Capítulo 26 - Talvez seja o destino

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Lembro como se fosse ontem o dia que recebi a noticia de sua morte, estava a ponto de ir em missão de reconhecimento de um território hostil quando senti uma pontada no peito, aquela sensação ruim de que algo havia acontecido, a dor me dilacerou, me tirando completamente o ar e foi nesse momento que reparei no par de botas parados bem em minha frente e assim que subi meu olhar para encontrar o rosto do meu companheiro de serviço eu tive a confirmação de algo realmente ruim havia acontecido.. 

Nossa familia não era grande, éramos apenas nos quatro, todos eram importantes em minha vida, todos carregavam dentro de si uma parte de mim e eu sabia no fundo da minha alma que um deles havia partido pois o buraco em meu peito e a dor que me tirava o ar não me deixavam duvidas.

Me levantei sem se quer ouvir uma palavra do que meu amigo dizia, fui até o pequeno armário, retirei tudo e enfiei de qualquer jeito na enorme sacola de lona, quando estava acabando de fecha-la meu amigo me segurou pelos ombros e me fez olha-lo realmente pela primeira vez. Quando não consegui focar em seu rosto percebi o que realmente acontecia, eu estava chorando e não tinha a menor vergonha em faze-lo na frente de todos aqueles homens lutando bravamente por nosso pais ao meu lado, nunca achei que emoções fossem algum tipo de fraqueza, para mim sentir era a maior prova de força que uma pessoa poderia demonstrar. Esconder os sentimentos é fácil, mas deixar-se sentir que era a verdadeira força, o verdadeiro desafio.

Sempre acreditei que engolir os sentimentos era enganar a si mesmo, pois o fato de se ignorar algo, fingir que algo não esta ali não o faz deixar de realmente existir. Você só o coloca em uma pequena sala longe de seus olhos e quando essa sala não é mais o suficiente tudo desmorona, como um tsunami anos de dor, angustia e raiva te acertam em um único golpe, com total intensidade e dor.

A morte de meu pai não foi fácil para ninguém, era difícil entrar em casa após sua partida, nossa casa sempre fora barulhenta, repleta de risos, discussões acalorada e muitas brincadeiras e loucuras daqueles dois. Era lindo ver o quanto eram mais que marido e mulher, eram amigos, confidentes, companheiros, parceiros de crime e completamente insanos da mente e de amor um pelo outro. Foi difícil voltar para minha missão, deixar minha mãe e irmã mas eu não havia conseguido dispensa, meu coração se quebrou com a imagem de minha mãe quando nos despedidos mas eu estava de mãos atadas.


O tempo se passou e mais duas implantações vieram, tentei voltar para casa antes mas não consegui, estávamos no meio de grandes acontecimentos e todo e qualquer homem na região era necessária no momento. Eu estava no fim de mais uma implantação, doido para conseguir ser dispensado e voltar para casa, Keila havia ido para a universidade a um tempo e nossa mãe estava sozinha em casa, eu sabia que ela se sentia sozinha e triste naquela casa lotada de lembranças, então estava decidido a ir até meus superiores e implorar nem que fosse ajoelhado para voltar para casa, infelizmente não foi necessário tamanho drama, pois assim que entrei na tenda me preparando para marcar um horário com os oficiais recebi a noticia de que minha irmã estava no hospital, não pensei duas vezes antes de correr para minha tenda arrumar tudo, conversar com meu pelotão, meus superiores e voar casa, só que dessa vez para ficar. 

Assim que sai do avião de carga militar que havia pego carona, peguei o primeiro taxi que apareceu em minha frente e fui de uniforme e tudo em direção ao hospital que haviam dito que minha irmãzinha se encontrava. Não me foi dito nada que havia acontecido, eu estava completamente as cegas e isso me matava por dentro, minha cabeça imaginou os piores cenários possíveis em todas as quinze horas de viagem de onde estava até chegar em casa e isso só piorou mais e mais meu humor. Keila não era mais a minha pequena e amorosa irmãzinha, ela havia se tornado uma pentelha egoista mas eu amava aquela nanica e sempre que podia tentava fazer com que voltasse a realidade e virasse um ser humano decente, mas a menina era mais cabeça dura que eu.


