Capítulo 40 - Passado, Presente... futuro? (cont... )

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— Fique. Longe. Dela! — as palavras ressoam como um trovão pela sala. Aquela voz, potente e ameaçadora invade meus ouvidos me fazendo perder todo o ar. Fecho meus olhos, sentindo meu corpo inteiro desabar sobre a cama junto de um enorme suspiro de alivio.

— Miguel... — seu nome sai dos meus lábios, como um sussuro, uma prece. Tudo parece congelar ao meu redor, o barulho de luta desaparece, as vozes, os passos, tudo some e um silêncio ensurdecedor se instaura. Abro meus olhos com cautela, segurando firmemente os lençóis, como se eles me ajudasse a tornar aquilo real, a tornar Miguel real, porque por mais que meu corpo sentisse sua presença, seu cheiro, meu cérebro se recusava a acreditar que ele estava aqui.

Como se me ouvisse chama-lo, Miguel levanta seu rosto em minha direção, sua mão parada no meio de um golpe. Nossos olhares se prendem um ao outro e sinto tudo que não havia sentido caindo rapidamente sob mim, toda a dor, medo, raiva, tristeza, tudo... Vejo minha própria dor refletida em seus olhos, mas nossa conexão é cortada bruscamente quando o pesadelo da minha vida se aproveita desse momento e chuta Miguel com toda a força o derrubando para longe. Tento gritar, alerta-lo, mas nada sai.

O idiota se levanta e parece lutar contra algo em sua mente, indeciso entre fugir ou lutar e vir ate mim, mas a decisão é tomada por ele quando a luz se acende e o quarto é invadido por um grupo de pessoas, seguranças do hospital pelo que parece. Um ultimo olhar é dirigido para mim, uma ameaça silenciosa, porém mais eficaz que qualquer palavra dita. Miguel se levanta pronto para agarrá-lo, mas ele se vira impressionantemente rápido e se joga pela janela.

Todos congelam em seus lugares, ouso dizer que ninguém ali se quer respira, tentando entender o que diabos acabou de acontecer. Ele simplesmente se matou? Assim, tão facil? Eu estava livre? Será? Não, ele não desistiria tão facil, não mesmo.

— Filho da puta! — Miguel amaldiçoa, se aproximando da janela. Olho para ele tentando falar, me forçando a dizer algo, mas não consigo, o nervosismo me toma o ar, me fazendo engasgar em busca de oxigênio, isso atrai a atenção de Miguel que vem até mim rapidamente.

— Se afaste senhor! — Um dos seguranças ordena, se aproximando de Miguel.

— Me obrigue! — Ele desafia se aproximando de mim. Olho para ele em pânico sem entender o que estava acontecendo, por que queriam afastá-lo de mim?

— Se acalma princesa, eu to aqui! — Ele me toma delicadamente em seus braços e eu desmorono. — Eu to aqui. Tudo vai ficar bem, eu prometo. — fecho meus olhos, me agarrando a ele, me concentrando em sua presença, seu cheiro, o bater acelerado do seu coração contra o meu, a sensação de casa que ele sempre me transmite quando estávamos juntos.

Quando finalmente me acalmo, sinto Miguel ser arrancado bruscamente de mim, pega de surpresa acabo caindo de encontro à grade da cama, não conseguindo esconder o arquejo de dor com o impacto..

— Mas que merda... Me solta porra! — Miguel rosna, tentando se livrar do aperto dos seguranças.

Nesse exato momento uma enfermeira entra no quarto, acompanhada de Ana, que vem correndo até mim, se jogando ao meu lado na cama.

— Oh Bela! O que fizeram com você? — lágrimas escorrem por seu rosto, as mãos trêmulas vindo em minha direção, fecho meus olhos pronta para receber esse pequeno conforto, mas ele não vem.

— Eu... Eu não quero te machucar querida, não sei onde... — ela não precisava terminar a frase para que eu entendesse. Estou tão machucada que ela não sabe onde encostar em mim sem me causar qualquer tipo de dor. Pego sua mão delicadamente e a trago ao meu peito, dando um leve sorriso, querendo que ela veja que apesar de tudo, de todos os machucados e arranhões eu estou bem. Ela me da um pequeno sorriso em resposta, apertando levemente sua mão na minha e meu coração se aquece um pouco com o amor em seus olhos.

ConfinadaWhere stories live. Discover now