Capítulo 40 - Passado, Presente... futuro?

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Bela

Eu estava flutuando, essa era a sensação, me sentia leve, como se estivesse deitada na calmaria de um oceano, sendo ninada pelo suave balançar de suas ondas.

Tudo era tão calmo, tão silencioso... 

Meu corpo parecia estar sendo inundado por uma sensação de paz, que nunca havia sentido na vida, era como se todo o peso do mundo tivesse sido retirado dos meus ombros, me permitindo respirar, relaxar, pela primeira vez em minha vida. A sensação era fantástica e aterrorizante ao mesmo tempo.

Fecho meus olhos, respirando fundo, me forçando a espantar o medo que sempre estava a espreita. Eu não podia deixar que essa sensação fosse embora, eu precisava — ansiava — sentir essa paz, essa felicidade, nem que fosse só por uma maldita vez. 

Era tão cansativo estar sempre com medo, as emoções sempre no limite... 

Será que... Seria tão ruim me permitir pelo menos uma vez fingir que a vida poderia ser assim... tão boa? Que essa paz realmente existe? 

Não, não seria! Mas... Como fazer isso? Como fazer meu corpo e minha mente tão acostumados a viver nas sombra, na crueldade, entenderem que tamanha coisa existe? Parece impossível! Mesmo que para uma mera ilusão.

Me forço a mandar esses pensamentos para longe, não pensar em nada, manter minha mente em branco, aproveitando cada pequeno momento, agarrando-o o máximo possível...antes que a realidade volte e me atinja com tudo.

Abro meus braços, sorrindo, me sentindo... assustadoramente feliz, em paz. Uma lágrima escorrer por meu rosto e uma risada de incredulidade foge do meu peito. Felicidade, será que realmente era essa a sensação?

Estava prestes a abrir os olhos e me entregar a todo aquele novo sentimento quando um vento frio atinge meu corpo me fazendo estremecer, a calmaria das ondas que antes me embalavam agora se agitam, se tornando cada vez mais imponentes, agressivas... me puxando, me reivindicando para suas profundezas.

Sinto meu corpo pesar, afundando mais e mais em águas geladas, tento nadar, me erguer, chegar à superfície, mas não consigo. O desespero inunda minha mente, cada movimento se tornando letárgico, difícil, inutil.

Mãos invisíveis me puxam, me aprisionando, me rasgando, sinto cada parte do meu corpo doer, queimar, afundando cada vez mais até não sobrar nada... Exceto a escuridão.

Abro os olhos assustada, minhas mãos voando diretamente para meu pescoço, um ato desesperado em busca de ar, Cada mísera respiração descendo feito brasa por minha garganta, me queimando por dentro. Sinto as lágrimas escorrendo por meus olhos, o tremor da dor e pânico dominando meu corpo... 

— Se acalma amor, você precisa respirar devagar. Quanto mais agitada você continuar pior vai ser. Eu sei que é difícil mas você precisa tentar se acalmar. — sinto suas mãos se agarrarem as minhas, tudo me diz para solta-las, me manter longe, mas quem quer que fosse as segurava com força, como se suas mãos pudessem me ancorar ali e não me deixar se levada. Me agarrei aquilo, mesmo sem saber quem diabos era aquela pessoa. Eu não queria morrer, não a um bom tempo se fosse sincera comigo mesma.

— Inspire e expire bem lentamente, prolongue o movimento o máximo que puder. Vai doer, mas vai melhorar, confie em mim. — quem quer que fosse falava carinhosamente comigo, a voz parecia distante, não conseguia reconhecê-la, mas obedeci, segurando com toda a força que podia suas mãos, precisando desesperadamente de qualquer tipo de ajuda que me livrasse dessa dor, desse desespero.

— Isso! Continue até você se acalmar por completo. Sem pressa, só respire. — Continuo seguindo suas ordens e por mais que ainda queimasse como o inferno, aquela sensação horrivel a se tornar suportável de alguma forma, me permitindo finalmente respirar um pouco melhor.

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