Capítulo 26 - Talvez seja o destino (cont...)

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 Eu não poderia deixar as coisas assim, não poderia deixar que ela pensasse que não a queria, que a rejeitei de alguma forma, eu sabia que deveria ir com calma que se forçasse algo ela fugiria, mas esse desejo, essa força que me puxa sempre para ela era forte demais e quando um breve fio de confusão e esperança brotou em seus olhos não aguentei e beijei-a novamente. 

De repente algo clicou em minha mente, de alguma forma eu sabia que esse era seu primeiro beijo, me senti orgulhoso e ao mesmo tempo um idiota por ter roubado algo que deveria ter sido sua opção da-lo ou não, mas saber que ela correspondeu, que ela também me queria de certa forma me fazia explodir por dentro. Deus! Como eu queria ser seu primeiro e único. Merda! O que estava acontecendo comigo?!

"Quando vi sua mãe pela primeira vez, algo aconteceu bem aqui dentro - meu pai apontava o peito, indicando seu coração - algo bem aqui se transformou, se expandiu e eu soube com a maior certeza do mundo que ela era minha e eu era completa e inegavelmente dela. Foi simples assim, fácil como respirar, sem duvidas, sem medo, somente uma única certeza... " - as palavras de meu pai ressoaram em minha mente e me afastei em busca de ar tentando clarear minha mente, tentando acalmar meu coração.

Quando nos separamos em busca de ar aconteceu o que mais temia, ela estava constrangida, arrependida de certa forma. Eu era um inutil nesse momento, perdido em um mar de emoções, pensamentos,  abri a boca em busca de alguma desculpa ou mudança de assunto, não queria que ela fugisse de mim, ela havia aberto uma brecha de sua vida e eu não queria perder o pouco que havia conquistado, mas acabei soltando a pior coisa que poderia. Como pude dizer que aquilo era somente um meio de nos mantermos longe de problemas com aqueles idiotas? Como pude soltar tamanha mentira? Senti seu desconforto e decepção imediatamente e antes que pudesse dizer qualquer coisa ela se virou e saiu andando, ombros e queixo erguidos, me deixando ali querendo quebrar minha própria cara, merda! Corri até ela não querendo deixa-la sozinha, ela sequer pareceu notar minha presença a seu lado e assim seguimos para casa em um silencio desconfortável. 


No outro dia teriamos  "A"  conversa e eu sabia que ela tentaria fugir de mim de alguma forma, sabia que ela faria de tudo para me tirar de sua vida, me ignorar, então não lhe dei a mínima  chance e esperei por ela em nosso prédio, cercando-a, fazendo-a ficar sem opção. Algumas horas depois ela surgiu em minha frente, seu rosto completamente inexpressivo, não me dando uma dica sequer de como estávamos depois do que havia ocorrido na noite passada. Merda!

Isso estava me matando, eu queria sacudi-la, abraça-la, gritar, pedir desculpas ou melhor implorar por desculpas, dizer que ela poderia sentir, que ela deveria se deixar sentir, que eu precisava ver alguma emoção naqueles olhos, odiava vê-los tão sem vida, ainda mais por minha culpa,

Ficamos bons minutos olhando um para a cara do outro antes dela se render e aceitar conversar comigo, eu não iria embora sem que ela aceitasse, ela precisava saber de tudo.  

Bela reagiu melhor do que imaginei quando lhe contei tudo porem me chocou com suas palavras, como podia ser tão irresponsável com sua segurança, tão desleixada com sua vida, como poderia se propor tão facilmente em por a própria vida em risco dessa forma?

Eu estava irritado, não, eu estava irado, como ela podia ser assim? Que raios haviam feito com ela? O que havia sofrido para se cobrir com essa armadura? Por que tratava sua vida como se valesse tão pouco, como se não fosse perder nada se algo lhe acontecesse?  Me aproximei dela, meu corpo tremendo com toda a luta interna correndo dentro de mim, aquilo era para ter sido uma conversa amigável, um acordo mutuo de que eu faria sua segurança, de que a manteria viva, mas ela não tinha apresso nenhum pela própria vida então a conversa deixou de ser um acordo e virou um aviso, ela querendo ou não eu estaria na sua cola.

ConfinadaWhere stories live. Discover now