Monstro na Toca

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Passei uma bela primeira noite na Toca depois do fabuloso jantar de Molly e subi para o quarto de Ronald. Ele ficava no último andar da casa, perdendo apenas para o sótão logo acima onde ficava um velho vampiro, mas não liguei de subir todos aqueles degraus. Não com tanto na cabeça depois de Potter me mostrou, em um pequeno filme e entre uma garfada e outra, o problemão do elfo doméstico invadindo seu quarto, a carta de aviso do Ministério sobre uso de magia, os Weasley arrancando as grades de sua janela em um resgate no meio da noite, o mais que decepcionante novo professor de Defesa Contra Artes das Trevas – Gilderoy Lockhart, e a pancadaria entre Arthur Weasley e Lucius Malfoy, o pai de Draco.

— Harry, quando eu acho que você é incapaz de me surpreender... — me sentei na cama no quarto pequeno e cheio de pôsteres de quadribol. — Você acha mesmo que o elfo, Dobby, foi mandado por Draco?

— Bom, faria sentido, não é? — Arqueou as sobrancelhas, sem saber direito o que achar. — Rony disse que a família dele com certeza tem um elfo, e Malfoy me odeia o bastante para não querer que eu pise mais em Hogwarts.

— Eles devem ter um exercito de elfos domésticos, Garoto de Ouro, mas essa não é a questão — apoiei os cotovelos no joelho e a cabeça nas mãos. — E sim que, em primeiro lugar, nem mesmo Draco Malfoy seria patético o suficiente para pensar o bastante em você nas férias a ponto de mandar um elfo doméstico para te atazanar. Em segundo, se ele o fizesse, então você tem algum problema: se Draco mandou o elfo para te manter longe de Hogwarts, por qual razão Dobby estaria com tanto medo, se, afinal, estava ali sob ordens? E o jeito que ele falou, ele deu a entender que seria perigoso para você voltar para a escola, parece que quer te proteger. Acha mesmo que Draco Malfoy preza pelo seu bem-estar e integridade física?

— Não — o garoto concordou, amuado. — Mas se não foi ele, quem foi?

— Ainda acho que pode ser ele — Rony me atropelou para falar, bem mais resistente em concordar que nem tudo era culpa de Malfoy. — Dobby pode ter sido mandado para lá, mas para assustar o Harry ou coisa parecida. Então, ao decidir não obedecer e, na verdade, tentar ajudar, ficou pirado.

— Ainda acho que não faz sentido e, de novo, a implicância de vocês estão os cegando. Não precisavam ficar inventando motivos para detestar o Malfoy, ele mesmo já dá o suficiente — rebati, encerrando o assunto. Algumas coisas deviam, mas não mudavam. — Aliás, parece ser de família. Quão bonito foi o soco que seu pai acertou no intocável Lucius Malfoy?

— Maravilhoso — o rosto do Weasley assumiu um ar quase sonhador. — Você tinha que ter visto, Mal. Malfoy pai começou a falar um monte de bosta sobre minha família e sobre o emprego do papai, e então BAM! Papai estava ganhando, o outro lá saiu bem mais machucado, e sei que ele não se arrepende apesar do sermão que mamãe deu nele sobre se comportar mal na nossa frente e na frente dos pais da Mione. 

— Se Draco não sabe brigar, duvidava que seu pai soubesse de alguma coisa, também — cena gloriosa aquela, aliás, mesmo que sendo vista sob os olhos de Harry. O senhor Weasley atingindo o rosto fino do pai de Draco com a mão cheia e fechada, e a longa cabeleira platinada indo para trás. — Eu sempre perco as melhores coisas, não é justo.

— Hermione discordaria de você, ela não está aqui agora — Rony sorriu, o que acentuava suas sardas e o azul nos olhos herdado do pai. — Mas onde você estava que nem viu a confusão?

— No meu quarto no Caldeirão Furado — e queria muito que deixasse o assunto apenas por ali, mas seus olhos permaneceram focados em mim. — Eu fui para lá umas duas semanas depois de chegar de Hogwarts, não suportava mais o mundo dos trouxas e a nova supervisora do orfanato concordou em me deixar passar o verão fora.

Corona IIWhere stories live. Discover now