43 - Descontração

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No dia seguinte começamos no Jardim Botânico, e vovó Granny gastou simplesmente três rolos de filme. Rodamos por tudo lá dentro, e ela se acabou de comprar coisas na loja de artesanato. De lá fomos para a Vista Chinesa, e o local estava bem freqüentado por famílias e turistas. Adentramos mais no parque e chegamos até a Mesa do Imperador; perdemos a noção de tempo. Fomos voltar para o almoço quase às quatro horas. Retornamos passando por Itanhangá, Joá e São Conrado. Vovó gostou até das favelas.

Achou tudo exótico. Voltamos para casa mais cedo, por volta das oito. Comprei sorvete na padaria e o jantar foi banana split.

- Vamos voltar naquela floresta mais vezes?

- Sim, aquilo lá é um programa e tanto. – pensei em uma coisa e sorri - Mas você não escapará de tomar um bom banho de mar. O primeiro final de semana com temperatura quente será o escolhido.

- Vamos ter que comprar um maiô para você, vovó. – Regina disse.

- Meninas eu não vou ficar tanto tempo. Vocês têm sua vida e eu não sou estraga festa.

- Não se incomode, não atrapalha. Fique aqui até julho, até o final das férias de Regina. – disse com sinceridade

- Vamos, vovó, fique, fique! – Regina fez beicinho e posição de súplica.

- Oh, meu Deus, mas vocês... É muito tempo! Eu não me preparei para isso!

- Então fique pelo menos até o meado do mês! – argumentei. Ela pensou e respondeu:
- Só aceito se me deixarem ajudar com os gastos.

- Que gastos? – perguntei espantada.

- Gasolina por exemplo. Tenho certeza que vocês não andam de carro assim! Você pagou até meus almoços! – apontou para mim.

- Façamos assim, se faltar dinheiro, eu aviso e você completa. Pode ser?

- E você vai avisar? – perguntou desconfiada.

- Vou. Mas não se preocupe. Não somos ricas, mas estamos bem. Não tenho deixado sua neta sem recursos.

- Não mesmo! – Regina segurou minha mão – Estamos muito felizes, vovó. E mais ainda porque está aqui.

- Então eu devo avisar a Shelley que ficarei por mais tempo que o planejado. Ainda não tinha fechado a data de retorno com a British Airways, mas também não imaginei... Bem, pelo menos o telefonema eu pago! – bateu na mesa e foi para o quarto.

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Na segunda passei no escritório quando voltava do canteiro só para devolver a blusa e a toalha de Simone. Agradeci e ela respondeu piscando o olho.

Ao longo da semana o trabalho foi puxado, mas sem direito a salva de tiros. Regina passou a maior parte do tempo na faculdade ou estudando e vovó circulava pelas adjacências quando estava sozinha. Fiz um mapinha básico para ela e anotei nosso endereço, bem como frases de sobrevivência.

Curiosa com o famoso samba do Rio, ela queria ver como era. Então na sexta à noite levei as duas inglesas para uma famosa roda de samba do Estácio e a velhinha ficou como pinto no lixo. Ela achou nossos negros brasileiros lindíssimos e quis até aprender a sambar. Conquistou a simpatia de umas pessoas e arrumou um professor de samba. Fomos embora quase às duas da manhã e ela tentava cantar o samba que ouviu, mas sem sucesso.

- Ai meninas, eu estou morta! Não tenho mais idade para o samba! Mas que é bom, oh, isso é! Maravilhoso! – se abanava com um leque de papel da Estácio.

- Vó, você está sempre me surpreendendo. – ri – Não imaginava que fosse se integrar tanto assim! Sabe, acho que você é uma carioca que nasceu no continente errado.

Além do TempoWhere stories live. Discover now