Capitulo 9 | Um caminho sem volta?

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Permaneço escondida naquela mata por horas ou pelo menos se parecem. Meu estômago ronca alto implorando por comida, mas seria impossível conseguir algo nesse momento, primeiramente o lugar estava cheio de pessoas me procurando e segundo eu não possuo qualquer dinheiro, pelo menos não que eu possa usar ou conseguir por agora. Ignorando a dor incomoda da fome tento me focar no que realmente importa, sair daquela cidade o mais rápido possível.


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Os próximos dias se passavam como um borrão apesar de algumas vezes o tempo parecer se arrastar por intermináveis minutos. A cada dia o cerco sobre mim se fechava. No inicio somente alguns policiais e pessoas do juizado ficavam a minha procura, eu sabia disso graças aos rumores que se espalhavam cada vez mais pelas redondezas.

Quando meu sumiço passou de uma pequena fuga de jovem rebelde para possível sequestro e tantas outras teorias sobre "o" ou "os" assassinos de minha família terem finalmente me encontrado as coisas começaram a se complicar cada vez mais.

Ficava cada vez mais difícil me infiltrar sorrateiramente na escola e andar pela cidade. Um retrato falado do que acreditavam ser meu rosto circulava por jornais e noticiários da tv, não que tal desenho tenha sido uma retratação exata de mim mas não podia ficar me arriscando a ser reconhecida.

Por dias sondei um dos pequenos e esquecidos cartórios da cidade, procurei o mais distante e remoto que poderia. Não iria me arriscar indo aos mais conhecidos ou ao centro da cidade. Eu precisava ser esperta e algo me dizia que ali eu poderia conseguir o que tanto precisava.

Vigiei e analisei cada empregado daquele lugar, como mamãe dizia "o mundo é regido pela cobiça e dinheiro", então com certeza ali teria algum funcionário corrupto, interessado mais no dinheiro do que no dever moral e ético, só precisava descobrir qual e iniciar minha jogada.

Demorou alguns bons dias mas finalmente descobri quem era a fruta podre daquela cesta, um homem não muito velho, talvez uns 40. O medo me toma ao notar o quão parecido de papai o homem era, não sua fisionomia em si, mas o jeito, as atitudes e principalmente o olhar que parecia carregar todo o mal do mundo e nenhum sentimento.

Fiquei analisando ao longe seus assédios a quase todas as mulheres que ali entravam, como se tornava um cordeirinho para logo em seguida mostrar sua real faceta. Era impressionante como varias e varias mulheres caiam em seus joguinhos, claro que ele só as usava por um dia e quando as mesmas apareciam novamente ele as tratava mal, chegando ate a agressão. Me segurei muitas vezes ao presenciar tal cena, o ódio chegava a queimar minha pele, trazendo lembranças de tudo que eu e mamãe passamos, mas no momento eu não poderia me arriscar, infelizmente aquelas mulheres teriam de aprender a se defender sozinhas assim como eu.

Esperar a hora perfeita para dar o bote não era fácil, a cada dia mais minha agitação e ansiedade aumentavam e o perigo de ser pega chegava cada vez mais perto. O dia parecia nunca chegar até que uma grande tempestade chega a cidade deixando-a praticamente deserta, ninguém se arriscava em ficar saindo com todo aquele temporal, as pessoas praticamente só saiam de casa para o trabalho e vice versa.

 O noticiário a todo o momento comunicava o quão forte os ventos estavam e o quanto era arriscado sairem de suas casas, pois a tempestade só pioraria com o passar das horas.

Vendo que aquela seria minha única chance, sigo até um pequeno bar próximo dali e peço para usar o banheiro. Respirando fundo troco minha roupa, sabia o que precisava ser feito para conseguir o que queria daquele homem mas só de pensar no que faria meu estômago se revirava. Corro para o sanitário o mais rápido possível pondo a única refeição que havia feito para fora.

ConfinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora