Capítulo 36 - Inesperado

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Alguns dias depois...

Já estávamos a mais de uma hora discutindo os detalhes de tudo que aconteceria no dia seguinte quando as coisas começaram a sair perigosamente do controle.

— Se acalmem, toda essa gritaria não vai levar a lugar nenhum — Padre Nelson repreende a todos calmamente — Eu entendo o estresse que o momento tem infligido sobre todos, mas infelizmente tempos difíceis nos cercam e com eles vem grandes responsabilidades. Sempre soubemos que a decisão seria difícil, mas precisamos chegar a um consenso. Acho que deveríamos abrir uma votação, usar a democracia a nosso favor.

— Você só pode ta brincando comigo! — Miguel esbraveja se levantando irritado, sua voz um trovão tamanha sua irritação — Você sabe que a maldita festa é amanhã e quer mudar os planos na véspera?

— Não queremos mudar nada — O padre tenta soar compassivo, mas não caiu nessa. Em um gesto um tanto ensaiado ele se vira estendendo as mãos indicando a todos os presentes na sala — iremos seguir o plano, a única mudança seria espalhar melhor nosso contingente pela cidade, assim teremos um melhor controle, garantindo uma maior segurança para todas as mulheres da cidade e paz e tranquilidade de espírito para todos os envolvidos que ainda não se sentem confortáveis com o plano atual.

— Ou seja você esta mudando o maldito plano. Se você corta os recursos você definitivamente está alterando o plano, não tem como seguir o mesmo planejamento sem a quantidade de pessoas necessárias.

— Ele só irá precisar de pequenos ajustes, não fique irritado, você dá conta disso, tenho certeza — Isso soou um tanto sarcástico ou foi impressão minha? Permaneço quieta em meu canto, observando, sentindo um incômodo horrível em meu corpo, eu sabia desde o início que não podíamos confiar naquelas pessoas de forma alguma e meus instintos não se enganaram, afinal como confiar em alguém que volta atrás com sua palavra tão facilmente? Mas o que mais me incomodava não era a confirmação de algo que já sabia, mas sim o porquê de uma mudança tão repentina e em cima da hora.

— Você... seu... — Miguel grunhe, suas mãos tremem violentamente ao seu lado, seu corpo todo uma rocha tamanha tensão, mas o pior era seu olhar assassino direcionado ao padre, acho que nunca havia visto Miguel tão furioso em todos esses meses juntos. Em uma medida preventiva de evitar que as coisas piorassem mais ainda puxo Miguel pelo braço o fazendo sentar novamente ao meu lado, afinal de contas matar o infeliz do padre só atrapalharia mais ainda nossos planos.

— Ei! Se acalma — sussurro em seu ouvido me aproximando dele — Só respira e se controla, brigar agora não vai ajudar em nada — começo a esfregar seu braço tentando de alguma forma acalmá-lo.

— Bela... — Miguel grunhe tamanha a força com que trinca o maxilar. — Eu não posso deixar ele fazer isso, ele não pode... Eu não posso... Você... — Miguel mal consegue falar tamanha raiva nublando sua mente, que provavelmente deve estar trabalhando rapidamente tentando achar uma forma de resolver tudo o mais rápido possível.

— Vai dar tudo certo! Nós não precisamos deles, temos tudo sobre controle — digo tentando acalmá-lo, sabendo que infelizmente acreditar em algo não é garantia de certeza. — Nunca confiei nessas pessoas, mas eu confio em você, Eric, Pedro, Ana e sei que vocês estarão lá e vão fazer o possível e o impossível para que tudo dê certo. — Miguel abre a boca para falar algo, mas se cala ao ouvirmos a voz de Erik.

— Eu sinto ter que discordar do senhor — Erik se levanta chamando a atenção de todos. Só por suas feições percebo que está tão puto quanto Miguel — Vamos ser lógicos aqui e analisar melhor a situação. Todas as vítimas foram pegas voltando de alguma festa, barzinho ou algo relacionado a diversão onde provavelmente muitas outras pessoas também estavam, porém de alguma forma ele sempre as abordava quando estavam sozinhas, ou seja? — faz uma pausa esperando por respostas.

ConfinadaWhere stories live. Discover now