Fiquei horas no hospital conversando com mamãe e com Keila, tentando entender que diabos havia acontecido e a cada palavra que escutava mais raiva sentia. Meus instintos gritavam para ir a caça e acabar com a vida do filho da puta que havia feito o que fez com minha irmãzinha, ver seu rosto e corpo machucados, cheios de hematomas e alguns pontos me destruiu por dentro, mas o que mais doia eram as marcas de mãos em torno de seu pescoço, o maldito chegou tão perto de tirar mais um pedaço de mim, isso não podia ficar assim.

Foram dias no hospital e quando finalmente Keila foi liberada para ir para casa eu já havia conseguido tirar cada informaçãozinha necessária de minha irmã, ela tentou esconder algumas coisas mas eu conhecia bem ela apesar de tudo, sabia quando ela tentava esconder algo ou mentia. Nunca achei que minha irmã fosse uma santa mas perceber o tanto que ela mudou e o quanto nos enganou durante todo esse tempo doeu e doeu mais ainda perceber a pessoa que minha irmã estava se tornando.

Juntei minhas coisas, enfiei tudo no carro que havia sido de meu pai e me despedi das duas mulheres mais importantes da minha vida. Keila chorou e implorou que eu não viesse, que era perigoso e ela não queria que nada acontecesse comigo, como podia ter tanta pouca fé em mim?

Eu estava com raiva, claro, mas não estava vindo com sede de sangue, eu queria vingança, claro, mas queria tudo no âmbito da lei, tudo seria feito de forma correta e o desgraçado pagaria mofando na cadeia e de preferencia pegando perpetua. Não podia me dar ao luxo de ser preso, de deixar as duas por sei la quantos anos por sua conta e risco, elas precisavam de mim tanto quanto eu precisava delas.

E aqui estou eu, olhando encantado a única mulher em toda minha vida que consegue me deixar frustrado, curioso e furioso ao mesmo tempo. Quando preguei meus olhos pela primeira em seu belo rosto... quando meus olhos encontraram aqueles belo par de olhos negros perdi o ar, não só com sua beleza mas com toda aa dor e raiva que vi, ela estava se afogando em tantos sentimentos que tudo que queria fazer era correr até ela e abraça-la, dizer que estava ali por ela, que ela deveria libertar toda aquele oceano em que estava se afundando e enfim respirar, que eu estaria ao seu lado para ajuda-la mas... quem era eu se não um mero desconhecido?

Quando ela se virou e seguiu seu caminho o feitiço que me prendia a ela se quebrou... E só assim pude notar o que acontecia ao redor, notei os olhares, os cochichos, os olhos maliciosos e cheios de luxuria sobre ela, tudo isso disparou um enorme alerta em minha mente. Bela era dona de uma beleza única, beleza a qual fazia de tudo para esconder sob enormes roupas e seus longos cabelos negros mas seu esforço só a fazia ser mais apreciada, intrigante e interessante.



Fiquei dias atras dela, a seguindo feito um cachorrinho e quanto mais seguia seus passos mais o choque de que ela provavelmente seria em algum momento a  próxima vitima me atordoava. Fiquei dias tentando me aproximar de alguma forma, não querendo assusta-la. Ela não possuia muitos amigos, na verdade pelo que pude observar possuía somente três pessoas, seus chefes e uma menina que era completamente o seu oposto, era engraçado ver o entrosamento de ambas e os pequenos e rápidos sorrisos que sua amiga conseguia arrancar dela vez ou outra eram uma das coisas mais lindas que ja vi.

Quanto mais observava e aprendia não só sobre ela mas sobre a cidade mais agoniado ficava. Eu não podia deixa-la no escuro, ela precisava saber os riscos que corria, precisava me deixar ajuda-la.  Desesperado e sem saber mais o que fazer resolvi arriscar, o destino parecia querer nos unir de alguma forma e como o besta que sou imaginei que talvez tudo isso tenha de alguma forma ocorrido por que precisava estar aqui para ela de alguma forma. 


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Hello meus trevosinhos!

Como estão?

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Nos vemos em breve.

Beijoooos s2

ConfinadaWhere stories live. Discover now