41 - Danou-se

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Cheguei em casa e, mal abri a porta, Regina estava pulando como um bichinho feliz.

- Você veio cedo! – me abraçou sorridente – Por que? - seu sorriso era lindo.

- Longa estória! – beijei-a nos lábios docemente. - Onde está nossa vovó?

Nesse momento vovó Granny aparece na porta do quarto.

- Olá, querida! – abriu um belo sorriso.

Ela usava uma saia de pano até os joelhos, uma blusa branca de rendas e um casaquinho de linha. Estava mais magra e um pouco abatida. Caminhei até ela e abracei-a com vontade. Ela retribuiu com carinho.

- Como foi a viagem? Teve medo?- coloquei minha mochila no chão.

- Medo? Eu? Que nada! Tive um pavor indescritível! – rimos – Mas a viagem foi boa.

- Vovó disse que teve uma bela visão aérea do Rio, passando bem próxima ao Pão de Açúcar.

- É mesmo? Que sorte! Dizem que isso não é muito comum quando se chega pelo Galeão. Mas, e então? O que as duas aprontaram até agora?

- Por enquanto Regina e eu arrumamos minhas coisas no armário de vocês, eu a assisti fazendo o almoço e conversamos bastante. Ela me contou que você está bem empregada e já ganhou até um aumento!

- Ah! – sorri tímida – É! Depois de um trabalho complicado que nós concluímos, o chefe me deu um aumento mesmo.

- Ele adorou o modo dela trabalhar! – Regina disse orgulhosa.

- Então... – tentei desconversar - Que tal almoçarmos, você dorme um pouco para descansar e depois damos uma volta pelo calçadão? Faz um pouco de frio, mas não vai chover e o dia está até bonito.

- Mas veja ela me mandando dormir, Regina? – pôs as mãos na cintura e sorriu para a neta – Quem é a mais velha aqui?

- Ela está certa, vovó! A viagem é cansativa e é bom recuperar as energias.

- Não se preocupe, vó. Nós vamos levá-la para conhecer tudo na cidade.

- Eu gostei dessa parte. – sorriu contente.

- Vou trocar de roupa e daí se quiserem, almoçamos.

- Sim, eu concordo! Quero provar o gosto da comida brasileira que minha neta já sabe fazer! – passou a mão na barriga.

- E você ainda não nos disse porque chegou cedo! – Regina segurou minha mão e olhou para minha blusa desconfiada – Eu não conheço essa blusa!

- Não é minha. Mas eu conto, espere eu trocar de roupa.

Fui para o banheiro me trocar e elas se acomodaram na cozinha. Regina serviu os pratos e nos sentamos à mesa.

- Este apartamento é simples, mas muito bonito. Tão agradável! É parecido com as duas! Tudo rosa e branco. Acredito que seja coisa de minha neta. – sorriu e passou a mão no rosto dela.

- Na verdade, foi a dona que arrumou assim e eu achei a cara dela mesmo. Quando vi me interessei de pronto!

- E quando ela me apresentou a ele eu já me senti morando aqui. – Regina complementou. - Mas e então, amor? Por que veio mais cedo? – perguntou olhando para mim.

- Bem. Eu estava muito bem na obra quando de repente começou um... – disse em português – Regina, como é tiroteio em inglês?

- Oh meu Deus, Emmy! E você diz isso assim??

- Mas o que? – vovó perguntou desconsertada

- Ela disse que houve um tiroteio no lugar onde a obra está acontecendo.

Além do TempoWhere stories live. Discover now