Capítulo 28 - Águas profundas

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Miguel

Não queria sair de perto de Bela, essa era a verdade, todos os meus instintos me diziam que não deveria deixa-la ali sozinha, não que realmente fosse estar sozinha, Ana, Pedro e mais uma cambada de funcionários do hospital estariam ali cuidando e assistindo-a mas isso não aliviava nem um pouco a sensação de pânico que crescia mais e mais em meu peito. Algo estava errado, as coisas estavam saindo do controle rápido de mais e isso não era bom.

Nada me tirava da cabeça que o que aconteceu com minha irmã, Bela e a vitima que havia falecido a uns dias estava interligado de alguma forma, mas como? 

De certo modo era esperado que ele tentasse queimar todas as pontas soltas que havia deixado, fui tolo em pensar que pela distancia ele desistiria de qualquer tentativa idiota em se aproximar de minha irmã, não deveria ter subestimado o homem. Mas o que ainda não compreendia era onde Bela se encaixava nisso. Algo havia mudado, mas o que?

Talvez ele estivesse cansado de esperar, afinal Bela não era como as outras, ele não teria tanta abertura, ela não era de sair muito, não ia a barzinhos, festas, sua rotina era basicamente casa, trabalho e faculdade, seria difícil ele conseguir um momento oportuno o suficiente para fazer algo sem ser pego, ele não era burro em se quer se arriscar. Mas tinha algo estranho em tudo isso, algo parecia não se encaixar, era como se tivesse um enorme quebra cabeça em minha frente onde as peças se encaixavam mas o resultado em si não fizesse sentido algum.

Provavelmente a angustia da espera tenha feito Bela se tornar um desafio, tenha ferido seu ego demorar tanto a conseguir chegar em sua vitima, o jogo tinha deixado de ser excitante e havia se tornado longo e tedioso, talvez em sua mente deturpada todo esse atraso, essa espera, tenham colocando sua masculinidade a prova e a cada momento que se passa longe do alcance de seu objetivo mais irritado, insaciável e instável ficava., deixando-o mais perigoso a cada momento em que estava livre.

Esse único pensamento me fazia lutar com todas as forças para não dar meia volta e retornar para o hospital, mas realmente precisava de um banho, uma nova muda de roupas e algum tipo de comida que não viesse de uma maquina de vendas automática.


Assim que coloco os pés dentro do prédio sinto algo estranho, uma sensação incomoda na boca do estômago, a mesma que sempre me ajudou em vários momentos decisivos em meio ao caos de uma missão. Olho atentamente ao redor, caminhando pé anti pé, tentando fugir dos espaços que sabia onde a madeira velha do piso rangia. Quanto mais me aproximava da porta de meu apartamento mais incomoda a sensação se tornava em meu corpo, quando finalmente cheguei ao final do corredor minha porta estava levemente encostada ao batente, não mais fechada como havia deixado na ultima vez em que estive aqui.

Com o pé abro-a vagarosamente, agradecendo a mim mesmo por ter lembrado de passar óleo nas velhas dobradiças ou acabaria anunciar minha entrada. Olho rapidamente a sala a minha frente, o lugar era puro caôs e destruição, mas isso não me importava no momento, precisava saber se quem quer que tenha feito isso ainda estava aqui. Vagarosamente sigo até a cozinha, pegando a arma escondida atrás do fogão em um pequeno compartimento embutido ao gesso que havia feito durante a reforma. Armado, sigo lentamente até os quartos, ouvidos atentos, o mais silenciosamente possível tentando captar algo, alguém, mas como desconfiava infelizmente quem quer que tenha feito essa bagunça ja havia ido embora.

Me sento na cama frustrado, exausto, não acreditando que agora teria mais essa para colocar na minha conta de problemas a serem resolvidos. Olho ao redor tentando contabilizar o estrago, tentando me lembrar de tudo que havia trago para a cidade comigo,  precisava saber se isso era apenas mais um roubo ou algo mais... Não precisei ir muito alem para descobrir.

ConfinadaWhere stories live. Discover now