Capítulo 37 - O grande dia

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Era impossível dormir, havia me deitado na cama a duas malditas horas e não conseguia sequer fechar os olhos, eu estava me afogando em pensamentos, em dúvidas, medo, eu precisava fazer algo, precisava ter um plano B caso as coisas não saíssem como planejado.

Estava tão confiante de que tudo daria certo, mas assim que me deitei toda a confiança, toda a fé, sumiram e em seu lugar uma enorme dor se instalou em meu peito, Miguel estava certo no fim das contas, alguma coisa estava prestes a acontecer e não era algo bom, eu conhecia bem essa sensação que me assola, havia convivido com ela por anos, ela foi a única que me manteve viva por todo esse tempo.

Sou tirada dos meus pensamentos quando ouço alguém batendo a porta.

— Posso entrar?

— Claro. — me sento na cama, ajeitando os cabelos da melhor forma possível.

— Trouxe um chá, talvez te ajude a relaxar um pouco.

— Como...? Você...?

— Dava para ouvir você se remexendo da sala — diz se sentando ao meu lado, me entregando a caneca, pego-a rapidamente e fecho os olhos absorvendo aquele cheiro delicioso.

— Eu não queria te acordar, desculpa.

— Também não conseguia dormir então você não tem com o que se desculpar.

— Nervoso? — tomo um pequeno gole do chá.

— Honestamente — passa as mãos nervosamente por seus cabelos — apavorado. — me olha, o canto de sua boca se elevando em um sorriso triste — Eu sei que eu vou soar chato por perguntar de novo, mas você tem certeza que quer seguir com isso?

— Tenho. — digo com o máximo de confiança possível — Vai dar certo Miguel, tem que dar.

— Você ta certa — solta um suspiro cansado – só me prometa que não vai fazer nada idiota, ok?

— Vamos lá! Agora é a minha vez de te pedir para ter um pouco de fé em mim. — me forço a dar meu melhor sorriso, mesmo que por dentro esteja gritando, morrendo de medo de que essa possa ser a nossa última noite juntos.

— Touché — ele ri sem graça. Ficamos ali por um tempo, tomando nosso chá, cada um perdido em seu próprio pensamento, um silencio ensurdecedor tomando conta do lugar — Bom... vou deixá-la dormir então. — Ele se levanta, me encara por um breve momento e se abaixa, depositando um casto beijo em minha cabeça. Assim que se ergue, seguro seu pulso, o impedindo de se afastar.

— Miguel... Eu... — respiro fundo, precisando me acalmar — Obrigado por tudo que fez e faz por mim. Eu devo muito a você, não lembro se já te disse isso ou não, mas muito obrigado. Você assim como os outros foram essenciais em minha vida, acho que se não fosse vocês as coisas teriam continuado da mesma forma e eu estaria por aí me escondendo eternamente até que algo mudasse e finalmente chegasse ao fim.— Passo as mãos nos olhos rapidamente, tentando afastar a ardências das lágrimas que lutam por liberdade.

— Eu não fiz nada Bela, você se permitiu fazer tudo isso, nós só demos um pequeno empurrãozinho, mas se você não estivesse aberta nada disso teria acontecido. Agradeça a si mesmo pela força em lutar e não desistir — ele sorri — Eu estou muito orgulhoso de você, não é qualquer pessoa que faria o que você está fazendo. — olho para ele sem graça, sem saber o que dizer.

— Boa noite! Durma bem.

— Boa noite! 


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