56 - Novos Caminhos

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Hello, Babies! Chego com mais um cap pra vcs! :)
Espero que gostem. E me sinto muito grata aos favs que recebo, vcs são uns nenéns! Nesse cap Emma irá recordar do sonho que teve após o tiro que levou, esse momento é primordial para os cap a seguir! Haverá ainda um diálogo entre Emma e uma personagem, onde o dialeto desta não segue a norma culta, vcs compreenderão no momento. ;)

Boa leitura, amores!

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A reunião com o grupo envolvido na obra contou com fiscais e pessoal da prefeitura local. Resumidamente foi marcada por tumulto, histeria, palavrões, dedo na cara e socos na mesa. Tive que dar umas patadas em uns e outros e no final tudo se resolveu. Regina e eu iríamos trabalhar na supervisão das atividades e contratação de pessoal, além de resolver as trapalhadas que já haviam sido feitas. Precisaríamos ainda de mais dois colegas da firma, e eu já tinha em mente quem seriam. Uma das construtoras ia dançar e daí eles lá que se virassem com os contratos; nós não tínhamos nada com isso.
Ainda tive que voltar no canteiro e fiquei lá até umas três da tarde. Depois dei uma passada na praia para uma corrida e uns bons mergulhos.

No começo da noite passei no aeroporto para antecipar meu retorno para o dia seguinte e no guichê da Vasp soube que só haveria horário para às 15:00h. Liguei para Regina e Júlio contando as novidades. Ele aceitou minha sugestão e por telefone mesmo o grupo de trabalho foi escalado.
Ao dormir tive um sonho estranho, onde vovó me dizia que minha mãe vivia em um bairro humilde chamado Afogados, perto da estação de trem. Uma sucessão de imagens e rostos me confundiu e acordei tensa e suada.

                      ☆♤☆

Eram 8:00h e eu já estava no trem rumo ao Afogados. Vestia minha calça jeans surrada de obra, um par de sandálias baixas e uma regata branca. Não usava bolsa nem nada. Documento e dinheiro escondidos na calcinha, e para disfarçar, dez reais no bolso. Eu estava nervosa e, embora houvesse lugar, não conseguia me sentar.
Chegando na estação caminhei para a saída. Placas apontavam para uma tal Avenida Sul, e nem sei porquê, mas segui nessa direção. O ambiente era de muita pobreza. Crianças pequenas circulavam descabeladas e com o nariz escorrendo, esgoto e lixo por todo lado, cachorros magros reviravam sujeiras no chão. Continuei andando e, de repente, me dei conta de que não sabia para onde ir. 

Pessoas me olhavam desconfiadas, eu suava frio. Vi casebres que disputavam pequenos pedaços de terra com um rio poluído. Mais adiante vi outras casas ainda mais pobres, onde muitas vezes folhas de papelão atuavam como parede.

"Folhas de papelão?"

A lembrança do sonho veio a minha mente:
"Eu andava em um lugar cheio de vielas estreitas, sentia um cheiro de azedo, como vômito, e ouvia crianças chorando. Olhei ao redor e vi casas erguidas com paredes de tábuas de madeira ou folhas de papelão. O chão em que pisava era de terra umedecida por valas de esgoto que corriam a céu aberto."

Rapidamente me dirigi àquele lugar na esperança de reconhecer a casa do sonho, mas para meu desespero todas pareciam iguais. Comecei a pedir informações, mas sem sucesso. As horas foram passando e quando olhei no relógio já eram 11:15h.

"Que droga! Dei viagem perdida!"

Desanimadamente decidi ir embora, e voltei de cabeça baixa e mãos nos bolsos. Passei por umas vielas onde uns homens mal encarados assobiavam e me diziam gracinhas. Eu andava sem prestar atenção em nada quando de repente uma visão me despertou.

- Aquela casa...

"Parei de frente a uma casa horrível, quase se desmoronando, e de repente a tábua que servia de porta começou a se mexer. Vi uma mulher sair de lá de dentro, de cabeça baixa, e, uma vez do lado de fora, ela levantou a cabeça e me olhou. Ela era como eu, só que mais velha, e tinha os olhos pretos."

Além do TempoWhere stories live. Discover now