Capítulo 27 - Uma hora as coisas saem do planejado

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Acordo com todos os meus sentidos em alerta, onde quer que estivesse sabia que não era em meu apartamento, o cheiro do lugar era diferente, um cheiro bom, um tanto incomum, mas que me lembrava de algo só não sabia o que exatamente.

Me mantenho quieta sentindo o coração disparado em meu peito, abro vagarosamente meus olhos e não preciso olhar ao redor para saber onde estava por que em minha frente estava o homem mais intrigante e bonito que conheci em toda a minha vida, Miguel estava sentado em uma poltrona bem ao lado da cama perdido em pensamentos enquanto olhava fixamente pela janela.

Aliviada, aproveitei o momento para realmente observa-lo, digamos que nossos encontros nunca foram realmente calmos e recorrentes para que eu pudesse ter a oportunidade de estuda-lo, de tentar entender toda essa confusão que ele provoca em minha mente.

Eu nunca havia deixado homens se aproximarem de mim, não confiava neles, afinal...

Como confiar em alguém que jura te proteger até a morte quando ele foi o único responsável por causa-la?

Como confiar em alguém que te promete o mundo mas na realidade te tira todo ele?

Como confiar em alguém que te diz para voar, ser livre, mas é o primeiro a cortar suas asas?

Nenhum homem em minha vida se mostrou confiavel, verdade seja dita não creio que seja algo realmente exclusivo ao gênero masculino, fui decepcionada por todos os gêneros e tipos, posso contar em uma mão as pessoas que realmente pude confiar, pessoas que talvez eu não tenha dado o devido valor quando me ajudaram e me sinto culpada por isso, por não te-los ajudado, por não te-los agradecido, não te-los salvos...

Mas com Miguel as coisas eram diferentes, desde o primeiro momento que nos conhecemos meus instintos não se atiçaram, nenhum alarme vermelho soou em minha mente, nenhum sinal que deveria correr na direção contraria, fugir, me esconder, pelo contrario ele me passava uma sensação estranha, familiar. Algo em mim dizia que poderia confiar nele, que ele era diferente de alguma forma mas... eu não conseguia me libertar assim tão fácil, por mais que meus instintos sempre tenham livrado minha bunda de mais coisa do que realmente posso contar eu não podia... não conseguia me render assim tão fácil.

Miguel era um enorme sinal de interrogação, ele me intrigava, irritava e ao mesmo tempo me deixava perdida, sem reação, sem saber o que fazer, o que dizer, ele literalmente me tirava da minha zona de conforto e por mais divertido que fosse irrita-lo e coloca-lo em seu devido lugar, ainda não compreendia qual era a dele, o que queria, o por que de tudo isso.

Parece loucura dizer isso mas algo me atrai inexplicavelmente a ele. É insano pensar como algo tão forte, poderoso e confuso pode ocorrer tão rápido, tão... de repente. Ele era lindo não podia negar tal fato, mas não era sua beleza a razão de toda essa loucura, claro que ajudava afinal é inegável o fato de que a primeira real atração que temos por alguém se vem pelo fisico mas logo acaba se a personalidade não for atraente ou interessante o suficiente. Mas com Miguel não é assim, não é uma atração instigada por hormônios é... algo mais, algo diferente. algo que me faz querer descobrir mais, entender, ir em busca de respostas... mas ao mesmo tempo também me faz querer correr, fugir, ir para o mais longe possível daqui, longe de toda essa confusão, desse frio na barriga.

Eu realmente queria entende-lo, compreender o que se passa naquela cabeça, o que vê que não vejo, o por que de estar fazendo tudo isso. Nos não nos conhecemos, nunca nos falamos, não parecemos ter nada em comum então por que agir assim? Por que querer me proteger tão fortemente, por que querer se intrometer em algo que não é de sua conta, por que se importar com a vida de alguém que nunca viu mais gordo na vida? O que ele pensa que vai ganhar se arriscando assim? Arriscando sua vida por mim, uma desconhecida, uma reclusa, uma solitária.

ConfinadaWhere stories live. Discover now