13 - Abstinêcia

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Convenci vovó a passar a virada do ano na praia de Copacabana. Convenci seu Neneco e o filho a fazerem a mesma coisa e foi uma aventura! A praia estava cheia e vimos cada coisa! A queima de fogos foi muito bonita. Tive certeza de que 94 seria especial! 

O ano começou com provas e muito trabalho na faculdade. Regina voltou e ficou doidinha com a quantidade de coisas que tinha para estudar. Como seus pais permaneceram fora do país eu ia para sua casa e ficava lá direto. Estudávamos juntas e separadas e, para aliviar, íamos à praia. A essa altura eu já havia colocado nela o vício praiano e a paixão pelo Rio. E  sua pele morena contrastada ao sol do entardecer… era a minha perfeição. O período acabou no final de fevereiro e nos saímos muito bem. 

Fazíamos aniversário no mesmo dia: 1º de março e a data estava a menos de 24 horas. Por esta época, estávamos de férias. Longas férias de uma semana. Ela faria ainda 17 anos e eu 21. Meu jogo de vôlei acabava de encerrar e caminhei até onde Regina estava sentada.

- O jogo hoje foi muito ruim, minha linda! – sentei do seu lado.

- Ruim só porque seu time perdeu? Vocês jogaram bem, mas o outro time foi melhor dessa vez. – estendeu-me uma garrafinha com água.

- Não queria perder pra esse povo! Eles são muito metidos! – bebi água.

- Você quer sempre ganhar, Emma! – beliscou meu braço de leve.

- Oi, oi, garotas! É loira, dessa vez não deu pra gente. – disse Murilo.
Veio acompanhado por outro rapaz que não tirava os olhos de Regina.

- Eu sei. – olhei desconfiada para o cara.

- Esse é Marcos, um amigão meu. Marcos essa é Emma e sua amiga... ???

- Regina – ela respondeu.

- Prazer. – sorriu para nós e se fixou em Regina novamente.

- Você tem andado sumido Murilo. – comentei.

- É… meu pai foi transferido pra São Paulo e eu tentei ir junto, mas sabe como é! Eu, rato de praia, morando em Sampa... Sem chance de dar certo! – sentou-se ao meu lado – Ficou com saudades? – pôs a mão na minha perna.

- Morrendo! – disse ironicamente enquanto retirava sua mão.

Olhei para o lado e o tal Marcos estava cheio de gracinhas com Regina, que ria divertida. Aquilo me deu muita raiva e tive de me conter para não avançar no infeliz e quebrar-lhe os dentes. Levantei-me.

- Bem, minha gente, o papo tá bom mas já vou. – sacudi a areia do corpo.

- Emma, hoje vai ter uma festa irada na Fundição Progresso e pensei da gente ir junto. Nós quatro. – disse Murilo.

- Não, eu não tô a fim. – respondi meio sem paciência. Olhei seriamente para Regina e disse – Tchau pra vocês!

- Ei! Espera, eu também vou! – Regina se levantou apressada.

- Fica aqui gatinha, pra que a pressa? – ouvi Marcos perguntar.

Sem esperar por ela fui andando rapidamente e minha raiva crescia. 

- Emma Swan, quer fazer o favor de me esperar??? – ouvi ela reclamar.

- E por quê você tá vindo? – olhei para trás – Não tava tão à vontade lá com o Marcos? – disse desdenhando, virei de frente novamente e continuei andando.

- Que bobagem é essa? Nós apenas conversávamos! - correu e se emparelhou comigo – Você foi é muito grosseira!

- Ah é? – parei de andar – O que é que você acha, hein garota? Chega um cara bonito, fica te dando mole, cheio de amor pra dar e você fica toda derretida com ele, rindo de todas as bobagens que ele fala e eu tenho que aturar numa boa? Dá um tempo! – voltei a andar.

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