Capítulo 28 - Águas profundas

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Assim que olhei para a parede ao lado, um enorme "Minha" feito em tinta preta, escorria por toda a parede, me levantei olhando pelo lugar e assim como no quarto quase todas as paredes do apartamento agora possuíam enormes e gritantes letras negras rugindo ódio para quem quer que estivesse ali para le-las, mas a situação na sala conseguia ser mil vezes pior...

"Minha! Se afaste dela!

A pequena frase ocupava toda a parede lateral do cômodo, as letras feitas com raiva, desleixo, pouco se importando quanto a quantidade de tinta usada, preto ainda escorria de varias letras sujando o linóleo que a poucos dias havia acabado de arrumar.

Mas não parava por ai, por vários outros lugares a palavra "minha" havia sido pintada ou  arranhada, nos moveis, na parede, no chão e em tudo mais que pudesse ter encontrado e usado como tela para seu descontrole.

Filho da puta!

Quem ele pensava que é? Ele poderia destruir tudo que possuo nesse apartamento que eu não daria a mínima mas em Bela ele não encostaria, não mesmo. Irritado pego meu telefone e ligo imediatamente para Pedro, contando tudo que havia acontecido, precisava que ele ficasse de olho, atento, quem sabe o que esses maluco poderia fazer com ela em um momento tão frágil assim. 

Apos ter sua promessa de que cuidaria dela com sua vida era a vez de solicitar suporte, não podia contar com a policia dessa cidade, anos sofrendo com um ataque e não fazendo nada só me mostravam uma coisa, que o sistema estava corrompido, que não eram confiáveis e eu precisava de alguém em que pudesse confiar com os olhos vendados.

_ Erik! Tudo bem irmão? Sim, cara, Obrigado! Não, Keila estava bem, ainda no hospital mas bem. Você sabe que odeio incomodar mas preciso da sua ajuda... 

Meu amigo havia fundado uma das melhores empresas de treinamento tático do pais, treinava agentes não só para trabalhos em campo mas também para trabalhos remotos, ele sabia por experiencia própria que um soldado pode ter sido afastado do campo mas o campo nunca sai dele, então soltados aposentados como ele por algum acidente em serviço encontravam ali um lar, uma forma de continuar sua luta mesmo que de forma diferente da que haviam planejado anteriormente. Como ele sempre diz "A vida pode nos tirar certas coisas mas ela nunca nos deixa de mãos vazias".

Não precisei se quer contar o que estava se passando, só em saber que o atacante de Keila ainda estava a solto e ao que tudo indicava caçando sua nova vitima já o fez tentar remanejar todo a sua agenda e começar a se preparar para passar uns dia na cidade me ajudando com todos os recursos possíveis. Eu não sabia como agradece-lo, talvez nunca o agradeceria o bastante.


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Cinco horas mais tarde, finalmente consigo dar uma ajeitada mais ou menos na casa, todas as roupas estavam dobradas e guardadas, cacos de vidro recolhidos, casa devidamente varrida e moveis destruídos empilhados na varanda esperando o dia certo para serem reciclados.

Agradeci mentalmente meu cansaço por não ter corrido para comprar o sofá e a TV tão rapidamente ou eles estariam na pilha de destroços. Quanto ao resto dos danos teriam que esperar, eu estava destruído e precisava urgentemente de um banho antes de correr de volta para o hospital. 

Nem se quer me daria o esforço em tentar dormir afinal de contas minha cama havia sido destruída e eu estava com a mente alerta demais apesar do cansaço para se quer cogitar a hipótese, muitas coisas precisavam ser feitas no dia seguinte, ou melhor daqui algumas horas.

Precisava procurar alguém para arrumar toda essa bagunça, repintar as paredes, arrumar o piso, lixar o granito da cozinha, sem falar que teria que ir as comprar novamente para tentar comprar o minimo necessário para se viver, como uma nova cafeteira, algumas toalhas e outras pequenas coisas necessárias para o dia a dia como pratos, copos entre outras coisas, alem claro de toda a organização do sistema de segurança ao redor do hospital e de Bela.

ConfinadaWhere stories live. Discover now