Capítulo 30 - Afogando (cont...)

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Esse novo filho da puta não tem medo, ele se enturma, passa desapercebido e aposto que ninguém nunca se quer pensaria algo ruim do sujeito. O maldito não esta feliz, ele esta sendo imprudente, se arriscando demais, esta perdendo o controle do seu jogo doentio. Aposto que  seu controle ruiu quando percebeu que Bela estava finalmente se abrindo e deixando que pessoas entrassem em sua vida, ele não devia esperar por isso, não mesmo!
O infeliz vem aterrorizando-a sabe Deus desde quando e pelo pouco que a conheço tenho certeza que ela estava todos essas anos sozinha, fugindo, tentando sobreviver sem qualquer ajuda ou talvez tenha tido alguma em algum momento mas algo ruim aconteceu e ela não se perdoa por isso.

Só de pensar que ela poderia ter sido levada e desaparecido mundo a fora bem embaixo do meu nariz....

O que mais eu precisaria fazer para que ela confiasse em mim?

Entro em casa tão perdido em pensamentos que me assusto quando acendo a luz e Bella se levanta rapidamente do sofá. Fico ali apenas olhando-a confuso, afinal ja é tarde e ela deveria estar dormindo, descansando para sua aula amanha. Planto meus pés com força no chão, segurando na maçaneta da porta, me forçando a permanecer no lugar, quieto, não querendo assusta-la. Minha vontade era de ir até ela, abraça-la e implorar por desculpas mas ao mesmo tempo também quero sacudi-la, implorar que confie em mim, mostrar a ela que não sou como os outros, que não a decepcionaria, que vou mante-la segura. Mas ao invés disso apenas fico ali, olhando, lutando comigo mesmo, dizendo que ela não queria nada daquilo, que precisava de espaço e não mais um cara se impondo sobre ela.

Quando meu nome sai de forma tão aliviada de sua boca e seus olhos marejam, instantaneamente meu coração se parte, que diabos eu havia feito para deixa-la assim? Abro a boca para perguntar mas ela corre para o quarto se trancando, tranco rapidamente a porta e sigo atras dela.

Tentei de todas as formas possíveis, não entrar a força naquele quarto, me acalmar, não forçar mas eu precisava saber por que ela não confiava em mim, o que mais eu poderia fazer para que confiasse, para que dividisse seus medos comigo, suas incertezas, suas duvidas. Ouvir ela chorando do outro lado da porta estava me matando, aquela dor no peito, aquela necessidade de ver, toca-la, crescia absurdamente a ponto de doer.

Olho para a sala tentando pensar no que fazer, no que dizer, quando vejo o bilhete que havia deixado dizendo que estaria no meu apartamento caído embaixo do sofá. Será que ela pensou que eu havia ido embora? Que sairia assim por causa de uma briguinha? Uma discussão? Ela fazia tão pouco de mim assim?

_ Eu nunca iria embora linda, não assim. - digo triste, impotente e me levanto. Ela precisava dormir e eu também, amanha seria um novo dia e quem sabe as coisas não seriam melhores.


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Acordo quebrado, mal havia dormido, não conseguia parar de pensar no que havia acontecido, no maldito recorte de jornal, em Bela chorando no quarto tão perto e eu não podendo fazer nada. Sigo direto para o chuveiro precisando de um banho gelado para acordar, me sentir melhor e o mais humanamente possível.

Vestido e mais alerta, preparo nosso café da manha deixando o de Bela coberto em um prato em cima da mesa. Como rapidamente, escovo os dentes e saio do apartamento precisando desesperadamente liberar toda essa raiva, angustia e incerteza dentro de mim.

Me exercitar sempre ajudou a colocar as coisas no lugar, clarear minha mente, ver por perspectivas diferentes. Bela precisava de ajuda, mas ela não se permite por que tem medo de machucar as pessoas, de piorar as coisas e eu entendo, mas eu não podia deixar que as coisas continuassem assim. Já estive como ela esta agora e eu sabia que uma hora ela estaria tão fundo naquelas aguas turbulentas que não conseguiria mais voltar a superfície. Eu não poderia deixar isso acontecer com ela, não mesmo, o problema é como ajuda-la?

ConfinadaWhere stories live. Discover now