras tudo que queria era manda-lo para bem longe e nunca mais ter de olhar suas fuças e agora para minha total surpresa não consigo me ver sem suas palhaças, seu carinho, preocupação, sua presença reconfortante e a total segurança que me transmitia. 

Infelizmente nem todos os dias eram bons, haviam dias que nem suas palhaçadas conseguiam afastar todo aquele medo e insegurança, nesses dias o peso de todos aqueles anos, de todas as decisões que tomei recaiam sobre mim, me fazendo  questionar tudo, pensar e repensar milhões de vezes se realmente era seguro continuar aqui, coloca-los em risco desse jeito e esse era um desses dias.

 Eu estava inquieta, como se algo fosse acontecer e o pior de tudo era que eu não poderia fazer nada. Não sabia o que estava acontecendo ou iria acontecer, era só essa maldita sensação ruim queimando em minha pele, me alertando... me enlouquecendo. 

 Eu havia perdido a festa da fraternidade mas não me preocupei muito com isso afinal sempre haveria outra, parecia que as coisas só funcionavam através dessa pequena barganha, como se cada festa fosse uma recompensa por se dedicarem o mínimo possível aos estudos durante o mês, então sempre haveria  uma comemoração ou algum um motivo banal para que eles pudessem dar uma e beber até não lembrarem mais seus nomes ou que merda haviam feito. 

Miguel não estava nada feliz com meu súbito interesse nas comemorações pela cidade, ele suspeitava de algo claro, afinal nunca demonstrei qualquer interesse em festas, barzinhos ou qualquer coisa muvucada e movida a álcool que os jovens gostem. Eu preferia evitar tais coisas não seguir em sua direção mas dessa vez não tinha outra forma, precisava me arriscar e ver se o maldito realmente se aproveitava dessas pequenas comemorações para atacar e eu tinha certeza que Miguel sabia que esse era o real motivo por trás de tudo, sua expressão serie e fechada sempre que tocava no assunto com Olivia não me deixava qualquer duvida.

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