Conduta Incitada

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Com a calmaria e o tempo desde o último ataque, foi engano meu pensar que Hogwarts não estava mais preocupada com o Herdeiro. Havia uma verdadeira multidão atulhada no Salão Principal, cujo as mesas haviam desaparecido e sido substituídas por um único grande palco dourado encostado em uma parede, iluminado por milhares de velas flutuantes, refletindo no teto de veludo negro. Tinha a impressão que o primeiro ano em peso estava ali, mas alunos de todas as casas e todos os anos, talvez metade da escola e um pouco mais, todos de varinha na mão e olhos ansiosos.

Eu mesma não havia vindo sozinha: as irmãs Greengrass, Pansy, Malfoy, Blásio, Crabbe, Gregory e até mesmo Emily estavam ali. Apenas Sue Hopkins havia permanecido na Sala Comunal, acompanhada de Theodoro. Eu os olhei antes de sair, sentados lado a lado no sofá escuro, e pensei quanto tempo já havia sido desperdiçado. Mesmo que Sue não mais o hostilizasse, ainda havia tristeza em seus olhos. Os sentimentos de Nott eram puros e eu não duvidava que ela soubesse disso – mas a dúvida de que isso sobreviveria a tantos séculos de preconceito era o que partia seu coração.

— Quem acha que vai ser o professor? — Vincent perguntou para Gregory, mas Parkinson estava perto o bastante para enfiar o nariz pequeno na conversa.

— Como é, Crabbe? — Uma sobrancelha se arqueava acima do olho estreito. — Por qual razão não poderia ser uma professora?

— Não disse que não podia, mas...

— Mas? — Virei o rosto em sua direção. Vincent era mais baixo que Goyle, com menos cabelo também e com mais aparência de primata. — Hogwarts conta com um corpo docente feminino magnifico e também não entendi a razão de sequer pensar na possibilidade de uma delas ministrar o curso. McGonagall, por exemplo, é uma bruxa com "b" maiúsculo.

— Mas ela teria tempo? — Astoria perguntou, olhos ansiosos tentando ver além do mar a nossa volta. — Quero dizer, ela também não é a vice-diretora? Pode ser muito ocupada...

— Pouco me importa — Draco encolheu os ombros. — Contanto que não seja o patético do Lockhart. A gata do zelador é mais capaz do que ele.

— Então comece a procurar Madame Nor-r-ra pelo castelo — Daphne murmurou, os olhos no palco e o canto da boca torcido para baixo. A razão era bem simples: por mais que a visão de Gilderoy fosse apreciada pelos seus olhos, não havia qualquer chance de defender que o homem fosse bom em algo além de sorrir e posar para fotos. E, mesmo assim, lá estava ele andando acima de nós com vestes ameixa-escuras esvoaçantes, tão bem passadas e arrumadas que estariam mais cabíveis a um baile do que um duelo. Mas quem o acompanhava...

— Bem — respirei com um sorriso, meus olhos focados nos tuneis escuros que conhecia bem. — Isso vai ser interessante

Era Capitão Gancho ali, em suas roupas pretas costumeiras e com o rosto endurecido, os lábios torcidos para baixo como se bebesse veneno. Me deliciei com sua impaciência e desprezo latentes, quase pulando no lugar de ansiedade. Lockhart provava, mais uma vez, ser o cumulo do obtuso ao não perceber os sentimentos do meu professor em relação aquele momento, a ele. O ganhador do sorriso mais bonito pelo Seminário das Bruxos devia ser suicida em se colocar na mira da varinha de Severo Snape de bom grado.

— Aproximem-se, aproximem-se! — Gilderoy acenou para todos, silenciando o salão, sua voz alta preenchendo meus ouvidos mais vezes do que era obrigada a suportar em suas aulas. — Todos estão me vendo? Todos estão me ouvindo? Excelente! O Prof. Dumbledore me deu permissão para começar um pequeno clube de duelos, para treiná-los, caso um dia precisem se defender, como eu próprio já precisei fazer em inúmeras ocasiões, quem quiser conhecer os detalhes, leia os livros que publiquei — a piscadinha no final fez risadas femininas subirem pelo silêncio. — Deixem-se apresentar a vocês o meu assistente, o Prof. Snape!

Corona IIWhere stories live. Discover now